José Maranhão é um político de outra geração. Isso, na
política atual, que parece uma obviedade, tem um significado muito particular,
especialmente quando comparamos a geração nascida e formada politicamente antes
de 1964 com aquela do pós-Golpe Militar, ou seja, daqueles que entraram na
política pós-1985, e a qual pertence todos os outros candidatos a prefeito de
João Pessoa.
A geração pós-golpe é a geração proveniente de um hiato, um
hiato de 21 anos de ditadura, portanto, de uma geração de referências políticas
moldadas no autoritarismo que impediu o livre debate de ideias sobre os grandes
temas do Brasil, especialmente a questão agrária e a dependência . Já a geração
pré-64 é a geração do pós-Segunda Guerra, do nacionalismo, numa conjuntura que
não poderia ser outra coisa a não ser de esquerda, do desenvolvimentismo, da
Petrobrás, que desaguou no grande debate nacional sobre a necessidade das “reformas
de base”.
Essa geração que entrou para a política no imediato pós-64 é
a geração do Brasil urbano e industrial, da nova classe média e da nova classe
operária, da moderna agricultura do “agronegócio” e do pleno desenvolvimento do
capitalismo no campo, e a geração da modernização conservadora, que já nasce em
plena era televisiva, na qual o marketing é o expoente máximo. É a geração que
vai assistir o desenrolar final da crise e do fim da União Soviética e da
Guerra Fria, sendo, portanto, a geração do “fim da história” e da plena
hegemonia do militarismo norte-americano, cujo sintoma intelectual mais
sensível e o da crise do marxismo. É a geração que vive o nascimento da
hegemonia neoliberal e do pensamento único, e de uma esquerda em crise de
identidade e de paradigma. Essa é a geração de Cícero Lucena, de Estela Bezerra
e de Luciano Cartaxo.
A geração que entrou para a política no imediato pós-Segunda
Guerra é a geração de um Brasil que começava seu impulso de industrialização e
de urbanização. É a geração que viveu intensamente o debate sobre a necessidade
da reforma agrária e de uma industrialização de bases nacionais, cuja campanha
do Petróleo é Nosso, que mobilizou a
juventude da época, é expressão máxima. É a geração do rádio e do comício, onde
a palavra, e não a imagem, era mais importante. É a geração da expansão soviética
e da Guerra-Fria, do embate mundial entre dois sistemas socioeconômicos
(capitalismo X socialismo), da Revolução Chinesa, da Guerra do Vietnã e,
particularmente, da Revolução Cubana, do nacionalismo e do imperialismo, das
Ligas Camponesas. É a geração da maior efervescência política e cultural que o
Brasil já viveu. Essa é a geração de José Maranhão.
E José Maranhão foi formado politicamente nesse período e
foi vitima de suas opções. Filiado ao PTB varguista, José Maranhão se considera
um nacionalista e um desenvolvimentista, e por isso foi cassado pelos militares.
José Maranhão tinha um lado nesse embate de proporções históricas para o Brasil
que aconteceu na década de 1964. Filiado ao MDB, único partido de oposição ao
regime, Maranhão foi cassado pelo AI-5, em 1969, e ficou sem direitos políticos
até 1979, com a Lei da Anistia, e manteve sua filiação ao MDB, agora PMDB. É
dessa trajetória que provem a amizade com Antônio Mariz, político que a Paraíba
sempre reverenciou e da qual resultou na escolha de Maranhão para seu candidato
a vice-governador, 1994.
Por que a referência geracional para justificar uma escolha
eleitoral? A resposta nós podemos encontrar nos candidatos a prefeito de João
Pessoa e em seus vai-e-vens políticos e ideológicos. Num ambiente cuja marca é
a completa ausência de coerência com suas posições anteriores e com sua
trajetória, pela opção por um pragmatismo sem limites quando se trata de
projetos e alianças, José Maranhão é aquele candidato que, por sua experiência
e por sua trajetória, nos transmite maior confiança e consistência.
Por isso, amanhã, meu voto é José Maranhão.
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