O governador Ricardo Coutinho parece ter perdido o bom senso, alienado do mundo real pelo cerco do poder. Antes elogiado pelas pessoas mais próximas pela disposição de ouvir e ser convencido, depois que assumiu o Governo da Paraíba isolou-se num mundo particular comandado pelos valores frios das decisões “administrativas”. RC se tornou o mais legítimo tecnocrata no poder e decretou a morte dos ideais em seu governo.
No seu mundo, não existe sentimento, dor, amargura, interesse, esperança. Tudo deve estar subordinado à utopia de um “admirável mundo novo”, onde a fria expectativa de um mundo racional substitui a política e a paixão.
Isolado nesse mundo de aparências,
cercado pelo que restou de um staff
onde quem pensa por conta própria não pode a ele pertencer e quem tem objetivos
que não sejam os do chefe é dispensável, RC reformulou por completo seus
pensamentos e a si próprio, a tal ponto que quem não tenha acompanhado essa
trajetória não conseguiria identificar que o indivíduo que ocupa hoje a Granja
Santana seja mesmo o velho RC de guerra. Hoje habita ali um outro homem, de
novas ideias, novas posturas, novas companhias.
Primeiro, afastou-se dos
aliados políticos mais próximos, preferindo a companhia de adversários
históricos.
Depois, rompeu com categorias que tradicionalmente apoiaram sua
trajetória, tratando-as de forma quase desrespeitosa, como foi o caso dos
professores e do Fisco. Abandonou suas ideias mais caras ao levar a visão
empresarial para gerir o serviço público, isso na saúde, antes campo
privilegiado de sua ação e identidade política.
Depois, foi se indispondo com
seus mais próximos companheiros, após décadas de harmoniosa convivência. Passou
a tratar aqueles que estavam com ele desde os primeiros e duros anos de
militância como inimigos. Incorporou a soberba desse novo mundo ao sugerir
“umas palmadas” para o tratamento das divergências com o prefeito da mais
importante cidade paraibana
Agora, veio com essa de tratar o
ex-governador José Maranhão de “Matusalém”, sugerindo ser ele velho demais para
a política. Essa atitude não é apenas deselegante e desrespeitosa, ela
reverbera na política um sentimento próprio do mercado e do utilitarismo que
deseja comandar nossas vidas e teima em nos enxergar como coisas, que devem ser
usadas e jogadas fora.
Ao tratar esse personagem bíblico de maneira jocosa,
utilizando-o para atacar um adversário, RC dá a entender que os mais velhos são
descartáveis como copos de plástico. É como se RC desejasse a morte política de
Maranhão por antecipação, esquecendo-se que quem determina isso são os
eleitores. RC também esquece que não é a idade que, em política, determina
se um indivíduo é ou não “velho”. São suas práticas e suas ideias.
Por certo,
RC parece preferir a juventude do deputado federal do Dem, Efraim Filho, um
jovem que na política é tão velho quanto os interesses que ele representa no
Congresso e na vida política nacional.
Eis a única novidade que Ricardo
Coutinho nos prometeu. Um novo Ricardo Coutinho.
* Texto publicado no Jornal da Paraíba de 15/07
* Texto publicado no Jornal da Paraíba de 15/07
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