A acusação contra Lindbergh Farias, que pediu para Paulo Roberto
Costa intermediar arrecadação de recursos junto à empreiteiras para financiar
sua última campanha ao governo do Rio de Janeiro, expõe a todos nós o mal que o financiamento
privado de campanha faz à política, às eleições e aos governos país afora.
Lindbergh vai ser investigado por um "crime" que, a rigor, é
cometido por quase todos os candidatos a cargos relevantes da República,
exatamente porque as campanhas estão cada vez mais caras no Brasil.
Ou se vai
às grandes empresas financiar suas campanhas ou se arruma um grande empresário
para arcar com boa parte dos custos da empreitada. Quem é o suplente do Senador
Cássio Cunha Lima? Quem foi o suplente, agora em pleno exercício do mandato, do
ex-Senador e hoje Ministro do Tribunal de Contas da União, Vital do Rego Filho?
Ora, na raiz do problema dessa corrupção
"sistêmica" - esse termo da moda que, se aprofundado, revelará quem
governa na verdade os Estados nacionais, hoje - está o financiamento privado de
campanha, que cria um ciclo vicioso a envolver todos os partidos que disputam
eleições com chances de vencê-las.
As campanhas ficam cada vez mais caras e partidos e
candidatos dependem cada vez mais de grandes empresas e grandes bancos para
financiá-las, lembrando que o interesse dessas empresas não atinge todo o espectro ideológico, ficando de fora os partidos mais à esquerda?
Aliás, por que será que os bancos privados, os maiores
financiadores de campanha no Brasil, estão passando ao largo das investigações atuais? Vai chegar o dia em que serão eles também investigados? Custo a crer...
E todo mundo é mantido sob esse ciclo de fogo que deprava
a política. E, para mostrar que suas intenções nada tem a ver com a moralização da política no Brasil, nem a mídia nem os grandes partidos - à exceção do PT - são
favoráveis ao financiamento público de campanha.
Este impediria o
comprometimento formal de políticos com empresas, daria mais igualdade às
campanhas, já que elas se tornariam mais baratas e impediria o enriquecimento
de muitos políticos e assessores espertos que arrecadam recursos sem a
necessidade de prestar contas - o caixa-dois é também uma maneira de enriquecer
candidatos e seus assessores.
Enfim, espero que a investigação do caso de Lindbergh Farias ajude a demonstrar esse fato, já que o parlamentar alega, e o pedido de investigação do MPF confirma isso, que trata-se de financiamento legal de campanha. É claro que não pode ser descartado o caixa-dois, mas mesmo isso é um fato, mesmo ilegal, é tão comum nas eleições que quase nenhum político eleito resistiria a uma investigação séria sobre as finanças de sua campanha.
É hora de aprovar financiamento público de campanha, senão todo esse esforço de mudar a política no Brasil terá sido em vão.
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