quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Quem venceu, quem perdeu na Paraíba em 2014: os vitoriosos

Na política assim como na guerra há derrotas na vitória. E vice-versa. 

Quem nunca ouviu falar na expressão “vitória de Pirro”, que serve para designar vitórias que foram, na realidade, grandes derrotas pelo alto custo que exigiram para serem conquistadas, fragilizando o “vitorioso” para embates futuros?

Pois bem. É hora de avaliar os resultados eleitorais da Paraíba, em 2014. 

Quem foram os grandes vencedores? Quem foram os grandes derrotados? Quem venceu e não pode comemorar como merecia? Quem perdeu e, mesmo assim, sai fortalecido do pleito?

Vamos tentar responder a essas indagações, lembrando sempre que, especialmente as derrotas, não devem ser entendidas como definitivas, e o derrotado de hoje pode vir a ser o grande vitorioso na eleição seguinte.

Vejam o caso de RC. Vitorioso em 2010 na Capital paraibana, dois anos depois foi o grande derrotado, para voltar a ser novamente vitorioso, em 2014.

Cássio Cunha Lima obteve duas grandes vitórias seguidas (2002 e 2006) para o governo, em Campina Grande, e nas eleições seguintes (2004 e 2008), para a Prefeitura, foi derrotado por Veneziano Vital do Rego. 

Recuperou todo o seu prestígio e liderança em 2010, saindo do pleito considerado quase como imbatível para a eleição seguinte e acabou enfrentando a primeira derrota eleitoral da vida.

Enfim, as vitória e derrotas de 2014 não devem servir de parâmetro para vislumbrarmos os resultados dos futuros embates, porque eles ocorrerão daqui a dois anos, e até lá muita água correrá por baixo da ponte.

Mas, certamente, elas servirão de referência e ponto de partida para a construção das alianças futuras. E das vitórias.

O desafio da análise política

Vejam como em eleição o quadro político é capaz de mudar com a rapidez suficiente para deixar incrédulos, especialmente aqueles que acreditam no congelamento de uma determinada correlação de forças, erros comuns que, entretanto, se repetem com regularidade surpreendente, se pensarmos na experiência de quem os comete.

As derrotas de Maranhão, em 2010, e Cássio, agora em 2014, para ficarmos apenas nos casos mais recentes, são exemplo de quem superestimou sua própria força e subestimou a dos adversários.

O mesmo aconteceu com RC, em 2012, cuja autossuficiência e superestimação de seu próprio prestígio em João Pessoa levou-o a uma derrota inesperada. 

Certamente, o erro de 2012 fez o governador corrigir os rumos políticos, colocar os pés no chão e se mover para evitar ser derrotado agora.

Por isso, por lidar com o curto prazo e as contingências próprias do mundo da política, o grande desafio da análise – não da ciência política, registre-se – não é prever resultados, mas estabelecer com clareza a correlação de forças das disputas e projetar o seu desenvolvimento tendo como principal finalidade demarcar as ações que se empreendidas no futuro pelos contendores.

Os vitoriosos de 2014

Há cinco meses projetava-se como os grandes derrotados dessa eleição o governador Ricardo Coutinho e o PMDB.

O primeiro, acossado pelo lançamento da candidatura de Cássio Cunha Lima, ex-aliado e então favorito nas pesquisas.

O segundo, o PMDB, a caminho do isolamento, vivia na indefinição sobre seu candidato ao governo, Veneziano Vital, numa aliança com o PT que não prosperava e sem grandes perspectivas para eleger expressivas bancadas de parlamentares.

Um movimento foi o responsável para alterar o destino desses dois sujeitos políticos: a conversa do governador Ricardo Coutinho com o prefeito pessoense Luciano Cartaxo, que aconteceu na primeira quinzena de junho, e que selou uma aliança inesperada, para dizer o mínimo.

O anúncio posterior e unilateral do abandono por parte do PT da aliança com o PMDB teve consequências tão profundas no resultado do pleito de 2014 que só o tempo foi capaz de estabelecê-las com razoável precisão.

Ricardo Coutinho 

Primeiro, tirou o Ricardo Coutinho do isolamento político.

Segundo, agregou o precioso tempo de TV petista, o que acabou sendo decisivo durante a campanha para que a campanha socialista pudesse mostrar tanto as realizações do atual governo como “desconstruir” ou “reconstituir” a imagem de Cássio Cunha Lima no estado, por mais de três anos preservados dos ataques dos adversários.

Terceiro, a aliança com o PT juntou as duas principais máquinas administrativas e políticas na estratégica João Pessoa, que abriu caminho para RC recuperar a hegemonia eleitoral perdida  sem a qual seria impensável qualquer recuperação e perspectiva de vitória no resto do estado.

Quarto, a decisão do PT de abandonar os peemedebistas foi a pá-de-cal na candidatura de Veneziano Vital, que já vinha dando sinais de que não seria mantida.

E a inevitável retirada de Veneziano abriu caminho para a efetivação da temerária estratégia de RC de resolver, se possível, a disputa em primeiro turno. 

Estabelecidas as bases em João Pessoa, RC passou a atuar na consolidação e construção de alianças locais – com os Moraes, no Vale do Sabugi, com Cralos Antônio, em Cajazeiras, com os ex-prefeito Tayrone e seu o grupo, em Sousa, e em Campina, com o Feliciano. 

Além disso, RC buscou conquistar o eleitor peemedebista que nas últimas três eleições votou contra o cassismo, inclusive em 2010, quando o candidato do grupo tinha sido o próprio RC.

Coutinho apostou que Cássio tinha um teto eleitoral na Paraíba, o que nunca o tornou imbatível e, como consequência disso, na capacidade do governador, ajudado pela força do cargo, de mobilizar essa outra banda do eleitorado.

A competente campanha na TV, que desnudou Cássio Cunha Lima relembrando fatos pretéritos de sua vida pública, bem como seu desastroso governo, teve como sempre papel decisivo.

A confrontação calculada ao longo dos quatro anos de governo com a Assembleia fortaleceu o discurso de RC e, agora no confronto com Cássio, um quadro tradicional da tradicional política paraibana, caiu como uma luva na estratégia discursiva ricardista. Era RC contra a política tradicional.

Ponto a ponto, RC foi superando todas as dificuldades, inclusive quando mudou de marqueteiro pouco antes do início do embate, e fez a campanha entrar nos eixos da tradicional polarização que marca a política no estado há tempos.

O PMDB

A estratégia deu certo, no que RC foi ajudado pelas contingências nacionais, com a ida de Dilma e Aécio Neves para o segundo turno.

O que teria acontecido caso fosse Marina e não Aécio a disputar com Dilma? Esse o único fato que eu apontava no final do primeiro turno que poderia interromper as expectativas de vitória de RC.

Fato que certamente foi muito ajudado pelas possíveis acomodações nacionais dos peemedebistas no futuro governo de Dilma, e também pela possível aliança em apoio a Veneziano Vital, em 2016, em Campina Grande.

O apoio do PMDB, de Vital e Veneziano e de José Maranhão, dos Paulino, em Guarabira, dos Motta, em Patos, dos Maia, em Catolé, que foram fundamentais para a criação da frente anticassista no segundo turno.

Especialmente pela vitória eleitoral do PMDB, que saiu fortalecido pelas vitórias obtidas para a Câmara dos Deputados, onde ocupará três vagas, e para a Assembleia Legislativa, onde ocupará quatro vagas.

Além da eleição do Senador José Maranhão, lançado às pressas e em função daquele movimento que fez Ricardo Coutinho de atrair o PT, fato que, temporariamente, fragilizou o PMDB, mas que, no desenrolar dos acontecimentos, foi a salvação da lavoura para o partido.

Se observarmos bem, a manutenção da aliança PSB-PMDB-PT é a reconfiguração, da antiga e poderosa frente de partidos que atuou unida nas eleições paraibanas do segundo turno de 2002 até as eleições municipais de 2008.

Sob a liderança do PMDB, agora ela passa à liderança de RC. Coisa de profissional.

Depois eu volto para falar dos derrotados.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sobre jornalistas e besouros rola-bostas

Hoje à tarde quando ia buscar meus filhos no colégio, liguei o rádio na AM e meus ouvidos ficaram entre a cruz e a espada.

Na Jovem Pan, estava lá Reinaldo Azevedo, o queridinho a elite reacionária que tem um blog na página da Veja, escreve na Folha e tem um programa de final de tarde na ultrarreacionária emissora paulista.

Mais conhecido por "rola-bosta", aquele besouro que usa esterco para se reproduzir, Azevedo usa suas torpes noções de vida e de política para semear ódio a tudo que soe popular e de esquerda.

É dele essa frase que resume bem suas ideias políticas: "Eu não tenho o menor interesse na opinião do povo. Quase sempre ele está errado. Aliás, a opinião de muito pouca gente me interessa. A democracia sempre foi salva pelas elites e posta em risco justamente pelo “povo”, essa entidade. Vai acontecer de novo. Lula, reeleito, tende a levar o país para o buraco. E uma elite política terá de ser convocada para impedir o desastre."

E hoje, como de hábito, ele estava lá a comemorar como vivas e aplauso, junto com Caio Blinder, a derrota dos comunistas nas eleições parlamentares da... Ucrânia!

Blinder, que mora em Nova York, é também apresentador do Manhattan Connection, da Globo News, aquele programa que reúne a nata do jornalismo conservador brasileiro fora do Brasil – e essa condição, creiam, é uma recompensa por tanta bajulação às posições dos patrões e uma homenagem à mentalidade colonial de todos eles. Falar mal do Brasil fora do Brasil.

Mudei de estação porque meu ouvido pode até estar sujo, mas não é penico.

Tentei a Sanhauá. E quem me brinda com comentários a lá Reinaldo Azevedo pelo seu reacionarismo contumaz, sem, entretanto, o pedantismo provinciano do paulista?

Maurílio Batista. O jornalista, que é assessor de Cícero Lucena e trabalha no site ClickPB, levantava uma de suas tantas bandeiras conservadoras: a defesa da redução da maioridade penal.

Para o constrangimento da competente jornalista Yvína Souto, que normalmente faz o contraponto a Batista, mas quase nunca consegue porque Batista é daqueles que não deixa ninguém falar e tenta se impor no grito.

Como bom cristão que deve ser, Batista é um daqueles que defendem a sublime ideia de que "bandido bom é bandido morto".

Dei uma pausa para entrar no colégio e pegar meus filhos. Quando voltei, um dos membros da bancada do programa Hora do Rush introduzia na discussão o protesto do jogador paraibano Hulk contra outra estrela do jornalismo reacionário, também da Veja e também do Manhattan Connection, Diogo Mainardi, cujos bons préstimos à Veja rendeu-lhe uma estadia em Veneza, na Itália, de onde normalmente participa do programa da Globo News.

No último domingo, comentando o resultado das eleições presidenciais brasileiras e a vitória da petista Dilma Rousseff, Mainardi exibiu sintomas de mais um surto psicótico, provavelmente resultado do impacto de ter de conviver por mais quatro anos com uma petista na Presidência do país, e rolou bosta pra todo lado:

"O Nordeste sempre foi retrógrado, sempre foi governista, sempre foi BOVINO, sempre foi subalterno em relação ao poder, durante a ditadura militar, depois com o reinado do PFL e agora com o PT. É uma região atrasada, pouco educada, pouco instruída, que tem uma grande dificuldade para se modernizar, se modernizar na linguagem. A imprensa livre só existe da metade do Brasil para baixo. E nessa metade do Brasil pra baixo, onde a Dilma é minoria, um pequena minoria – EU SOU PAULISTA ANTES DE SER BRASILEIRO – (...) votou na Dilma (...) Tudo o que representa a modernidade tá do outro lado."

Pois bem. Não é que Maurílio Batista, exercitando seu ódio subalterno ao PT, tentou encontrar argumentos para justificar as posições desse outro rola-bosta?

Primeiro, tentou confundir as posições dos políticos com as do povo nordestino, que sequer votava para presidente durante a ditadura.

Batista poderia ter lembrado do governismo da Globo, que apoiou o Golpe de 1964 antes, durante e depois, assim como toda a "elite moderna" paulista, incluindo a “ultramoderna” FIESP, assim como a Folha e o Estado de São Paulo.

Ora, nada mais patrimonialista, mais governista do que a elite paulista. Isso desde o Império!

Por falar em "povo bovino", quem criou a República Oligárquica e o "coronelismo" antes de 1930?

Ou Mainardi esqueceu o significado da expressão “Política do Café com Leite”, também comumente associada à República Velha?

Quem acabou com tudo isso foi Getúlio Vargas, por quem a elite paulista ainda alimenta um ódio visceral.

E é esse o ponto. O problema é que essa elite paulista nunca se deu bem foi com o povo. Sua imprensa e seus intelectuais sempre acharam muito démodé essa história do povo decidir sobre quem governa o Brasil.

Na primeira oportunidade, derrubaram Getúlio, em 1945, e o levaram ao suicídio, em 1954. Depois, novamente derrubaram João Goulart e apoiaram alegremente os “modernos” militares, que deixavam seus fardões de lado quando assumiam a Presidência.

Coisa bem brasileira, aliás. E eles adoravam. Tudo em nome do combate ao comunismo! Como são modernos, esse paulistas!

50 anos depois, eis que me aparece esse barbudo chamado Lula, ao lado de senhora corajosa chamada Dilma, e botam novamente água no chopp da elite paulista, ao lado dessa inconveniência política chamada de “povo”.

E, paradoxos dos paradoxos, é bom lembrar que já é quase um consenso que as políticas sociais do PT tem ajudado a romper os currais eleitorais nordestinos ao dar mais autonomia ao eleitor mais pobre, que se torna mais autônomo porque menos dependente do poder econômico e político das grandes famílias. Quer expressão maior de modernidade?

Maurilio Batista, na sua cegueira ideológica, chega a esquecer mesmo as suas origens para embarcar na visão parcial de um jornalista cujo desprezo pelo Brasil e pelos brasileiros é notório, para o claro constrangimento dos seus colegas de bancadas.

Um deles, de maneira jocosa, pediu que Batista desse um "muuuuuúúúú!" para os ouvintes, já que Diogo Mainardi não distinguiu nenhum nordestino. Para ele todos nós somos bovinos.


E aí, Maurílio Batista, somos ou não? 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleição Presidencial: diferença menor de 2014 se deveu a votação tucana em SP


Duas ideias a imprensa vai martelar nos próximos dias para diminuir a importância da vitória de Dilma e do PT e tentar manter o clima de conflito que marca a política brasileira desde 2011, quando a atual presidente assumiu o governo e a grande imprensa assumiu definitivamente a liderança da oposição no Brasil.

O primeiro é de que o Brasil saiu dividido dessa eleição. Depois, que o Nordeste deu a vitória a Dilma.

O Brasil saiu mesmo dividido? Em termos de votação é o que aparente ser, já que uma diferença em termos percentuais de apenas 3,3% (51,6% a 48,3%), a menor diferença desde 1989, quando Lula enfrentou Collor no segundo turno, parece mostrar isso.

Mas, ao olharmos o mapa da eleição nos deparamos com alguns elementos que precisam ser interpretados. Aécio venceu em redutos tradicionais e mais conservadores do país, onde, aliás, o PSDB vence desde 2006 com alguma folga.

No Sul, em Santa Catarina e no Paraná, onde Aécio obteve 64,6% e 61% dos votos. No Rio Grande do Sul, Aécio venceu, mas com uma diferença menor (53,5% a 46,5%), ajudado talvez pelo desempenho de Tasso Genro, governador do PT e candidato à reeleição derrotado. Serra também venceu nesses estados em 2010. Até aí, nenhuma novidade.

No Centro Oeste, a mesma coisa. Nessa região, Aécio venceu com percentuais abaixo dos 60% (Goiás, 57,1%, Mato Grosso, 54,7 e Mato Grosso do Sul, 56,3%). A exceção foi Brasília, onde o tucano obteve 61,9%. A vitória de Aécio também não configura novidade, já que esses são estados em que o PSDB tradicionalmente vence em eleições presidenciais.

O que pode ser considerado um ponto fora da curva considerando eleições anteriores foi São Paulo. Em 2010, José Serra venceu Dilma por uma diferença de 10 pontos percentuais (55% a 45%) no estado, mesmo sendo um paulista o candidato tucano.

Em 2014, a diferença chegou a quase 30 pontos percentuais (64,3% a 35,7%), estabelecendo uma diferença em votos absolutos de 6,8 milhões de votos (15,3 milhões para Aécio contra 8.4 milhões para Dilma).



O estado de São Paulo representou sozinho 30% de toda a votação de Aécio Neves em 2014. Dos 51 milhões de votos obtidos pelo tucano, 15.3 milhões vieram dos paulistas! Ou seja, temos aqui um evidente desequilíbrio que foi decisivo para tornar o resultado da eleição mais apertado do que em eleições anteriores.

Os motivos deverão ser analisados ao longo dos próximos dias, mas parece evidente que a classe média paulista parece ter dado o tom da disputa eleitoral mais do que em outros estados.

O Nordeste decidiu a eleição em favor de Dilma?

Desde 2006 – antes disso, apenas nas capitais, – o Nordeste dá expressivas votações aos candidatos a presidente do PT.

Em 2014, não foi diferente. As variações foram pequenas comparando 2010 e 2014 (em Pernambuco, Dilma obteve agora 70,2% dos votos, enquanto que em 2010 ela chegou aos 75%, mas ainda assim uma vitória arrasadora). Ou seja, mais uma vez não temos grandes novidades no resultado do Nordeste.

Em termos absolutos, Dilma obteve na região 20,2 milhões de votos, o que representa 37% de toda a votação da petista. Uma votação muita semelhante a que ela obteve no Sudeste, a região mais desenvolvida do país.

Lá, Dilma conquistou 19.867.894, ou 36,5% dos votos que obteve em todo o país. Ou seja, Dilma teve no Sudeste 0,5% dos votos obtidos no Nordeste, constatação que ajuda a quebrar o mito de que “o Nordeste elegeu Dilma”.

Enfim, a votação de Aécio em São Paulo foi o principal fator de desequilíbrio que aproximou a votação tucana da petista em todo o país e tornou a eleição de 2014 a mais acirrada desde 1989.


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Em debate sem agressividade, Dilma deu um banho em Aécio

No debate de ontem, Dilma e Aécio preferiram à moderação aos ataques diretos dos últimos dois debates.

No debate da Band, Dilma acossou Aécio com perguntas e respostas que desnortearam o tucano e serviram de munição para o resto da semana.

Aécio foi para o debate de domingo (12) para posar de vencedor e recebeu uma traulitada que se refletiu no debate posterior e nas pesquisas.

Aécio quis reagir no debate seguinte, o do SBT, e dessa vez passou do tom, usando palavras contra Dilma, uma senhora de 67 anos que é, quer ele goste ou não, Presidenta do Brasil, chamando-a de "leviana" e "mentirosa".

Podem ter certeza que pegou muito mal, especialmente entre o eleitorado feminino.

Foi isso que fez Aécio mudar de tom. Ele já tinha feito isso no programa eleitoral, ao mostrar a família, a esposa recente, a irmã mandona, a mãe. O Aécio "família".

No debate da Record, Aécio teve uma estratégia confusa. Repetiu as mesmas perguntas, cujas respostas Dilma parece até já decorou, aperfeiçoando-as.

O único ponto que eu considerei negativo foi quando, ainda no primeiro bloco, Dilma questionou Aécio sobre os malfeitos do PSDB e o tucano, sem resposta, voltou a discussão sobre a Petrobras. E Dilma, ao invés de forçá-lo a debater o tema perguntado, foi na de Aécio e tirou do foco a incômoda pergunta sobre a corrupção tucana.

No resto do debate, mesmo foi muito superior a Aécio. Mesmo quando o assunto foi corrupção, Dilma conseguiu neutralizar o discurso moralista da mídia tucana.

Dilma mais uma vez citou fatos que envolvem o PSDB em atos de corrupção pretéritos nunca investigados, tão ou mais graves que os que a mídia, de maneira seletiva, denuncia hoje.

E que a ampla maioria do eleitorado desconhece. E constrange o eleitor tucano-udenista que "vota contra a corrupção". E o deixa sem argumento.

Ajuda muito o fato "novo" do envolvimento do ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, ter sido envolvido na delação premiada de Paulo Roberto Costa, que tem muito mais vínculo com o PSDB do que com o PT, já que ele nunca foi arrecadador petista.

Costa, para quem não sabe, assume cargo estratégico na Petrobrás desde o governo FHC e foi responsável pela construção do imenso gasoduto que liga a Bolívia ao Sudeste brasileiro.

Enfim, Aécio perdeu o discurso contra a corrupção, restando-lhe debater fatos concretos do governo Dilma, políticas que interessam ao povo. E foi nisso que ele se perdeu ontem porque o PSDB não resiste a a mínima comparação com os governo do PT.

Cada pergunta era como se Aécio levantasse a bola para Dilma bater. Assim foi na pergunta sobre saúde. Dilma lembrou que o PSDB ajudou a desaprovar a CPMF, o que cortou do financiamento da saúde do brasileiro mais de 300 bilhões de Reais!

Mesmo assim, DIlma mencionou que dobrou os investimentos em saúde, comparando com os gastos tucanos. E citou a criação de programas muito bem avaliados pela população, como o Samu e o Mais Médicos.

No debate sobre investimento em obras de infraestrutura, até agora eu não entendi porque Aécio tomou a iniciativa de levar essa questão ao debate, na certa acreditando que se sustentariam as informações da cobertura que a mídia, especialmente a Globo, faz sobre o PAC.

Nesse ponto, Dilma foi competente ao mostrar, com dados e sem se perder em raciocínios confusos, as obras estratégicas do seu governo em portos, hidroelétricas, duplicação de rodovias, abastecimento d’água, um rosário de grandes obras que deixa qualquer tucano envergonhado de sua incapacidade nessa questão.

No debate sobre o Pronatec, Dilma humilhou Aécio. Além de tratar com ironia a comparação forçada com programas xoxos dos governos de São Paulo nessa área – notem que Aécio sequer cita algo dos governos tucanos em Minas, – Dilma teve a oportunidade de falar em “escala” de milhões de jovens atendidos pelo Pronatec e, comparação fatal para um tucano, totalmente gratuito. Dilma ainda não explorou como devia as comparações com as políticas para o ensino superior, especialmente o Reuni.

Enfim, Dilma venceu o debate na semana decisiva antes da eleição. E venceu porque o único recurso que resta a Aécio para fugir das comparações é partir para o ataque - nesse caso, o problema é encontrar o tom adequando - e tentar centrar o debate na corrupção, algo que se esgotou.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Uma avaliação da eleição de 2014 na Paraíba: primeiro turno

Os resultados do primeiro turno na Paraíba confirmaram as expectativas de mais uma disputa acirrada entre os dois principais candidatos ao governo, o que se repete no estado desde 2002.

Quem achou que Cássio Cunha Lima teria uma vitória tranquila, já no primeiro turno, enganou-se redondamente.

Em março, eu registrei aqui mesmo:

“os números de Cássio (40.8%) aferidos em um momento tão favorável devem acender o sinal de alerta entre os tucanos. Cássio não está com essa bola toda, como se imaginava” (clique aqui para conferir).

Cássio acabara de anunciar o rompimento com RC e fez desse ato um espetáculo político, associado a uma competente movimentação política nos três anos em que permaneceu dubiamente apoiado o governo.

A obtenção de um percentual pouco maior que 40% era um indicativo que não havia muito espaço para o tucano crescer, e o motivo era que, se havia um eleitorado muito fiel a Cássio, havia também um grande contingente que o rejeitava.

E durante a campanha, foi ficando cada vez mais claro que havia um teto para o crescimento de Cássio que, no seu melhor desempenho, chegara a 47% em pesquisa divulgada em primeiro de setembro pelo IBOPE. RC já atingia 33%.

Nesse mesmo dia, eu registrei (clique aqui) sobre esse resultado:

O recomendável é esperar um pouco mais. Uma diferença de 14 pontos pode tranquilamente ser retirada em um mês de campanha. A questão a ser respondida é se o eleitor de Cássio estará aberto a mudar de voto. É essa a questão chave.

Pelo jeito, considerando o acerto da pesquisa, foi isso que aconteceu. Cássio perdeu votos ao longo do mês sob pesado bombardeio da campanha de mídia do governador e, 19 dias depois, a diferença, que era de 14 pontos, segundo o IBOPE, caíra para apenas 5%.

Na manhã do dia 19, portanto, antes da divulgação dos números da pesquisa IBOPE, que só foi concluída e divulgada à noite, eu voltei a analisar o quadro eleitoral da Paraíba um texto intitulado Segundo turno à vista (clique aqui):

“A duas semanas da eleição, tudo indica que a velha divisão no eleitorado que marcou a Paraíba nas três últimas eleições está prestes a se repetir.”

“A mais de dois meses estacionado entre os 44%-47%, Cássio não conseguiu abrir uma vantagem que lhe desse a segurança de que não seria alcançado até o dia da eleição e venceria no primeiro turno.”

“Por outro lado, a julgar pelos resultados das últimas pesquisas, quando o eleitorado começa realmente a se definir, que mostram crescimento consistente da candidatura de Ricardo Coutinho e apontam para uma irredutível queda da diferença entre os dois principais candidatos e a realização do segundo turno.”

As pesquisas do IBOPE e da 6Sigma conseguiram captar o acirramento da disputa e cravaram empate técnico às vésperas da eleição, números que foram confirmados nas urnas.

João Pessoa quebra votação de RC

Apesar das vitórias expressivas, RC e Cássio tinham expectativas de maiores votações naqueles que são suas principais bases eleitorais. Em João Pessoa, RC emplacou uma diferença superior aos 76 mil votos: Ricardo Coutinho 212.230 ou 56% - Cássio 135.977 ou 35,9%.

Se comparamos com o desempenho de 2010, quando RC enfrentou José Maranhão, o governador reduziu sua votação quatro anos depois em 1.581 votos, quando obteve 213.811, o que significa que, em 2014, com um eleitorado maior e com o apoio das máquinas estadual e municipal, ele não conseguiu sequer repetir o desempenho de 2010, quando só tinha a Prefeitura lhe apoiando.

É bom lembrar que João Pessoa sempre um eleitorado majoritariamente hostil a Cássio e aos Cunha Lima. Em 2002, Cássio obteve 30% dos votos no primeiro turno, mas contava com o apoio do então prefeito, Cícero Lucena. Em 2006, chegou aos 39,2%, mas estava no governo.

Em 2014, Cássio obteve quase 36% dos votos sem contar com máquina alguma, e ainda faltando-lhe o apoio de Cícero Lucena, decisivo nas votações anteriores obtidas por Cássio na Capital.

Se o tucano, entretanto, não teve o apoio político e administrativo de antes, dessa vez sobrou o envolvimento militante de vários sindicatos de servidores, que fizeram uma campanha sistemática contra o atual governador. Esse, sem dúvida, foi um apoio que acresceu preciosos percentuais de votos ao espólio cassista em João Pessoa.

Campina quebra votação de Cássio

O mesmo pode ser dito em relação à Campina Grande e o desempenho de Cássio. Se, em termos percentuais, a diferença pró-Cássio foi 10% maior na cidade, chegando a quase 30 pontos percentuais (59,8% a 29,9%), numericamente essa diferença acabou sendo menor: 63.854 votos (127.701 a 63.847), o que permitiu, comparando o desempenho dos dois em João Pessoa e Campina, uma diferença pró-RC em torno de 12 mil votos.

Comparando com 2010, Ricardo, apoiado por Cássio, obteve 130.157 votos (64,22%), ou 2.456. Veja que, em 2010, Cássio conseguiu mais votos para RC em sua cidadela eleitoral do que para si próprio, agora em 2014. Isso mesmo com o apoio da Prefeitura campinense, que ele não teve quatro anos atrás.

Em Campina, não há como negar o desempenho surpreendente de RC no município que, no início da campanha, poderia ser o seu Calcanhar de Aquiles.

O que parece ter ocorrido é que, diante da polarização real que se estabeleceu na campanha, o eleitor que tradicionalmente vota contra os candidatos da família Cunha Lima optou por RC.

Mas, só isso não explica, porque a soma dos votos de RC com os de Vital do Rego (8,3%) e todos os outros candidatos em Campina ultrapassam os 40%!

O que pode ser explicado pelo desempenho sofrível da administração do prefeito da Rainha da Borborema, Romero Rodrigues, tucano e primo de Cássio.

Das 10 maiores cidades RC venceu em 7. Nas 20 maiores, o governador venceu com mais de 30 mil votos de frente

Um aspecto que eu venho chamando a atenção desde 2009 diz respeito à mudança no perfil do eleitorado nordestino e de suas lideranças, cada vez mais urbanas e de classe média.

A visibilidade dessas mudanças foi potencializada depois que Lula chegou ao governo e, no Nordeste, viabilizou a ascensão de muitas lideranças de esquerda aos governos nordestinos.

Da Bahia, até 2006 tradicional base do carlismo, ao Maranhão, dos Sarney, a mais longeva oligarquia que ontem foi derrotada por Flávio Dino, do PCdoB, nenhum governo estadual desde então deixou de ser ocupado por lideranças com vínculos com a esquerda e cuja origem social é oriunda de grandes centros urbanos. Muitos começaram sua carreira política como sindicalistas.

A Paraíba foi o estado onde essa mudança mais demorou chegar, mas em 2010 ela finalmente aconteceu com a eleição de Ricardo Coutinho.

Pois bem. Quem observar atentamente o quadro eleitoral de 2014 verá que a tendência que se observou em 2010 foi aprofundada. Há quatro anos, RC surpreendeu a Paraíba ao vencer nas principais cidades do estado que seguem a linha da BR-230.

Em 2014, RC consolidou sua votação nessas cidades e, em alguns casos, até ampliou. Em 2010, na Região Metropolitana de João Pessoa (RMJP), RC foi derrotado em Santa Rita e Cabedelo. 

Em 2014, venceu em todas as cidades da RMJP. Além disso, venceu em Patos, Sousa e Cajazeiras, a tríade mais populosa do sertão, além de Monteiro, Princesa Isabel e São Bento.

Nas 10 maiores cidades paraibanas, RC obteve 439.745, o que representa 47% de toda sua votação, tendo vencido em sete delas e obtido uma diferença sobre seu principal adversário de 57.600 votos.

Quando consideramos as 20 maiores cidades, que sozinhas representam 50% do eleitorado paraibano, RC continua vencendo Cássio, mas a diferença cai agora para 31.438 votos.

E quanto mais a votação adentra os municípios menores, essa diferença diminui até Cássio ultrapassar RC e estabelecer uma diferença final de 28.388 votos.

Enfim, à candidatura de Cássio foi ao longo da campanha sendo empurrada para os pequenos municípios onde a influência dos prefeitos é maior sobre o eleitorado, o que fragiliza aos poucos a força política de uma liderança que se assenta nessas bases.

 


2014, nesse aspecto, se distingue das três últimas eleições onde o peso dos governadores candidatos à reeleição (Roberto Paulino, em 2002, o próprio Cássio, em 2006, e José Maranhão, em 2010) nos municípios de até 10 mil eleitores sempre ficou acima da média obtida nos maiores municípios. (Veja os dois quadros abaixo com as votações de 2002 e 2006 distribuídas entre grupos de municípios).



Enfim, nada indica que o segundo turno de 2014 será diferente tanto do que observamos no primeiro, quanto nas três eleições, todas decididas por margens mínimas de votos.

Análise de março de 2014: Pesquisa Consult-MaisPB mostra disputa em aberto para o governo

Nunca fiz isso, mas resolvi republicar artigo escrito em 27 de março de 2014 sobre o que se desenhava nas eleições que acabaram de acontecer na Paraíba, ontem. Leiam e vejam se a análise bateu com a realidade.


Daqui a pouco eu publico uma análise dos resultados do primeiro turno da Paraíba.
Até daqui a pouco.

Pesquisa Consult-MaisPB mostra disputa em aberto para o governo


Os números da primeira pesquisa de intenção de voto realizada depois do anúncio do rompimento entre o senador Cássio Cunha Lima e governador Ricardo Coutinho (Cássio, 40,8%; RC, 23,9%; Veneziano, 12,15%) nos permite pelo menos uma projeção: teremos uma disputa acirradíssima em 2014, repetindo o que aconteceu nas três últimas eleições.

Com a diferença de que, dessa vez, teremos três candidatos com chances de irem para o segundo turno.

Ainda falta a divulgação dos índices de rejeição de cada um para aferirmos melhor o potencial de cada um deles na disputa. Fiquemos por ora na análise das intenções de votos.

Cássio

Confesso que achei os números do senador e ex-governador tucano um tanto decepcionantes, considerando a competente movimentação política dos últimos anos e a espetacularização do anúncio do rompimento com RC, fato ocorrida há poucos dias.

Se considerarmos que, no campo da imagem, Cássio não fez nada nos últimos três anos não ser cultivar a dubiedade necessária na sua relação com o governo, de quem era apoiador e partícipe, os números de Cássio auferidos em um momento tão favorável devem acender o sinal de alerta entre os tucanos. Cássio não está com essa bola toda, como se imaginava.

Em 2010, Cunha Lima posou de vítima perseguida pelas forças malévolas do maranhismo, o que o ajudou a desviar o foco tanto da avaliação a respeito do seu governo, quanto dos motivos que levaram a sua cassação.

Tanto uma coisa como outra, se bem apresentadas ao eleitor, poderiam gerar grandes problemas para o tucano, mas o PMDB não soube aproveitar esse flanco aberto em 2010.

Por outro lado, a aliança com RC permitiu tanto que Cássio quebrasse a unidade do bloco liderado pelo PMDB, como essa aproximação com um político com uma imagem fortemente positiva no meio do eleitorado, ajudou o ex-governador a suavizar e a reconstruir sua própria imagem.

A vitória de 2010, numa situação inicialmente muito desfavorável, mostra o quanto a estratégia cassista foi correta, no que ela foi ajudada pelos erros primários cometidos por José Maranhão, especialmente durante a campanha.

Após a vitória de 2010, Cássio preparou com paciência o anúncio do rompimento com RC e o anúncio de sua própria candidatura. Sempre dúbio em relação ao governo, Cássio foi capaz de, mesmo de corpo inteiro no governo, manter-se palatável até para o mais empedernido antiricardista. Coisas da política paraibana...

Os 40% obtidos pelo tucano representam um número próximo ao que ele obteve nas eleições de 2002 e 2006, considerando os votos nulos e brancos. A questão é saber se esse é o teto cassista ou se ele pode crescer além disso. Por isso, os dados da rejeição são tão relevantes agora.

É bom considerar que Cássio correu livre e solto nos últimos três anos. Paparicado pela oposição, que ansiava pelo rompimento, e sem poder ser atacado pelo ricardismo, imobilizado diante da esperança de ainda manter a aliança, Cássio manuseou com a habilidade costumeira as expectativas de potenciais adversários em relação a ele.

Depois do rompimento, a situação mudou. E para pior. A máquina de comunicação do governo vai tentar a todo custo desconstruir a imagem do ex-governador. Líder nas pesquisas e, hoje, a ameaça principal tanto ao ricardismo quando ao PMDB, Cássio vai penar sob pesada artilharia.

Ou seja, a tendência é Cássio perder fôlego e alguns dos votos incorporados ao espólio nos últimos anos, o que não tende a inviabilizar sua candidatura, mas igualá-la em potencial a dos principais adversários. Só durante a campanha teremos uma percepção mais clara se o tucano será presença garantida no segundo turno.

Ricardo Coutinho

Para um candidato que está há três anos sentado na cadeira de governador, a situação de Ricardo Coutinho não é nada confortável. Os 24% das intenções de voto o colocam numa posição muita frágil, seja porque esse resultado indica que o seu governo não anda bem avaliado, seja porque sua liderança não parece ainda consolidada no estado.

E RC tem uma dificuldade mais grave para superar essa situação. A sua força aglutinadora parece localizada quase que exclusivamente no controle da máquina administrativa, o que tem lá sua importância, mas é insuficiente para levar um candidato à reeleição à vitória, como 2010 já demonstrou.

Do ponto de vista da estrutura partidária, RC não dispõe de uma que possa lhe dar suporte nos principais municípios, à exceção de João Pessoa. E é nesses municípios de grande porte onde RC tem mais contestação e mais insatisfações com seu governo.

Mesmo na Capital e região metropolitana, o PSB perdeu muito da força acumulada depois que o ex-prefeito Luciano Agra e seu grupo romperam com o governador. Aqui, RC pode viver o pesadelo de ter que dividir por igual o eleitorado da Capital, vendo anulado aquele que foi seu principal colégio eleitoral.

Em Campina, o segundo colégio eleitoral RC tende a ser engolido pelo campinismo e sofrer uma pesada derrota eleitoral para seus principais adversários, que são campinenses. É improvável que Rômulo Gouveia, mesmo na vice, consiga abrir o coração de Campina para “forasteiros”.

Do ponto de vista dos grupos políticos, RC tende a ficar fora da polarização em Patos e Sousa, bem como em Guarabira e Monteiro. Em Cajazeiras, onde conta com o apoio de Carlos Antônio e seu grupo, RC disputa, mas sem grandes perspectivas de obter uma vitória que anule as derrotas em outros grandes municípios.

RC dependerá, enfim, do seu desempenho nos pequenos municípios, onde, aliás, venceram todos os candidatos à reeleição. É preciso saber se cada prefeito desse que está anunciando apoio ao governador entregará a rapadura como prometido.

Mas, é bom não subestimar Ricardo Coutinho. Além de contar com uma poderosa máquina administrativa e de comunicação, RC tem um portfólio de obras para mostrar interior adentro. Além disso, Coutinho tentará se apresentar como o político anti-oligarca, fato reforçado pelo tradicionalismo político e familiar dos outros dois candidatos.

Enfim, RC não está fora do jogo, mas terá grandes dificuldades nessa campanha, especialmente no segundo turno, se ele conseguir chegar lá. RC tem de torcer para o seu candidato a presidente não passar para o segundo turno com Dilma. Nesse caso, ele não terá a quem pedir apoio.

Veneziano

(...)

2014 promete


Enfim, a eleição de 2014 promete muitas emoções. Um prato cheio para quem gosta e acompanha a política.