José Dirceu é, jurídamente, um cidadão igual a qualquer outro |
Juridicamente, José Dirceu e José Genoíno são
diferentes em quê de você ou de mim? Eles tem, pelo menos, o direito de
reivindicar tratamento igual, como qualquer cidadão tem no Brasil de hoje? Por
que eles não teriam direito a um novo julgamento, se a decisão de condená-los
foi por margem tão apertadas e as penas impostas resultado de casuímos
jurídicos? E disso que Joaquim Barbosa tem medo? De ficar nu diante das mesmas câmeras
que tornaram herói um farsante? Um juiz que presta informações falsas à Alta
Corte brasileira para manter as altas penas impostas aos julgados?
Ao que parece, os que defendem a condenação a
qualquer custo querem é um julgamento de exceção, e que todas as leis que
protejam o cidadão (eu, você, qualquer um) sejam rasgadas para atender à fúria
"justiceira" de alguns, especialmente na grande imprensa.
Sinceramente, eu não vejo neles nenhuma expressão de
inconformismo ou indignação com a liberdade quando quem está na berlinda é
gente como o banqueiro Daniel Dantas, que, preso com fartas e incontentáveis
provas, recebeu num só dia dois Habeas Corpus do mesmo Ministro que hoje
baba de ódio falando em pizza no STF (Gilmar Mendes).
Perto de Daniel Dantas, José Dirceu é um anjo
querubim! E sabe por que Dantas não é julgado, nem muito menos
preso? Porque por atrás dele tem as pegadas do alto tucanato, as roubalheiras
(essas, sim!) das privatizações.
O "mensalão" é fichinha perto
do dinheiro público desviado durante as privatizações: são bilhões de
dólares desviados na forma de subavaliações de empresas estatais, da proteção e
direcionamento a determinadas empresas (em geral, bancos estrangeiros) para facilitar
que elas se apropriassem do patrimônio público, sem falar no financiamento estatal
para aquisição dessas empresas! Financiamento de bancos e grandes empresas para
aquisição de patrimônio público!
Por que essa sanha moralista apenas quando os
acusados são filiados ao PT? Para se perceber as diferenças de tratamento do
STF e da grande imprensa, é só verificar o tratamento dado a dois casos
semelhantes, porque estão inseridos nesse mau que assola a política nacional,
que é o financiamento das campanhas: o "mensalão" petista e o
"mensalão" tucano - que a grande imprensa chama de
"mineiro" (!): enquanto o petista foi julgado em prazo recorde para
os padrões da justiça brasileira, o tucano (que é de 1998, portanto, aconteceu quatro
anos antes) dorme serenamente nas prateleiras do STF.
Para apressar o julgamento e fazer com que os
petistas fossem condenados durante a campanha de 2012, todos os envolvidos
foram julgados em bloco, num único julgamento transmitido ao vivo em cadeia
nacional.
Enquanto isso, o mensalão tucano foi fatiado,
individualizado e propositadamente "esquecido".
E a compra de votos da reeleição? Palmério Dória
denunciou em livro lançado recentemente (O
Príncipe da Privataria) que mais de 200 deputados foram comprados para aprovarem a reeleição de FHC.
Nem uma CPI foi aberta para investigar esse
escândalo, que foi denunciado à época. O Ministério Público abriu alguma
investigação?
A grande imprensa cobrou "cadeia"? Falou
em pizza? José Dirceu tem um diferença: é do PT e foi o artífice da estratégia
que levou Lula à presidência para promover essa grande mudança social e
econômica que o Brasil vive hoje. Isso, para muita gente, é imperdoável,
inaceitável!
O ódio a José Dirceu é o ódio a Lula e ao que ele
representa para o Brasil e para seu povo. Os mesmos que o condenam hoje são os
mesmo que condenaram Getúlio Vargas, levando-o ao suicídio em 1954, e
defenderam e apoiaram o golpe militar de 1964!
É disso que se trata! É esse esforço - espero que
inútil - de repetição histórica que querem ver novamente em 2014. Não vão ver,
porque do outro lado tem gente disposta a resistir e a lutar para que o Brasil
continue a mudar.
Eu não defendo a priori ninguém. Ninguém está acima
da lei, mas todos devem igualmente ser tratados com equidade jurídica.
Por que não estender a José Dirceu o direito que
qualquer cidadão tem de recorrer de qualquer decisão da Justiça que lhe seja
prejudicial?
Qualquer cidadão pode solicitar novo julgamento se a
decisão sobre sua condenação foi apertada. No caso do "mensalão", a
decisão foi em última instância.
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