sábado, 31 de março de 2012

Pesquisa Consult: Tatiana Medeiros mostra potencial

Tatiana Medeiros



Os resultados da pesquisa Consult, divulgados hoje, mostram uma única novidade em relação ao quadro eleitoral no final do ano passado: um expressivo crescimento de Tatiana Medeiros, do PMDB, que alcança os dois dígitos e chega aos 11,69%. 
 
Talvez esse resultado tenha decepcionado quem imaginava que a candidata do prefeito Veneziano Vital estivesse mais próxima dos seus principais adversários, Daniela Ribeiro e Romero Rodrigues, com 27,69% e 24,92%, respectivamente.

Eu penso o contrário. Tatiana Medeiros tem muito a comemorar. Primeiro, porque tanto Daniela Ribeiro quanto Romero Rodrigues mantiveram mais ou menos as mesmas posições que ostentavam antes, ou seja, a diferença entre os dois candidatos que lideram a pesquisa diminuiu em relação aos números obtidos por Tatiana Medeiros no ano passado.

Um segundo dado, esse mais relevante, são os números da pesquisa estimulada. Nesse quesito, que a essa altura da campanha tem mais importância para apontar a consistência do voto e as potencialidades de cada candidato, a diferença entre eles cai mais ainda: Daniella Ribeiro tem 13,38%, Romero Rodrigues tem 12,77% e Tatiana Medeiros, 6,62%. São menos de 5%, o que significa um empate técnico.

Esse aspecto (os números da pesquisa espontânea), por exemplo, foi relevado por muita gente na análise da eleição presidencial de 2010, quando Dilma aparecia bem atrás de José Serra nas pesquisas estimuladas no início do ano. Entretanto, quando os números das pesquisas espontâneas apareciam, a diferença caía drasticamente. No final, Dilma venceu com relativa folga.

Não que isso vá acontecer necessariamente em Campina Grande nessas eleições: Tatiana não é Dilma, nem Veneziano é Lula. O que será relevante no caso da eleição de Campina será a capacidade de transferência tanto da liderança do prefeito Veneziano Vital quanto da boa avaliação de sua administração para Tatiana Medeiros, o que nós só saberemos quando começar a campanha de verdade, especialmente na TV. Até lá, é provável que Tatiana Medeiros, mantendo o ritmo de crescimento que ela tem hoje, esteja empatada com os dois principais candidatos.

Observando o caso de Campina Grande, lembrei-me da eleição de Recife em 2008. João da Costa, do PT, até então um desconhecido secretário do então prefeito João Paulo, quando foi anunciado candidato em meados de 2007 tinha números inferiores aos 4%. Em dezembro de 2007, Mendonça Filho, candidato do DEM, ostentava 22%, enquanto João da Costa chegava a 8%. 

Em julho de 2008, Mendonça Filho continuava a frente, com 30% das intenções de voto, mas João da Costa já aparecia com 22%. Nesse mesmo mês, a administração petista de João Paulo obtinha 58% de ótimo e bom de avaliação. (clique aqui para conferir no Datafolha). João da Costa acabou eleito no primeiro turno, com 51% dos votos.

A lembrança do caso de Recife em 2008 serve como um bom exemplo de que uma administração bem avaliada pode eleger um candidato, mesmo desconhecido do eleitorado. Nesses casos, os candidatos mais conhecidos sempre partem na frente. O difícil é convencer o eleitorado a arriscar seu voto para mudar uma administração que ele aprova. 

Enfim, eu sempre gosto de lembrar uma frase que resume bem a situação de Tatiana Medeiros em Campina: entre a definição da candidatura e a eleição existe uma campanha eleitoral no meio. É nesse período que as eleições se definem. Por ora, o relevante é observar o potencial de cada candidato/a. E o de Tatiana Medeiros é inquestionável.

PS. O WSCOM deveria mudar de nome. Que tal Blog da Lucia Guerra?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Paulo Frateschi fala contra dissidentes na Paraíba mirando 2014: o PSB é aliado

Frateschi: de olho em 2014 ele mira contra os dissidentes; dos dois lados
Duas declarações dadas pelo representante da Direção Nacional do PT, Paulo Frateschi, chamaram a atenção em especial. Frateschi esteve em João Pessoa no último fim de semana para acompanhar a reunião que decidiu pelo lançamento da candidatura própria do PT em João Pessoa.

A primeira delas é de que a Direção Nacional do PT não permitirá dissidência de seus militantes nessas eleições – uma prática tão disseminada entre os dirigentes petistas no estado quanto suas brigas públicas (ainda voltarei a esse assunto mais vezes por aqui).

Em 2010, como se sabe, importantes lideranças do PT pediram publicamente votos para Ricardo Coutinho, do PSB, que se aliara a adversários nacionais do PT e de sua então candidata, Dilma Rousseff, o PSDB, o Dem e o PPS. Outros fingiram-se de mortos.

O apoio desse grupo dissidente liderado pelo deputado federal Luiz Couto, pode ter sido decisivo para evitar o isolamento à direita de RC e viabilizar o diálogo com importantes setores intelectuais e de classe média pessoense que tinham notórias dificuldades de engolir a aliança ricardista de 2010. Coutinho deve muito a Couto.

Enfim, a Direção Nacional do PT passou a falar grosso depois de muitos anos de permissividade política na Paraíba. E espero que essa nova atitude seja válida para os dois lados – imaginem a possibilidade de Luiz Couto lança sua candidatura e ser vitorioso numa prévia? Cartaxo seria novamente dissidente?

A segunda declaração de Frateschi que merece destaque diz respeito às atuais relações do PT com o PSB. Segundo o dirigente nacional petista, o PSB é um aliado e quando não for possível uma aliança no primeiro, ela acontecerá no segundo na hipótese de um dos dois partidos não estarem nessa disputa.

Aliados no plano nacional, o PSB se organiza para enfrentar o PMDB em 2014 no interior da base dilmista. O confronto atual da presidenta com o PMDB por conta de indicações políticas no governo e espaços no Congresso já podem ser considerados um capítulo dessa nova face que o PT deseja dar ao seu governo.

E talvez isso se reflita nas composições para as eleições presidenciais de 2014. A necessidade de acomodar Eduardo Campos para consolidar um acordo com o PSB – que joga com a possibilidade de ter o apoio do PSDB a uma possível candidatura do Governador de Pernambuco a presidência – pode conduzi-lo a assumir a vaga de vice na chapa de Rousseff, o que seria plenamente justificável, tanto do ponto de vista político como eleitoral: Eduardo Campos é de um partido mais à esquerda – o que daria um novo perfil ao futuro governo e ao seu bloco de sustentação – como eleitoral – Campos é dos mais bem avaliados governadores do Nordeste, uma região predominantemente lulista.  No pacote desse acordo, certamente estaria o apoio do PT paraibano ao PSB em 2014.

São possibilidades, é claro. E como tais não podem ser descartadas. Ou seja, é bom que Luciano Cartaxo esteja mesmo no segundo turno na eleição para prefeito de João Pessoa, porque, do contrário, ele terá novamente que por à prova sua fidelidade partidária. E confirmar ou não o seu histórico de dissidente.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sobre dissidências no PT (I)

Cartaxo: de dissidência ele entende

Era primeiro de janeiro de 2005, dia da posse do prefeito de João Pessoa, Ricardo Vieira Coutinho. Coutinho se elegera no primeiro turno numa disputa eleitoral com vários adversários, entre eles, o candidato do PT (Partido dos Trabalhadores), o ex-deputado federal Avenzoar Arruda.

A candidatura de Avenzoar Arruda fora bancada pelo grupo majoritário do PT, que à época incluía Luiz Couto e Rodrigo Soares, em aliança com a esquerda petista. Arruda imolou-se numa candidatura a governador em 2002, quando tinha uma reeleição para a Câmara praticamente certa, para ajudar na eleição de Lula para presidência. Esse acordo assegurava o apoio a Avenzoar para prefeito e foi isso que levou Ricardo Coutinho a sair do PT para que este pudesse se candidatar em 2004. RC era então considerado inimigo senão de todo o PT, mas da maioria.

Essa animosidade levou Avenzoar a cometer a um movimento que fez naufragar em definitivo sua candidatura. Tentando evitar a vitória de RC, segundo noticiou a imprensa à época, Arruda participou sigilosamente de uma reunião com o então governador Cássio Cunha Lima. O provável objetivo era construir uma espécie de “frente única” contra o favoritíssimo candidato do PSB, Ricardo Coutinho.

O resultado disso foi um desastre eleitoral que fez Avenzoar obter apenas 3,29% dos votos. O PT não apenas fora desmoralizado, como viu o ex-filiado e desafeto político de suas principais lideranças ser eleito com uma votação consagradora. Depois do grande resultado de 2002 em João Pessoa, quando o próprio Avenzoar Arruda obtivera quase 30% dos votos para o governo, o PT amargava dois anos depois o fundo do poço político.

Pois bem. Era primeiro de janeiro de 2005 e o prefeito empossado Ricardo Coutinho anunciava a equipe que com ele administraria João Pessoa a partir daquela data. A direção petista, desorientada, não sabia o que fazer, mas certamente não decidira nem pelo apoio nem muito menos pela participação no governo. Os petistas anunciados não eram considerados indicações do PT.

No meio deles figurava o nome de uma petista, mas não de um petista qualquer.  Ele havia sido indicado para um posto, mas não um posto qualquer: o vereador eleito Luciano Cartaxo era anunciado naquela data líder da bancada governista na Câmara de Vereadores.

Todos esses eventos vieram à minha lembrança quando escutei os brados de muitos petistas que cobravam lealdade às deliberações do partido e criticavam possíveis dissidentes imediatamente após a decisão do PT de lançar candidatura própria. Alguns deles, como o deputado Anísio Maia, tem toda a legitimidade moral e política para fazer esse tipo de cobrança.

Mas, não é o caso de Luciano Cartaxo. E o exemplo acima é apenas uma das muitas demonstrações de desprezo pelas instâncias do PT. Em janeiro de 2005, a direção do PT estava longe de chegar a uma maioria favorável ao apoio ao então prefeito Ricardo Coutinho. Mesmo quando meses depois decidiu pela aliança, o fez com apenas um voto de diferença na Executiva Municipal.

Ou seja, Cartaxo, que antes era acusado por importantes lideranças petistas, hoje aliados seus, de nunca ter colocado sua liderança e seus mandatos a serviço da construção e fortalecimento do PT - a mesma crítica que era dirigida a Ricardo Coutinho quando este pertencia ao partido, - preferindo quase sempre voos próprios: Cartaxo foi líder de RC na Câmara à revelia da direção partidária.

Enfim, se tem alguém que entende, especialmente na prática, o que é dissidência, esse alguém é Luciano Cartaxo.

E esse é apenas um capítulo dessa triste história.

terça-feira, 20 de março de 2012

RC na encruzilhada? Decisão do PT isola o governador cada vez mais


Sem o apoio do PT, o que sobra para RC?
Não há dúvida que o maior derrotado com a decisão do PT de lançar candidato foi o governador Ricardo Coutinho e sua candidata Estelizabel Bezerra. O primeiro e mais imediato prejuízo é de tempo de TV.

Sem o PT na coligação, a candidata do PSB perde quase seis minutos de todo o tempo de TV na campanha de 2012, que é o tempo a que o PT pessoense tem direito. Isso por conta exclusivamente da bancada do partido na Câmara Federal (17%) da qual, ironicamente, o único a fazer parte na Paraíba é Luiz Couto.

O PSB sozinho terá um tempo 2 minutos e 20 segundos, sem contar a participação que cada coligação tem nos 16 minutos (dos 50 das duas seções diárias que acontecem três vezes por semana) que são distribuídos de forma equitativa entre elas. Ou seja, Estelizabel perde, e perde muito.

O segundo prejuízo é político. Sem o PT na chapa, e sem contar com o PSDB que já tem candidato, aumenta a dependência do PSB em relação a outros partidos. Todo mundo fala exclusivamente do Dem, mas é bom não esquecer outros partidos do mesmo porte que o partido de Efraim Moraes, que já não é mais a velha Arena de guerra – é nisso que deu ter batido de frente com Lula!

O PP e o PR, por exemplo. O PP hoje é maior que o Dem com um deputado federal a mais (44 a 43), e o PR tem apenas dois a menos (43 a 41). A junção desses dois partidos equivale quase ao tamanho do PT (85 deputados) e é muito maior que o PSDB – outra vítima de Lula, – que tem hoje 54 deputados. Se PP e PR se juntarem ao Dem teremos uma bancada de 128 deputados.

Isso representa pouco mais de 25% da Câmara dos Deputados e um tempo de TV próximo dos 14 minutos. Além disso, tem o PDT e o PTB, que juntos somam 49 deputados e são quase do tamanho do PSDB.

O resultado disso, somado à saída do PT da coligação ricardista, e observando apenas o tempo de TV, o cacife desses partidos aumenta muito. E todo mundo sabe como eles negociam e o tamanho da fatura que apresentam quando o interlocutor precisa mais deles do que o inverso. Esse é um problema, criado pelo próprio RC, de não ter hoje uma candidata consolidada nas pesquisas. Sem uma perspectiva clara de vitória, o que vai valer mesmo será a faca no pescoço. E Efraim Moares, Durval Ferreira, Wellington Roberto, Armando Abílio, Damião Feliciano sabem manuseá-la muito bem nessas circunstâncias.

Mas, como eu disse, o problema é político. E em João Pessoa, e em especial na conjuntura que se forma para a disputa de 2012, um perfil como esse para uma chapa à prefeitura não é nada bom. Sem o PT, além de perder o discurso nacional, Estelizabel perde a possibilidade de ter Lula em seu programa de TV e, remotamente – porque o ex-presidente vai cuidar pessoalmente da eleição em São Paulo – em seu palanque.

Perde o apelo da confrontação política e ideológica contra o PSDB e o principal candidato da oposição, Cícero Lucena. E ganha um adversário petista que pode lhe roubar esse discurso, fazendo oposição. A questão é saber se vale a pena para RC aumentar um desgaste que é crescente, agregando em seu histórico uma aliança conservadora como essa? O que era novidade em 2010 já não é mais em 2012. RC acumulou alguns cabelos brancos.

Isso tende a empurrar o PSB mais à direita em sua política de alianças na Paraíba. Nessa situação, quem seria o vice? Efraim Filho? Durval Ferreira? Ricardo Coutinho precisa se perguntar urgentemente se não é hora de evitar esse tipo de isolamento e começar a pensar em 2014.

Consolidada a posição do PT na oposição, vai ficando cada vez mais difícil ter esse partido no palanque na eleição para governador. E uma derrota de RC em João Pessoa empurrará Cássio Cunha Lima para fora do governo, especialmente se Cícero Lucena vencer a eleição – nesse caso, alguém duvida que Lucena será candidato a governador caso vença em João Pessoa?

Talvez RC perceba – não sei se a tempo de evitar o desastre que se anuncia – que o controle das duas máquinas pode não ser suficiente para levar sua candidata à vitória (a eleição de 2010 é a prova mais contundente disso) e que não basta a vontade e a crença na vitória. Talvez o mais correto seria reavaliar o posicionamento de suas forças, a fragilidade dos seus exércitos, e mirar na divisão do adversário, transformando a mais recente derrota numa vitória.

De que modo? Continuando apostando numa aliança com o PT.



Já que o tema dissidência foi muito enfatizado no discurso de Luciano Cartaxo no decorrer do dia de ontem, amanhã eu volto para falar do histórico de dissidência do PT. Principalmente a partir de 2004.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Razões para a vitória da candidatura própria e o próximo desafio do PT

Cartaxo: ser ou não ser antiricardista?
Não foi exatamente uma surpresa a vitória da tese da candidatura própria no PT na eleição de ontem. Quem conversava com os filiados individualmente – não aqueles diretamente ligados aos grupos envolvidos nesse embate – percebia uma nítida disposição de lançar novamente o PT com cara própria nos embates eleitorais.

A dúvida que persistia era qual a influência que as máquinas estadual e municipal iriam exercer na mobilização dos filiados petistas. Mas, num partido como o PT, isso só não basta. Era preciso discurso para justificar a tese da aliança com o PSB, uma aliança em o partido sempre foi força periférica tanto no município quanto no estado.

E nesse ponto, RC não ajudou em nada aos aliados petistas. Ele foi incapaz mesmo de acenar com a vaga de vice-prefeito para o partido, o que era uma maneira de dizer: o tratamento que será dado ao PT será condizente com o tamanho e a importância do partido.

E esse ponto, aliado ao desgaste de RC num partido fortemente influenciado pelo funcionalismo público, foram uma combinação perfeita para que a vitória da candidatura própria, até meados do ano passado considerada improvável, se realizasse de uma maneira inquestionável (55% a 45% dos votos válidos).

E o que afirmamos logo acima pode ser observado nos resultados de bairros de classe média em que a tradição da militância petista sempre foi mais forte, como foi o caso dos Bancários onde a candidatura própria obteve um expressivo resultado. O grupo de Luiz Couto foi empurrado para os bairros mais periféricos, mas mesmo em Mandacaru, reduto dos “coutistas”, a tese da candidatura própria foi bem votada.

E sem considerar o alto índice de abstenção, provavelmente influenciada de desmotivação causada por uma luta interna sem fim do PT paraibano. Esse eleitor provavelmente tenderia a votar pela candidatura própria.

Enfim, o PT se credencia para uma disputa que se mostra cada vez mais aberta e que terá um caráter cada vez mais plebiscitário. O PT que venceu tira parte considerável de sua força no antiricardismo de seus dirigentes e de sua base. Muitos dos que saíram de suas casas no domingo para votar fizeram isso para evitar que prosperasse a aliança com o PSB. E se Luciano Cartaxo subestimar esse “espírito” mostrando uma postura dúbia pode ter sua candidatura engolida pela disposição cada vez mais beligerante de parte do eleitorado pessoense.

Outro desafio do PT para manter suas chances de vitória reside na capacidade de união de suas lideranças, o que determinados acontecimentos verificados ontem mostram que isso é uma quimera cada vez mais distante.

Sem essa unidade, ou pelo menos sem o fogo amigo, a candidatura de Luciano Cartaxo tem suas chances de vitória fortemente reduzidas. E isso é uma tarefa que só a direção nacional do partido, quem sabe até mesmo com a intervenção direta do próprio Lula, pode ser superado. Enfim, o PT depende apenas de suas próprias forças para tornar sua candidatura competitiva.

Na próxima postagem, continuarei explorando o veio aberto com a decisão do PT de lançar candidatura própria. Quem ganha e quem perde com a decisão e, principalmente, a dúvida que ainda mantenho: até que ponto Luiz Couto, o único candidato que pode enfrentar Luciano Cartaxo com chances de vitória numa prévia, está disposto a evitar que a derrota de ontem não seja definitiva.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Especulação sobre aproximação Maranhão-RC beneficia Cícero (e também RC)

Candidatura de Maranhão só se viabiliza se a imagem acima for verdadeira

Parte da estratégia ricardista hoje reside em trabalhar com a dúvida e a incerteza, tanto no seu campo quanto no dos adversários.

Por isso, um mistério que ainda persiste nessa estratégia está relacionado ao verdadeiro papel que desempenha o super-secretário Nonato Bandeira na pré-campanha eleitoral, que mantém ao mesmo tempo a candidatura a prefeito de João Pessoa e o cargo no governo estadual. 

Como eu não acredito nessa permissividade política de RC, e na disposição de grande parte da imprensa em peitar a orientação do governador em apoiar Estelizabel Bezerra, continuo a achar que a pré-candidatura de Nonato Bandeira tem um caráter de pura manobra diversionista. 

Ou seja, a manobra objetiva gerar dúvidas sobre qual candidato/a tem mesmo o apoio de RC e desconcentrar as baterias da oposição e da imprensa oposicionista sobre Estelizabel Bezerra, deixando-a livre e solta. 

Bezerra, como quem não quer nada, continua com a campanha a todo vapor pelos bairros da capital e sem que ninguém sequer cite o seu nome na imprensa. Quando chegar a hora, esse trabalho aparecerá nas pesquisas, que ao mesmo tempo cuidarão de mostrar as óbvias fragilidades da candidatura de Bandeira. Com o perdão do trocadilho, está será arreada. 

“Unficado” o ricardismo, o passo dois da estratégia será colocar as máquinas da prefeitura e do governo estadual na rua. Com isso, talvez a oposição desça do salto alto e abandone também a ideia de que terá dois dos seus candidatos no segundo turno. Continuo a acreditar que apenas um dos candidatos – hoje, Lucena ou Maranhão – vão para o segundo turno com a candidata de RC.

Outro aspecto da estratégia ricardista passa por uma polarização com o Senador Cícero Lucena. E vice-versa. Nisso, Lucena e Coutinho estão juntos.

E essa percepção foi novamente confirmada depois que o repórter Clilson Jr., revelou em sua coluna no Click PB (clique aqui para ler) – um site reconhecidamente cicerista – informações obtidas de uma “fonte” – estratégia usual do jornalismo contemporâneo para fazer afirmações sem apresentar provas – de que há um acordo em andamento entre José Maranhão e Ricardo Coutinho. 

Uma frase atribuída a RC concluiu o artigo de Clilson Jr., que tem como título Maranhão e Ricardo: juntos e misturados: “Maranhão, aquilo que nos une é mais forte do que aquilo que nos separa”. Bonito, não?

Tão bonito que a imprensa repercutiu o caso, sem, entretanto, procurar um dos interlocutores principais, José Maranhão. 

Explorando em seguida esse flanco aberto, ninguém mais que o irmão do governador, Coriolano Coutinho, declarou ontem no PB Agora: “A política tem que ser feita na perspectiva de se criar um arco de aliança que efetivamente consiga levar o processo político à vitória”. 

O Prefeito Luciano Agra seguiu no mesmo tom quando foi perguntado por repórteres se Maranhão seria “bem vindo de volta”. Enigmático, Agra deixou mais dúvidas do que certezas no ar: “Todos são bem vindos”.

A grande pergunta a ser feita diante dessa especulação é: qual o interesse de José Maranhão numa aproximação com RC? Eu não consigo enxergar nenhum, já que a força atual do ex-governador reside exatamente na arregimentação do eleitor anti-ricardista. 

Qualquer dúvida que paire sobre isso beneficiaria a estratégia comum de Cícero e RC, que está centrada numa polarização mútua. Nesse caso, um cicerista levanta a bola para os ricardista chutarem. E que Maranhão se vire para agarrá-la. 

Especular sobre esse possível acordo deixa o eleitor maranhista – que é, em sua grande maioria, antiricardista – com uma pulga atrás da orelha. Incrustada a dúvida no eleitor sobre um candidato, o passo seguinte é a mudança no voto. Cícero seria o principal beneficiário.

Se José Maranhão preza por sua candidatura deve deixar sua posição muito clara e se posicionar sobre essa especulação. Do contrário, estará apenas corroborando a estratégia dos adversários. 

E Cícero por mais que tenha objetivos circunstanciais em comum com Maranhão, por enquanto é um deles.

terça-feira, 6 de março de 2012

O PT briga. E faz mais o quê?

É só isso que o PT tem a mostrar para João Pessoa? 

Há exatos dois meses, em postagem de reinauguração deste blog, registrei o seguinte sobre a situação do PT pessoense:

“No atual estágio desse embate interno, que tende a se tornar cada vez mais público na medida em que a data fatal para uma definição se aproxima, é difícil imaginar que diante de um fogo cruzado cada vez mais duro, o hoje pré-candidato petista, Luciano Cartaxo, tenha alguma perspectiva de vitória.”

Pois bem. Ontem à tarde (5/3), quando Júlio Rafael foi chamado às pressas pelo presidente do PT de João Pessoa, Antônio Barbosa, para comparecer à sede do partido, o que estava sendo armado não era um ato de força para proteger a posição de Barbosa, cercado por diversos dirigentes petistas defensores da candidatura própria, entre eles, dois deputados estaduais, mas um circo cujo objetivo era mais do que explícito: criar confusão, polícia e imprensa.Ou seja, depois do simbólico apoio da direção nacional, o que se discute é a presença do PT nas páginas policiais.

A cena que gerou todo o conflito, mostrada no Conexão Master de ontem, foi muito clara em demonstrar as intenções de Júlio Rafael: foi o Superintendente do Sebrae quem partiu para a briga, mesmo cercado por seis ou sete oponentes. Rafael não leva um peteleco sequer, a não ser alguns empurrões que também deu, mas foi ele quem fez questão de chamar a polícia, que atendeu o chamado prontamente, e a imprensa, que deu todo o destaque possível à confusão.

Julio Rafael chama a polícia: a quem interessar possa...
Resultado? O PT como partido é apresentado para a sociedade paraibana como um “clube da luta” onde divergências políticas são resolvidas aos gritos e sopapos. Quem perdeu com isso, além do próprio PT? O deputado estadual Luciano Cartaxo, que pena hoje para ter a oportunidade de disputar a prefeitura da capital paraibana e tem como principais oponentes seus próprios companheiros de partido.

E como o PT é bem maior que Cartaxo, quando o partido é atingido, sua candidatura também sofre ao ser empurrada para o lodo escorregadio da briga interna, quando o que menos se destaca são projetos de poder e de governo que o PT de João Pessoa claramente não tem.

E esse é outro limite do PT paraibano, especialmente do grupo que apoia Luciano Cartaxo, já que o grupo oponente assina embaixo da atual gestão ricardista. Enredado exclusivamente na disputa interna, o candidato petista não explicita o tal modo petista de governar e, especialmente, no que ele difere do modo ricardista.

Até agora, por exemplo, não tive a oportunidade de escutar do deputado um proposta sequer sobre temas de grande relevância para o futuro da cidade, a não ser afirmar que João Pessoa deve ser preparada para (quando tiver) 1 milhão de habitantes. Isso é tão genérico quanto afirmar que João Pessoa precisa de um novo modelo de organizar o trânsito. A questão é como fazer isso.

Qual o projeto de administração e planejamento da ocupação do espaço urbano pessoense que defende Cartaxo? Qual o projeto para a reorganização do trânsito da cidade? O dono do Maraíra Shopping continuará sendo do dono da cidade? Como os conflitos urbanos que envolvem a Prefeitura serão resolvidos e administrados? Como a educação municipal será tratada? E a saúde?

Essas são as resposta que o eleitor em geral quer ouvir de um candidato de oposição. E falar para esse eleitor, convencendo-o de que o PT é a melhor alternativa, é a única maneira de Cartaxo viabilizar sua candidatura dentro do seu partido. 

Enquanto a disputa interna for o foco principal de Luciano Cartaxo e seu grupo, o único vitorioso será Júlio Rafael. Mesmo que os filiados aprovem a candidatura própria no dia 18 de março.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O potencial da candidatura de Marlene Alves

Marlene Alves tem potencial, mas falta-lhe estrutura
Em eleições sucessivas, o comportamento do eleitorado de Campina Grande tem se mostrado um enigma político que parece difícil de ser desvendado.  O mesmo eleitorado que confirmou a liderança de Cássio Cunha Lima na cidade em três expressivas e decisivas vitórias em eleições para o Governo do Estado (2002, 2006 e 2010), foi o mesmo que, em seguida a cada uma dessas disputas, pôs em xeque a liderança do atual Senador. Quando o que estava em jogo era a Prefeitura de Campina Grande, os campinenses derrotaram-no nas duas últimas disputas, elegendo prefeito Veneziano Vital do Rego.

Em 2004, uma conjunção de fatores contribuíram para a primeira e decisiva derrota cassista na cidade: o desgaste dos dois primeiros anos do governo Cássio, o cansaço do eleitorado com a longa hegemonia política dos Cunha Lima na cidade e um candidato com clara limitações no discurso e no estilo de fazer política, Rômulo Gouveia.

A maioria do eleitorado campinense, de uma maneira que seria difícil prever antes da campanha começar, resolveu apostar em Veneziano, dando-lhe uma inesperada vitória. Desde então, numa sociedade em mudança, a política paraibana se tornou cada vez mais imprevisível e o inesperado deixou de ser desconsiderado.   

Em 2012, esse fenômeno pode voltar a se repetir. Dos dois lados. Acreditando na liderança do seu grupo, e novamente depois de uma nova vitória do seu candidato para o governo estadual, Cássio Cunha Lima repete a mesma estratégia, só mudando o candidato.  Será novamente derrotado? É difícil antecipar, mas existe uma grande probabilidade disso acontecer pelas razões que eu expus na postagem anterior.

É uma aposta de alto risco. A questão é saber se Cássio pode se arriscar tanto apostando em Romero Rodrigues, um candidato com nítidas limitações eleitorais. Uma nova derrota em Campina o deixaria mais prisioneiro ainda da aliança com o governador Ricardo Coutinho. E a dúvida sobre se seu esquema na cidade aguentaria mais quatro anos fora da prefeitura estaria mais do que nunca na ordem do dia. Mas, se Romero Rodrigues não é o melhor candidato para enfrentar essa disputa, quem seria? Quem reúne as condições que faltam a Rodrigues? A resposta pode estar sentada agora no principal gabinete da UEPB: a reitora Marlene Alves.

Por quê Marlene Alves é a melhor candidata de oposição para vencer em Campina

Personalidade decisiva na eleição de 2002, quando ajudou a criar e potencializar o anti-maranhismo em Campina, depois de ter feito uma greve de fome para abrir negociações com o então governador, Marlene reapareceu no guia eleitoral no segundo turno quando Cássio amargava imensas dificuldades e isolado em meio ao eleitorado de esquerda em toda a Paraíba e foi decisiva para unir Campina em torno de Cássio.

Essa dívida Cássio pagou com sobras apoiando a candidatura de Alves para a reitora e, em seguida, aprovando um projeto que deu autonomia financeira à UEPB. Foi a partir daí que Marlene Alves passou a caminhar com as próprias pernas. Em sua gestão, a UEPB se transformou: expandiu-se por todo o estado, atraiu professores mais qualificados para a instituição por conta dos salários, que se tornaram compatíveis com os salários pagos nas universidade federais, apostou na qualificação do corpo docente da instituição, investiu na Pós-Graduação e dotou a universidade de infraestrutura física.

Ou seja, Marlene Alves agregou à sua capacidade de liderança uma inquestionável competência administrativa. E numa universidade cuja identidade com Campina Grande é indissociável, Marlene é hoje uma personalidade de grande relevância política e, portanto, com grande potencial eleitoral. E com um predicado que nenhum dos candidatos campinenses ostenta hoje. Além de ter enfrentado de peito aberto o Ex-governador José Maranhão, Marlene confronta hoje o atual governador Ricardo Coutinho, mesmo tendo sido sua eleitora em 2010.

Este último cometeu um erro talvez mais grave que o cometido por José Maranhão em 2002. RC afrontou a UEPB atacando aquilo que é a razão de sua expansão e melhoramento: a autonomia financeira, que é a condição fundamental para a autonomia política e administrativa da universidade. Se durante a greve de 2002 estava em jogo questões salariais dos professores, agora o ataque é direto à toda instituição, ataque prontamente respondido pela própria Marlene, que enfrentou o governo em todos os campos do debate político. Mesmo sendo aliada, a reitora da UEPB mostrou independência política.

Enfim, a candidata Marlene Alves além de ser fortemente identificada com Campina Grande, ser professora e mulher, é capaz de agregar o eleitorado cassista, o eleitorado independente da cidade e o crescente eleitorado anti-ricardista.

Falta-lhe uma maior estrutura política e tempo de televisão, já que ela pertence a um pequeno  partido , o PCdoB. É nesse ponto que entra Cássio Cunha Lima. Mas, ele será capaz de um movimento nessa direção?