Candidatura de Maranhão só se viabiliza se a imagem acima for verdadeira |
Parte da estratégia ricardista hoje reside em trabalhar com a dúvida e a incerteza, tanto no seu campo quanto no dos adversários.
Por isso, um mistério que ainda persiste nessa estratégia está relacionado ao verdadeiro papel que desempenha o super-secretário Nonato Bandeira na pré-campanha eleitoral, que mantém ao mesmo tempo a candidatura a prefeito de João Pessoa e o cargo no governo estadual.
Como eu não acredito nessa permissividade política de RC, e na disposição de grande parte da imprensa em peitar a orientação do governador em apoiar Estelizabel Bezerra, continuo a achar que a pré-candidatura de Nonato Bandeira tem um caráter de pura manobra diversionista.
Ou seja, a manobra objetiva gerar dúvidas sobre qual candidato/a tem mesmo o apoio de RC e desconcentrar as baterias da oposição e da imprensa oposicionista sobre Estelizabel Bezerra, deixando-a livre e solta.
Bezerra, como quem não quer nada, continua com a campanha a todo vapor pelos bairros da capital e sem que ninguém sequer cite o seu nome na imprensa. Quando chegar a hora, esse trabalho aparecerá nas pesquisas, que ao mesmo tempo cuidarão de mostrar as óbvias fragilidades da candidatura de Bandeira. Com o perdão do trocadilho, está será arreada.
“Unficado” o ricardismo, o passo dois da estratégia será colocar as máquinas da prefeitura e do governo estadual na rua. Com isso, talvez a oposição desça do salto alto e abandone também a ideia de que terá dois dos seus candidatos no segundo turno. Continuo a acreditar que apenas um dos candidatos – hoje, Lucena ou Maranhão – vão para o segundo turno com a candidata de RC.
Outro aspecto da estratégia ricardista passa por uma polarização com o Senador Cícero Lucena. E vice-versa. Nisso, Lucena e Coutinho estão juntos.
E essa percepção foi novamente confirmada depois que o repórter Clilson Jr., revelou em sua coluna no Click PB (clique aqui para ler) – um site reconhecidamente cicerista – informações obtidas de uma “fonte” – estratégia usual do jornalismo contemporâneo para fazer afirmações sem apresentar provas – de que há um acordo em andamento entre José Maranhão e Ricardo Coutinho.
Uma frase atribuída a RC concluiu o artigo de Clilson Jr., que tem como título Maranhão e Ricardo: juntos e misturados: “Maranhão, aquilo que nos une é mais forte do que aquilo que nos separa”. Bonito, não?
Tão bonito que a imprensa repercutiu o caso, sem, entretanto, procurar um dos interlocutores principais, José Maranhão.
Explorando em seguida esse flanco aberto, ninguém mais que o irmão do governador, Coriolano Coutinho, declarou ontem no PB Agora: “A política tem que ser feita na perspectiva de se criar um arco de aliança que efetivamente consiga levar o processo político à vitória”.
O Prefeito Luciano Agra seguiu no mesmo tom quando foi perguntado por repórteres se Maranhão seria “bem vindo de volta”. Enigmático, Agra deixou mais dúvidas do que certezas no ar: “Todos são bem vindos”.
A grande pergunta a ser feita diante dessa especulação é: qual o interesse de José Maranhão numa aproximação com RC? Eu não consigo enxergar nenhum, já que a força atual do ex-governador reside exatamente na arregimentação do eleitor anti-ricardista.
Qualquer dúvida que paire sobre isso beneficiaria a estratégia comum de Cícero e RC, que está centrada numa polarização mútua. Nesse caso, um cicerista levanta a bola para os ricardista chutarem. E que Maranhão se vire para agarrá-la.
Especular sobre esse possível acordo deixa o eleitor maranhista – que é, em sua grande maioria, antiricardista – com uma pulga atrás da orelha. Incrustada a dúvida no eleitor sobre um candidato, o passo seguinte é a mudança no voto. Cícero seria o principal beneficiário.
Se José Maranhão preza por sua candidatura deve deixar sua posição muito clara e se posicionar sobre essa especulação. Do contrário, estará apenas corroborando a estratégia dos adversários.
E Cícero por mais que tenha objetivos circunstanciais em comum com Maranhão, por enquanto é um deles.
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