quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Uma homenagem a Jayme de Almeida e a todos os técnicos negros (e interinos) do país

Jayme de Almeida, o técnico que revolucionou o futebol do mengão e fez dele um campeão
A vitória de ontem do Flamengo tem vários responsáveis, mas o principal deles ficou sentado no banco de reservas: o técnico Jayme de Almeida.

A conquista da Copa do Brasil mostrou que o Flamengo não precisa de "medalhões", que passaram aos montes pela Gávea, para dirigir os destinos de um time que é o coração e o grito de metade de uma nação inteira.

O Flamengo precisa de técnicos que, além de competência, saibam transformar paixão em futebol, raça em vitória.

Vejam quem foram os técnicos responsáveis pelas maiores conquistas do Flamengo nos últimos 25 anos: Carlinhos, campeão brasileiro de 1987 e 1992, Andrade, campeão brasileiro de 2009, e Jayme de Almeida, campeão da Copa do Brasil de 2013.

O que eles tem em comum? Todos vestiram o manto sagrado como jogadores, depois trabalharam nas divisões de base e assumiram interinamente os destinos do time para depois serem campeões.

Desprezados pelos dirigentes, foram eles que souberam transformar o Flamengo em campo e fazê-lo campeão.

Carlinhos e Andrade: de interinos à campeões
Tem também um toque de racismo nesse desprezo. Vejam o caso de Andrade.

Andrade atuou como interino por 9 (nove) vezes, e nessa condição assumiu o Flamengo no  Brasileirão de 2009 para, depois de 17 anos sem um título brasileiro, se tornar o primeiro técnico negro a ser campeão  brasileiro.

Isso mesmo. Num país onde a maioria dos jogadores é negra, não é surpreendente que tão poucos negros consigam seguir carreira como treinador? Não quando se trata do Brasil.

E os poucos negros que resistem, assumem sempre na condição de interino, de reservas que sentam no banco para enquanto esperam os treinadores brancos não chegarão.

Vejam o grande técnico Cristóvão Borges, hoje no Bahia. Cristóvão levou o Vasco ao vice-campeonato brasileiro em 2011, e à Libertadores, no ano seguinte, e não foi campeão por conta daquele gol incrível que Diego Souza perdeu contra o Corinthians!

Qual foi o grande clube que apostou em Borges depois de sua demissão no Vasco?

Quanto a Jayme de Almeida, vamos ver o que acontece com ele. De interino à técnico campeão, forma com Cristóvão Borges os técnicos negros no Brasileirão.

Ex-jogador do mengão, técnico das divisões de base como Andrade e Carlinhos, Jayme promoveu uma revolução no futebol do Flamengo esse ano, e ofereceu uma aula ao "medalhão" Mano Menezes, ex-técnico da Seleção Brasileira.

Foi bonito ver como o Flamengo foi capaz de atropelar, um a um, seus adversários na Copa do Brasil - todos eles figuram hoje entre os cinco melhores times do Brasileirão (Botafogo, Goiás e Atlético Paranaense.

Jayme deu consistência à defesa do Flamengo e, principalmente, não fez do time de maior torcida do país um time covarde.

Quem assistiu aos últimos jogos do mengão viu isso, um time que não entrou em momento algum para empatar ou preservar resultados.

O Atlético simplesmente não jogou nos dois jogos da final, principalmente no de ontem - qual foi mesmo a oportunidade de gol que o provável vice-campeão brasileiro criou, principalmente no último jogo?

Enquanto isso, o Flamengo quase promove um massacre, uma goleada, seja em contra-ataques mortais, quando vários jogadores apareciam em condições de marcar, seja em jogadas criadas com rapidez e competência.

Jayme Almeida fez de um time considerado medíocre um time difícil de ser batido. Fez de Hernane "brocador" um artilheiro de brilho, de Amaral um dos grandes volantes em atuação hoje no Brasil, fez renascer e potencializar o futebol de Luiz Antônio, fez de Paulinho uma arma mortal, fez o time jogar ofensivamente pelas laterais e uma zaga protetora e eficiente.

Mas, Jayme de Almeida fez o mais importante: tornou o Brasil um país mais feliz.


Obrigado, Jayme de Almeida!


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Cenários de 2014: "Blocão" precisa de candidato para se viabilizar

Há muito se escuta falar na Paraíba numa alternativa à tradicional polarização eleitoral entre grupos políticos que, a rigor, é tão velha quanto a própria República – alguns dirão que isso remonta ao Império – no estado, mas pouco se efetivou em termo práticos, a não ser pelas iniciativas fracassadas do PT que, do início da década de 1980 até o início do ano 2000, lançou candidatos que não se viabilizaram eleitoralmente.

Na eleição de 1990, o então governador Tarcísio Burity rompeu com o PMDB e lançou um candidato, João Agripino Maia Filho, que sucumbiu diante da polarização real que dominou as disputas daquele ano entre Ronaldo Cunha Lima e Wilson Braga.

Desde então, nenhuma candidatura fora dos blocos que tradicionalmente aglutinaram os principais grupos políticos do estado se viabilizou.

Em 2010, quando se imaginava que, finalmente, havia amadurecido a oportunidade da construção de um bloco alternativo de forças políticas e sociais no estado, articulado durante as administrações de Ricardo Coutinho na Prefeitura de João Pessoa, eis que o ex-petista abandona a ideia de uma terceira via e resolve manter a velha polarização aliando-se ao cassismo para disputar as eleições e tornar-se Governador da Paraíba. 

Espaços vazios

A vitória em 2010, entretanto, custou a RC a perda da liderança desse bloco de forças alternativas.

E, como em política não há espaço vazio, não custou muito que para ele fosse ocupado pelo PT, em aliança com o PP e PSC, que disputou e venceu com Luciano Cartaxo as eleições para a Prefeitura de João Pessoa.

Ao lado do ex-prefeito Luciano Agra, Luciano Cartaxo encarnou com competência não apenas o sentimento antiricardista, mas soube falar a esse eleitorado desejoso da prometida mudança política que, um dia, ele enxergou em RC.

Foi assim que Cartaxo se viabilizou com alternativa às forças tradicionais, inclusive o PSB do governador, e se elegeu Prefeito da maior cidade do estado. 

Fato que demonstrou que existe um imenso espaço a ser ocupado de um eleitorado que continua órfão de lideranças que saibam cativá-lo.

Por isso, engana-se quem acha que foi apenas o apoio de Cássio Cunha Lima quem “deu” a vitória a Ricardo Coutinho em 2010.

Essa vitória foi resultado de uma combinação de fatores, mas talvez o mais relevante deles tenha sido o desgaste da liderança de José Maranhão, num fenômeno que também se verificou em outros estados no Nordeste, e voltou a se repetir em 2012 na capital.

Quem tiver o cuidado de olhar não apenas para a imagem, mas para a origem social da maioria dos governadores nordestinos, hoje, terá uma ideia aproximada de um fenômeno eleitoral cujas bases se assentam nas mudanças sociais que o Nordeste, em especial, viveu nas últimas décadas, fenômeno que foi acelerado depois da ascensão do “lulismo”.

Os resultados de 2010 e 2012 podem ser lidos de várias maneiras, mas eu prefiro achar que se tratou de uma reação do eleitorado paraibano, especialmente em João Pessoa, mas não só nela, a essa enfadonha disputa, que se repetia a cada eleição, entre grupos políticos que teimaram em não se renovar.

Falta ainda ao “blocão” um candidato


Por isso, se o PT e os partidos aliados conseguiram com êxito ocupar esse espaço vazio deixado em João Pessoa pelo esvaziamento da liderança de RC, ainda não é possível vislumbrar um movimento semelhante para as eleições do próximo ano.

Mesmo mantendo a unidade, os partidos que se aglutinam no chamado “blocão” (PT, PP e PSC) carecem ainda do cimento que dá liga a qualquer projeto eleitoral, que é ter um candidato.

Sem contar com a possibilidade da candidatura de sua maior estrela, o prefeito Luciano Cartaxo, que apenas inicia sua gestão à frente da PMJP, o “blocão” patina sem oferecer um nome sequer para a montagem da chapa majoritária, e vê a velha polarização se consolidar a cada dia.

O que não aconteceu, diga-se de passagem, única e exclusivamente por conta da dúvida a respeito da candidatura de Cássio Cunha Lima.

Os outros possíveis nomes do bloco (o Ministro Aguinaldo Ribeiro e o Deputado Federal Leonardo Gadelha) parecem já ter feito a opção por suas reeleições, restando o nome da Deputada Estadual Daniela Ribeiro, que não se mostrou ainda capaz de despertar interesse no eleitorado.

Ou seja, ou o “blocão” oferece um nome com peso eleitoral suficiente para disputar o governo ou não será levado a sério em 2014, justificando o lançamento de uma candidatura apenas para facilitar que a eleição vá para o segundo turno, o que, convenhamos, é muito pouco para um bloco de partidos que conta hoje com um Ministro e o Prefeito da maior cidade da Paraíba.

A sombra do PMDB


A indefinição é tanta que até mesmo o PT, o maior entusiasta dessa articulação, parece já observar com desconfiança sua viabilidade.

Tendo como prioridades a reeleição de Dilma Rousseff e a de um dos seus quadros para a vaga do Senado, passou o tempo em que o PT entrava nessas disputas apenas para marcar posição.

Especialmente depois da conquista da PMJP, que projetou o partido para voos mais altos no estado. Por isso, tende a desestimular disputas de ordem paroquial, como a que opõe hoje Aguinaldo Ribeiro e Veneziano Vital.

Exatamente porque, sendo o PMDB um aliado nacional e único partido que até agora declarou apoio à reeleição de Rousseff, ou o “blocão” se viabiliza eleitoralmente ou não haverá justificativa para evitar o apoio a Veneziano Vital no primeiro turno.

Enfim, o “blocão” precisa de uma definição urgente, oferecendo a candidatura de Aguinaldo Ribeiro ou a de Leonardo Gadelha.


Sem isso, o “blocão” tende a não se viabilizar como alternativa real em 2014. Esperar por 2018 talvez acabe sendo mesmo a melhor opção.

Em seguida, trataremos da candidatura de Veneziano Vital.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Cenários de 2014: a candidatura de Cassio

Cássio acena para a oposição. Ou será para o governo?
A opinião “geral” da política paraibana atualmente é considerar a aliança entre Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima como um fato consumado, desde que o senador tucano ofereceu sua presença “simbólica” na festa de aniversário do Governador.

Alguns – os de sempre – suspiraram aliviados e soltaram foguetões, temendo um racha que os obrigaria a optar antes do tempo por um dos lados; outros começaram a perder a ilusão, que cultivam há quase três anos, de ver o racha Cássio-RC finalmente anunciado.

A verdade é que tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Cássio Cunha Lima continua senhor do seu próprio tempo e todos os interessados em ver finalmente um desfecho para essa novela, movida a boatos e interpretações diversas sobre qualquer detalhe no comportamento do tucano em relação ao governador, vão ter de esperar mais um pouco.

Quem tem o poder de decidir o destino de uma eleição – e de um governador – não pode ter pressa.

Com essa postagem, inauguramos uma série de artigos com os quais pretendemos analisar os cenários possíveis para as próximas eleições na Paraíba. Comecemos com a candidatura de Cássio Cunha Lima

Um candidato nas mãos da Justiça

Em recente participação no programa comandado pelo jornalista Luiz Torres, o Conexão Direta, da TV Arapuã, fui impelido a responder com um sim ou não se acreditava que Cássio seria candidato. Fui obrigado a responder “depende”, para em seguida completar:  “se ela (a candidatura cassista) for viável juridicamente, Cássio será candidato”.

Como eu expliquei ao empresário João Gregório assim que o programa terminou, que riu de minha posição murista, não se tratava de me colocar entre uma as duas torcidas paraibanas – porque não seria nada mais do que isso, – mas de saber se o senador pode ou não ser candidato.

Porque, se puder, amigo – como diria o governador, – nada impedirá de Cássio entrar nessa disputa, e ele não seria inteligente se não o fizesse.

O governismo-oposicionista de Cássio

Cássio-RC: eles brigam,mas...

Por vários motivos. Um deles, é que Cássio pode arriscar porque é Senador e não perderia o mandato em caso de derrota. 

Um outro, é que ele atenderia à necessidade da direção nacional do PSDB de lançar candidatos a governador fortes nos estados para fortalecer o palanque do presidenciável do partido, Aécio Neves, de quem Cunha Lima é amigo do peito.

Poderosos argumentos  políticos não faltam para justificar a candidatura cassista. Talvez o principal deles seja essa posição de “queridinho” da Paraíba que o ex-governador tem hoje, namorado até pela oposição, que quase o paparica na esperança de um rompimento que se anuncia desde a posse do atual governador.

Desde o início, Cássio demostrou saber como ninguém manusear a dubiedade de suas palavras e de suas ações quando o assunto era RC. Ele nunca foi por inteiro nem governo nem oposição, mas foi tratado como tal por ambos os lados.

E, paradoxalmente, Cássio acabou se tornando uma espécie de tábua de salvação tanto para o eleitor anti-ricardista quanto para os governistas, dentro e fora do governo. Com Cássio, RC aumenta muito suas expectativas de vitória, o que é fator decisivo para a conquista de apoios.

Sem Cássio, RC corre o risco de ser abandonado e minguar no isolamento político diante da possibilidade da derrota iminente, o que é reforçado a cada dia por conta da capacidade desagregadora que demonstrou o governador ao longo dos três últimos anos, que imaginava que a receita com a qual ele governou João Pessoa era a mesma com que ele governa a Paraíba hoje. Eu tenho dúvidas se ele já descobriu que o buraco é mais embaixo.

Sem o apoio de Cássio, seria imprevisível o destino de RC no governo e provavelmente a ajuda de Cássio foi decisiva em vários momentos, não apenas na Assembleia – a mudança repentina dos votos de conselheiros familiares nomeados por Cássio, durante o julgamento das contas de RC no TCE, por exemplo, deve ser um dos capítulos mais eletrizantes dessa história, que certamente nada tem de republicana.

Mesmo assim, e apesar dos nomes que nomeou nos primeiro, segundo e terceiro escalões, Cássio, como bom tucano que é, nunca foi um defensor enfático das ações do atual governador, nem tampouco as criticou publicamente. Fez oposição através de interlocutores, mandando recados que a imprensa julgou sempre autorizados a falar em seu nome.  

Quando lhe interessava, e o momento provavelmente exigia, Cunha Lima fez criticas veladas através do Twitter ou em entrevistas, que sempre causaram rebuliços na seara governista, mas nunca tiveram desdobramentos políticos mais concretos, a não ser os que não podem ser revelados. E, nesse caso, nada mais concreto que a manutenção dos cargos no governo por parte dos aliados cassistas para demonstrar de que lado Cássio permanecia.

Enfim, o que se pode dizer com um certo grau de certeza, é que a relação Cássio-RC foi e continua sendo uma relação tensa, entre duas figuras de estilos – para o bem e para o mau – muito diferentes, mas que continuam a guardar em comum pelo menos duas coisas: os adversários e o compartilhamento do poder.

A aventura cassista?

E é com essa tensão, devidamente alimentada por todos esses anos, que Cássio pretende tanto legitimar uma possível candidatura, quanto valorizar-se pesadamente, numa conta que se revelará altíssima, se e quando o senador decidir pela manutenção da aliança.

Na primeira hipótese, a indefinição jurídica pode se transformar numa aventura a decisão de ser candidato, o que pode deixar seu destino nas mãos da justiça eleitoral, agonia que o senador viveu em 2010.

Ali, ele jogou todas as fichas e foi salvo quando Dilma Rousseff nomeou  Luiz Fux para o STF. Uma derrota jurídica em 2014 pode ter um custo político muito alto, já que Cássio é o único nome competitivo que tem o PSDB na Paraíba. Excluído da disputa depois de lançada a candidatura (de oposição), qual o alcance do prejuízo pessoal, familiar e de grupo?

Por isso, como Cássio nunca se prestou a aventuras, mais do que uma certeza política (coisa que acho que ele já tem), ele precisa de um certeza jurídica, o que ele só terá depois que iniciar o julgamento do registro de sua candidatura, isso depois das convenções partidárias, em meados do próximo ano.

E se ela acontecer, terá o condão de mudar os rumos da sucessão estadual, quando Cássio deve assumir a condição de favorito, não de imbatível, como ficou demonstrado em 2002 e 2006, quando o atual Senador em pessoa quase perde para Roberto Paulino e José Maranhão. 

Além disso, Cássio candidato terá o inconveniente de responder durante a campanha porque apoiou o atual governador e seu governo por três anos e só no final decidiu romper para se lançar candidato de oposição. Uma aposta na frivolidade do eleitor, sem dúvida.

Mas, antes o ex-governador deve resolver o que quer da vida. E todos continuarão a especular sobre uma decisão que se dará considerando apenas um critério: a conveniência de Cássio Cunha Lima.

Por isso, se alguém ainda espera uma resposta para a pergunta sobre se ele é ou não candidato, eu continuo respondendo: depende.


Depois eu volto para tratar do “Blocão”.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Prisão de Dirceu e Genoíno: esse jogo ainda não terminou

Dirceu e Genoíno na hora da prisão: quem desejava vê-los tentando esconder seus rostos,
a imagem que fica é de dignidade. O tempo, mais uma vez, será o senhor da razão para todos nós

Passados alguns dias da decretação das prisões de José Dirceu e José Genoíno e amenizadas as inquietações com o futuro de nossa justiça e de nossa democracia, já me é possível registrar as primeiras impressões pós-julgamento, que, segundo a grande mídia, foi o “maior da história”.

Talvez tenha sido mesmo. E por razões várias. Mas a principal delas é que julgar e prender petista é fácil. Eu quero ver quando chegar a vez, se chegar, do PSDB e do banqueiro Daniel Dantas, só para citar dois processos de gente economicamente poderosa que dormitam empoeirados nas prateleiras do STF.

A comoção da classe média e da mídia contra a corrupção permanecerá a mesma? Eu duvido muito, e só bastará isso, e apenas isso, para comprovar o caráter político desse julgamento do “mensalão”.

Ou de exceção, como preferiu Genoíno. Ou um ponto fora da curva, como diriam os estatísticos ao analisar o histórico de decisões daquele imaculado tribunal.  

Só para lembrar um fato da história edificante de juízes como Gilmar Mendes, um dos “varões de Plutarco”, como Mino Carta gosta de designar com ironia esse paradigma de dignidade da nossa classe média. 
Gilmar Mendes, duas caras, duas medidas: com uma, ele trata banqueiros, com a outra, petistas
Foi o mesmo Gilmar Mendes que, batendo na mesa cobrando diante das câmeras mais seriedade dos outros ministros no julgamento do mensalão, que concedeu, em menos de 24 horas, dois Habeas Corpus para libertar o banqueiro Daniel Dantas, que, como se sabe, é sócio da filha de José Serra e enriqueceu durante as privatizações do governo FHC.

Mesmo com um vídeo gravado pela PF em que comprovava a tentativa do banqueiro de corromper um policial pela bagatela de 1 milhão de dólares! Gente assim não é pra ser julgada mesmo.

Um outro detalhe foi a preocupação obsessiva da mídia com José Genoíno e, principalmente, José Dirceu. Não sei porque – isso é uma dúvida retórica – eu fiquei com a sensação de que apenas os dois foram presos naquela fatídica sexta-feira da Proclamação da República.

Foi como se todo aquele espetáculo jurídico-midiático dos últimos meses tivesse sido preparado para ter como corolário a prisão dos dois, especialmente Dirceu, o que deveria ter acontecido há um ano atrás, nas vésperas das eleições de 2012, quando tudo fora meticulosa e apressadamente preparado.

Mesmo com todo aquele espetáculo, o petista Fernando Haddad foi eleito prefeito da maior cidade do país. 

Pena que desta vez a Polícia Federal tenha se recusado a oferecer carniça às hienas, e, ao invés de apresentar Dirceu e Genoíno algemados, permitiu que os dois se entregassem com a dignidade que só suas histórias pessoais poderia lhes conceder, de punhos cerrados, como a afirmarem para o mundo que continuavam de pé.

E estão mesmo. Mais ainda porque os únicos que se mobilizaram para recepciona-los na sede da PF, em São Paulo, foram apoiadores, que não se sentiram nem um pouco constrangidos com a presença ostensiva da mídia.

O “povo”, a quem se atribuía a pressão pela condenação dos “mensaleiros”, pouco se comoveu com todo aquele espetáculo, especialmente porque ele sabe a trajetória de quem acusa os petistas.

Muito pelo contrário – e isso pode dar o tom dos futuros embates políticos no país, se Dilma Rousseff não se acovardar diante do poder midiático, – havia disposição e, principalmente, indignação, expressão tão ao gosto dos “coxinhas”, como ficou conhecida a classe média moralista e desinformada, consumidora e propagadora de um rancor visceral contra Lula, seu governo e o PT.

Roxin: "Quem ocupa posição de comando tem que ter, de fato,
emitido a ordem. E isso deve ser provado"
A preocupação com Dirceu e Genoíno era tanta que só se aperceberam da fuga de Henrique Pizzolato para a Itália depois que ele não se apresentou à PF.

E esse acontecimento tem uma relevância que pode trazer preocupações adicionais para essa maioria do STF e para a imagem internacional da nossa Justiça, já fortemente abalada por conta da desautorização de um dos criadores da Teoria do Domínio do Fato, Claus Roxin, largamente utilizada para justificar a condenação, sem provas, tanto de Genoíno quanto de Dirceu.

Veja como O Globo tratou dessa questão quando começou o julgamento, que sumiu do noticiário após intensa polêmica jurídica:

“A teoria do domínio do fato, uma das mais temidas fórmulas de responsabilização criminal em processos com vários réus, serviu de referência a votos de condenação proferidos nos últimos dias pelos ministros Celso de Mello, Rosa Weber e Luiz Fux no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF)

O próprio Roxin, consultado, desmoralizou a forma como estava sendo utilizada essa teoria pelo STF, também uma “inovação” no nosso direito.

Segundo ele,

"Quem ocupa posição de comando tem que ter, de fato, emitido a ordem. E isso deve ser provado", e que ”É interessante saber que aqui também há o clamor por condenações severas, mesmo sem provas suficientes. O problema é que isso não corresponde ao direito. O juiz não tem que ficar ao lado da opinião pública. Clique aqui 

Quem quiser ler mais sobre essa teoria e sua aplicação no julgamento do mensalão clique aqui, aqui, e aqui

Gandra e Lembo, conservadores que ajudaram a quebrar o "consenso" e
ajudaram a desmascarar a farsa do julgamento do "mensalão". 
E quem acha que a opinião de que José Dirceu  foi condenado sem provas é coisa de petista, leia as opiniões de juristas conservadores, como Ives Gandra (clique aqui) e Claudio Lembo (clique aqui), que, em razão de suas posições políticas, podem ser considerado isentos nesse debate. Para uma demolidora síntese dos trabalhos do Supremo antes e após a prisão dos réus, leia artigo de Inez Nassif aqui .

Pois bem. O julgamento na Itália de Henrique Pizzolato pode pôr a nu essas manobras jurídicas que permitiram a condenação de réus sem as devidas provas, o que significará uma desmoralização da Justiça brasileira. 


Nessa questão, o que está em jogo não são as pessoas envolvidas apenas, mas as instituições da democracia brasileira. Se não é possível fechar os olhos para a disputa política, que pelo nenos se pense no nosso futuro como povo.

Dirceu e Genoíno, por outro lado, vão recorrer à OEA. Nesses tribunais internacionais, a influência da grande imprensa brasileira não terá relevância e teremos julgamentos e juízes mais isentos.

E, nesse caso, mais do que Dirceu e Genoíno, quem estará no banco dos réus serão os juízes do STF, especialmente Joaquim Barbosa. Teremos, enfim, a oportunidade de desvelar o caráter parcial e político desses juízes?

Enfim, para quem acha que terminou, esse jogo está apenas começando. Mais lances virão na eleição de 2014.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O cavalo continua selado para Lucélio Cartaxo

Nomes imbatíveis para o Senado?
A vitória de Charlinton Machado nas eleições internas do PT, deixou claro pelo menos duas coisas a respeito da linha política que o partido deve assumir em 2014.

A primeira, é que foi afastada qualquer hipótese de apoio à reeleição do governador Ricardo Coutinho, hipótese que já era bastante improvável depois do lançamento da candidatura de Eduardo Campos à Presidência.

A segunda, a ideia de lançar um nome forte do partido para o Senado, parece amadurecer com rapidez, situação que era pouco discutida, pelo menos publicamente, antes da realização do PED.

E por que não para governador? A resposta óbvia decorre de uma constatação também óbvia: por enquanto, o PT não dispõe de nomes para enfrentar essa disputa com condições de vitória, e passou o tempo em que o partido de Lula lançava candidatos apenas para marcar posição.

Nacionalmente, o PT tem uma aliança para cuidar, uma eleição para vencer e uma hegemonia política a ser mantida. Na Paraíba, tem o prestígio político a zelar depois que venceu as eleições em João Pessoa, no ano passado.

A maior liderança do PT, hoje, está em gestação e depende dos resultados do trabalho que realiza à frente da Prefeitura de João Pessoa para se credenciar para voos mais altos. Luciano Cartaxo se prepara apenas para ser um poderoso eleitor em 2014.

Além disso, a direção nacional do PT trabalha desde 2010 para ampliar sua força no Senado, cujo tamanho da bancada é, depois de 11 anos no poder, uma espécie de Calcanhar de Aquiles do partido na relação com as outras forças políticas. Eleger senadores será, mais do que antes, uma das prioridades petistas em 2014.  

Por isso, o PT não deve reivindicar a vaga de governador. E, para o Senado, Lucélio Cartaxo, o atual superintendente da CBTU, parece ser o nome que reúne as melhores condições de unir o PT e projetar o partido para uma disputa em condições de vitória, num quadro político que se apresenta muito favorável.

Os grandes nomes da política paraibana não disputarão essa única vaga para o Senado: Cássio, Veneziano, Ricardo Coutinho, Vital do Rego Filho e José Maranhão estão, por razões diversas, fora do páreo: Cásio e Vital, por já serem senador, Veneziano e RC, por postularem o governo, e Maranhão, para facilitar as composições para a chapa majoritária do PMDB.

Restam Cícero Lucena ou Ruy Carneiro, pelo PSDB, Rômulo Gouveia, pelo PSD, Wilson Santiago, pelo PTB, e Wellington Roberto, pelo PR. Desses, dependendo das chapas majoritárias, no máximo dois se lançarão.

Observando esses nomes, torna-se imperioso constatar que hoje a disputa para o Senado está aberto, já que, diferentemente de eleições senatoriais do passado, não haverá favoritos. Há um imenso vácuo político a ser preenchido. E pode ser que essa situação não se repita no futuro.

Em julho, numa das colunas que escrevi para o Jornal da Paraíba, em substituição provisória a Rubens Nóbrega (“Senado: o cavalo selado” clique aqui para ler), tratei pela primeira vez dessa questão dessa maneira:

“(...) Lucélio carrega um atributo muito valorizado, hoje, nos políticos: a juventude, fato que ajudou muito na vitória do outro Cartaxo na eleição para prefeito de João Pessoa.

Lucélio Cartaxo, que ensaia hoje uma candidatura a deputado federal, talvez não tenha percebido o vácuo eleitoral que representará, em 2014, a ausência de candidatos que sejam capazes de preencher essa imensa sensação de rejeição a tudo que lembre a velha política, que esperneia a todo custo para se manter viva. Cícero Lucena, Rômulo Gouveia, Wilson Santiago, Aguinaldo Ribeiro, potenciais candidatos ao Senado, são reminiscências desse passado que o povo furioso nas ruas quis, e continua querendo, superar.”

Enfim, Lucélio Cartaxo talvez seja o único candidato hoje capaz de se apresentar e falar a esse eleitorado desejoso de mudança e de novas lideranças. E esse eleitorado, mais do que a juventude de um rosto, precisa de um discurso, de um projeto que expresse esse desejo de mudança na política, fenômeno que já observamos com toda força acontecer em 2010.

“Ousar lutar, ousar vencer”, repetiria Mao Tsé-Tung ao PT paraibano, hoje. E, pensando bem, não foi exatamente essa ousadia que levou Luciano Cartaxo à Prefeitura de João Pessoa?

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Eleição de Charlinton e Lucélio mostra que o PT sabe aonde quer chegar; aliança com RC é rechaçada

Charlinton e Lucélio: vitória dos dois foi um recado para Luiz Couto
(e para RC) 
O PT é o assunto do momento na política paraibana. Seja porque o prefeito Luciano Cartaxo protagoniza uma disputa em várias frentes com o governador Ricardo Coutinho, seja porque acabou de realizar as eleições para a renovação de suas direções no estado e nos municípios, o PED (Processo de Eleições Diretas).

Esses dois acontecimentos tem injunções sobre as eleições que acontecerão no próximo ano. Os resultados do PED deixaram claras duas coisas. A primeira, a hegemonia incontestável dos grupos internos que hoje se colocam sob a liderança do prefeito Luciano Cartaxo. A segunda, como consequência da primeira, a consolidação do ocaso da liderança do deputado federal Luiz Couto, que terminou a disputa eleitoral amargando um surpreendente terceiro lugar com 19,20%, atrás do candidato das correntes mais à esquerda, Lenildo Moraes, que obteve 30,68%.

Em João Pessoa, seu antigo reduto, Couto foi também o terceiro colocado, com apenas 282 votos (11,8 %), novamente atrás de Moraes, que é vice-prefeito de Patos (14,7%). Charlinton Machado, o novo presidente estadual do PT, chegou a 50,13% no estado e 68,3% em João Pessoa. Enquanto isso, Lucélio Cartaxo, candidato a presidente municipal, obteve 81,7% dos votos em João Pessoa!

Esses resultados são um contundente recado à política que Luiz Couto empreendeu dentro e fora do PT nos últimos anos, assumindo o papel interno e externo nada edificante de correia de transmissão dos objetivos de grupos alheios ao partido. Luiz Couto desrespeitou sistematicamente a decisões da base partidária seguidamente, em 2010 e 2012. Nesse último caso, com maior gravidade porque o deputado petista preteriu o candidato do próprio partido ne eleição para prefeito de João Pessoa, preferindo apoiar a candidata apoiada pelo Governador Ricardo Coutinho, Estela Bezerra, do PSB.

E, mesmo depois do rompimento do PSB com a presidenta Dilma Rousseff e do anúncio oficial da candidatura de Eduardo Campos à Presidência, Couto insistiu em jogar o jogo dos adversários petistas, mantendo o apoio ao governo e defendendo a aliança com o PSB para 2014. Enfim, Luiz Couto semeou vento e colheu tempestade. E ela veio como um furacão a devastar o prestígio que tinha o deputado federal petista por três mandatos, e por muito tempo a principal liderança do partido no estado.

Como o irascível deputado não deu mostras até agora de que pretende romper com a política de apoio a RC, o mais provável é que ele seja expulso do PT, já que os resultados do PED foram claros o suficiente para desautorizar qualquer postura diversionista e contrária ao objetivos do partido.

Chegou a hora de Luiz Couto escolher.

Amanhã eu volto para tratar dos horizontes que continuam abertos para Lucélio Cartaxo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Mobilidade urbana não foi o forte da administração de RC na prefeitura de João Pessoa


Ricardo Coutinho quer agora se apresentar à população da capital do estado que governa desde 2011 como um gestor preocupado com a mobilidade urbana da cidade.

Há menos de um ano da eleição em que o governador concorrerá para renovar seu mandato, a estratégia para RC para dar visibilidade à sua gestão é o lançamento de grandes projetos de mobilidade urbana. 

E não é por acaso que Coutinho prioriza esse setor.

Os problemas de mobilidade urbana geram hoje grande impacto na deterioração da qualidade de vida da cidade, e, como qualquer pessoense razoavelmente bem informado sabe, as duas gestões de RC na Prefeitura de João Pessoa foram paupérrimas em realizações nesse setor.

À exceção da criação de uma faixa na Avenida Pedro II, o que mais fez Ricardo Coutinho para melhorar a mobilidade urbana em João Pessoa? 

Ação que, aliás, teve os efeitos positivos quase anulados com a autorização para funcionamento do supermercado Carrefour, no início corredor principal que liga o Bairro dos Bancários à Zona Sul da cidade.

Esse fato por si só evidencia a quase ausência de uma visão de longo prazo e expõe a pobreza que foi o planejamento urbano durante a gestão de RC na prefeitura de João Pessoa, quase que exclusivamente centrado em melhorias organizacionais no trânsito.

Nada foi feito, por exemplo, em termos de implantação de transporte sobre trilhos, seja metrô ou VLT, que dão mais fluidez e rapidez aos deslocamentos no âmbito das cidades.  

RC foi incapaz de ser generoso com a cidade se esforçando em prepara-la para o futuro. Ao contrário, apostou na mesmice de priorizar os interesses das empresas de ônibus, que enfeiam, poluem e ajudam a transformar o transito num inferno cotidiano para as cidades em crescimento acelerado como é João Pessoa, hoje.

RC quer aparecer e brigar

Agora que o Prefeito Luciano Cartaxo dá mostras de que sua gestão pretende priorizar o transporte de massas, RC tenta obscurecer a importância dessa ação planejada chamando o prefeito para participar do ringue em que transformou o seu governo.

De maneira propositada, invade a competência da PMJP, não apenas se apropriando de espaços públicos que a ela pertencem – como o terreno onde o governo anunciou a pretensão de construir um trevo na entrada do bairro de Mangabeira.

RC também despreza o planejamento urbano ora em curso, que é uma das mais importantes atribuições das administrações das grandes cidades, e que ele relegou à desimportância quando foi prefeito.

Incapaz de promover parcerias com a Prefeitura de João Pessoa para desenvolver a cidade, a intenção do governador é aparecer como único “pai” da obra, essa triste característica de um tradicionalismo político, que se pensava enterrada na Paraíba.

Situação do trânsito de João Pessoa se agravou muito nos
último 10 anos
O que não deixa de ser um triste paradoxo, porque se pensava que RC aboliria essa prática administrativa. Até nisso estávamos enganados.

Como que desejando promover uma polarização artificial, o governador tenta puxar briga com o prefeito Luciano Cartaxo, esquecendo que a última que ele tentou com Luciano Agra foi nocauteado vergonhosamente, em 2012.

A PMJP luta para evitar que suas atribuições sejam diminuídas diante do autoritarismo do atual governo. E deve resistir, sem, entretanto, aceitar as provocações do briguento governador.


O que RC deseja mesmo é, por trás de uma obra que, por enquanto, só existe em telas de computador e na propaganda oficial, ganhar notoriedade numa cidade abandonada por seu governo. 

E tentar fazer as pessoas esquecerem o fracasso que foi a sua gestão na PMJP no âmbito da mobilidade urbana. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ricardo Coutinho tenta roubar a cena em um filme do qual ele só participou da última cena

RC na última cena de um filme que começou lá atrás

Vejam como são as coisas: durante os oito anos em que Ricardo Coutinho foi Prefeito de João Pessoa, o Botafogo viveu um dos piores momentos de sua história, tendo ficado dez anos sem ser campeão paraibano. 

O último título foi exatamente o de 2003, um ano antes do início da gestão de RC na Prefeitura. Nesse mesmo ano, o Botafogo quase se classifica para a série B, quando disputou o campeonato e conquistou um honroso 3º lugar (à época, só se classificavam dois clubes).

Pois bem. 10 anos depois do último título paraibano e da última grande campanha nacional do Botafogo, enxerguei incrédulo, ontem, da arquibancada do Almeidão, o Governador Ricardo Coutinho "homenageando" o Belo ao entregar ao capitão do time o troféu de Campeão da Série D, tentando a todo custo roubar a cena e  o lugar que, por justiça, era devido ao Prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. 

É bom que se registre que RC, devidamente paramentado com a camisa do Botafogo, estava lá apenas para  pousar para as flashs de jornais e para as câmeras de TVs, já que, em nenhum momento, o nome do governador citado pelo tagarela locutor do governo do estado que monopolizava o serviço de som. 

A razão para esse "esquecimento" não é difícil de entender. O governador provavelmente receava a maior vaia que levaria em sua vida, uma vaia de mais de 30 mil torcedores (anunciaram 20 mil, mas eu não creio que o Almeidão tenha encolhido, pois não havia lugar para mais ninguém no estádio).

Nelson Lira: amor instantâneo por RC
Já Luciano Cartaxo caminhava na arquibancada em meio à torcida, o que ele repetiu em todos os jogos do Botafogo na Série D, inclusive no decisivo, contra o Tiradentes, em Fortaleza, que classificou o Belo para a Série C e ratificou essa nova fase do time da maior torcida da Paraíba, assegurando não apenas um novo estágio na ascensão do Botafogo, como um calendário para todo o ano de 2014 - algo que depreciava o clube e humilhava sua torcida.

E vem a inevitável pergunta: esse ano maravilhoso para o Botafogo foi fruto do acaso? Nasceu da vontade e empenho da diretoria do Botafogo, enredada até então em suas eternas disputas internas? Qual acontecimento foi decisivo para que o destino do Botafogo, marcado por 10 anos seguidos de humilhações, fosse alterado da maneira que só a felicidade dos mais de 30 mil torcedores que foram ontem ao Almeidão pode testemunhar?

Enfim, não fosse o apoio da PMJP ao time pessoense, que deu suporte para um projeto de Botafogo à altura do tamanho de sua torcida, de suas tradições e da cidade que o abraça numa quase unanimidade, teria a diretoria do Botafogo apresentado condições para um voo tão alto, que o projeta hoje para alcançar uma distância que só as pretensões de um torcida campeã é capaz de medir hoje?

Não tivesse o Prefeito Luciano Cartaxo vestido a camisa do futebol de João Pessoa, em todas as suas cores, para, no fim, predominar o preto e branco do Botafogo, e do vermelho de sua estrela – nesse feliz encontro de simbologia inquestionável, – o Belo chegaria ao lugar onde hoje se encontra, que nem o mais fanáticos dos seus torcedores sonhavam no início de 2013?

Por isso, a verdadeira aparição do governador Ricardo Coutinho, na última cena dessa verdadeira epopeia futebolística que foi a conquista do Campeonato Brasileiro da Série D – que começou lá atrás, com a conquista do Campeonato paraibano –, não pode ser chamada por outra coisa que não esta: oportunismo. 

Cartaxo no meio da torcida do Botafogo: sem o apoio da PMJP o que teria sido
do Botafogo em 2013?