RC, Cássio, Veneziano e Agra: 2014 passa por eles |
Comecemos por Ricardo Coutinho que, sem dúvida, sofreu um
importante revés depois da derrota em João Pessoa. A situação eleitoral no
segundo turno foi tão desconfortável para o governador com a passagem de dois
dos seus mais ferrenhos adversários, que RC foi obrigado a declara-se neutro,
entre outros motivos, porque o seu apoio foi rejeitado por Luciano Cartaxo e
Cícero Lucena.
As vitorias mais importantes do PSB, entre elas Cajazeiras e
Bayeux, não se deveram à força do governador, mas às lideranças locais de
Carlos Antônio e Expedito Pereira. Mas, mesmo sem elas, RC continuaria a ser um
forte candidato à reeleição, por mais desgastado que ele esteja nos grandes
centros. Além de tempo para reverter essa situação, RC tem uma poderosa máquina
que dá a qualquer governador uma imensa vantagem.
Mas, é bom lembrar, isso por
si só não basta. O exemplo de José Maranhão em 2010 ainda está bem presente na
memória política dos paraibanos.
O Senador Cássio Cunha Lima saiu revigorado, especialmente depois
da vitória de Campina Grande. Impossibilitado de concorrer ao governo por conta
Lei do Ficha Limpa, Cunha Lima dispõe de duas opções. A primeira delas é seguir
em sua aliança com o governador Ricardo Coutinho, agora numa posição mais
vantajosa. Controlando a Prefeitura de Campina Grande, o ex-governador não
depende mais tanto de RC e tenderá a pedir cada vez mais alto para manter-se
apoiando a gestão do PSB.
A segunda delas é lançar um candidato para cultivar
seu espaço eleitoral por onde pretende retornar ao governo em 2018. A
dificuldade desse projeto reside em aglutinar forças em torno de um candidato
com limitada expectativa de vitória. Por isso, considero que o mais provável é
a manutenção da aliança com RC.
O PT, por outro lado, ampliou bastante sua capacidade de
influenciar nas disputas futuras na Paraíba, mas carece de uma liderança de
peso que possa oferecer seu nome na disputa. À exceção de Luciano Agra, que
parece ainda não dispor de força suficiente para participar com chances reais.
Como o PT passou daquela fase de lançar candidatos apenas para marcar posição,
e como 2014 envolve também a eleição presidencial e as alianças que lhe darão
suporte nos estados, é bastante provável que o PT opte por uma aliança na
Paraíba com o atual prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, do PMDB,
aliança partidária que deve se repetir nacionalmente.
E isso nos leva ao último, mas não menos importante, ator
desse processo, que é o atual prefeito de Campina Grande. Mesmo derrotado,
Veneziano Vital mostrou força ao levar uma candidata desconhecida, sem
experiência política e eleitoral, a um expressiva votação no segundo turno,
quando ela amealhou mais de 40% dos votos, disputando com um deputado federal
que, mais importante do que isso, representava a tradição da família Cunha Lima
na cidade.
Vital do Rego pertence ainda ao PMDB, a principal máquina partidária
do estado e que conquistou o maior número de prefeituras em 2012, entre elas as
de Patos, Sousa e Cabedelo. Além disso, Veneziano tem um atributo bastante
valorizado nos candidatos , que é a juventude.
Enfim, a Paraíba tende a ver repetir as composições partidárias
que se enfrentaram e dividiram meio a meio o estado nas últimas três eleições
(2002, 2006 e 2010). A força adquirida pelo PT e o carisma pessoal de Veneziano
Vital serão um poderoso contraponto à máquina ricardista aliada do cassismo.
(*) Artigo publicado originalmente no Jornal da Paraíba, na edição de domingo (04.11.2012)
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