Há muito se escuta falar na Paraíba numa alternativa à tradicional
polarização eleitoral entre grupos políticos que, a rigor, é tão velha quanto a
própria República – alguns dirão que isso remonta ao Império – no estado, mas
pouco se efetivou em termo práticos, a não ser pelas iniciativas fracassadas do
PT que, do início da década de 1980 até o início do ano 2000, lançou candidatos
que não se viabilizaram eleitoralmente.
Na eleição de 1990, o então governador Tarcísio Burity rompeu
com o PMDB e lançou um candidato, João Agripino Maia Filho, que sucumbiu diante
da polarização real que dominou as disputas daquele ano entre Ronaldo Cunha
Lima e Wilson Braga.
Desde então, nenhuma candidatura fora dos blocos que
tradicionalmente aglutinaram os principais grupos políticos do estado se
viabilizou.
Em 2010, quando se imaginava que, finalmente, havia amadurecido
a oportunidade da construção de um bloco alternativo de forças políticas e
sociais no estado, articulado durante as administrações de Ricardo Coutinho na
Prefeitura de João Pessoa, eis que o ex-petista abandona a ideia de uma terceira
via e resolve manter a velha polarização aliando-se ao cassismo para disputar as
eleições e tornar-se Governador da Paraíba.
Espaços vazios
A vitória em 2010, entretanto, custou a RC a perda da
liderança desse bloco de forças alternativas.
E, como em política não há espaço vazio, não custou muito que
para ele fosse ocupado pelo PT, em aliança com o PP e PSC, que disputou e
venceu com Luciano Cartaxo as eleições para a Prefeitura de João Pessoa.
Ao lado do ex-prefeito Luciano Agra, Luciano Cartaxo encarnou
com competência não apenas o sentimento antiricardista, mas soube falar a esse
eleitorado desejoso da prometida mudança política que, um dia, ele enxergou em
RC.
Foi assim que Cartaxo se viabilizou com alternativa às
forças tradicionais, inclusive o PSB do governador, e se elegeu Prefeito da
maior cidade do estado.
Fato que demonstrou que existe um imenso espaço a ser ocupado de um eleitorado que continua órfão de lideranças que saibam cativá-lo.
Por isso, engana-se quem acha que foi apenas o apoio de Cássio
Cunha Lima quem “deu” a vitória a Ricardo Coutinho em 2010.
Essa vitória foi resultado de uma combinação de fatores, mas
talvez o mais relevante deles tenha sido o desgaste da liderança de José Maranhão,
num fenômeno que também se verificou em outros estados no Nordeste, e voltou a
se repetir em 2012 na capital.
Quem tiver o cuidado de olhar não apenas para a imagem, mas
para a origem social da maioria dos governadores nordestinos, hoje, terá uma
ideia aproximada de um fenômeno eleitoral cujas bases se assentam nas mudanças
sociais que o Nordeste, em especial, viveu nas últimas décadas, fenômeno que
foi acelerado depois da ascensão do “lulismo”.
Os resultados de 2010 e 2012 podem ser lidos de várias
maneiras, mas eu prefiro achar que se tratou de uma reação do eleitorado
paraibano, especialmente em João Pessoa, mas não só nela, a essa enfadonha disputa,
que se repetia a cada eleição, entre grupos políticos que teimaram em não se
renovar.
Falta
ainda ao “blocão” um candidato
Por isso, se o PT e os partidos aliados conseguiram com
êxito ocupar esse espaço vazio deixado em João Pessoa pelo esvaziamento da
liderança de RC, ainda não é possível vislumbrar um movimento semelhante para
as eleições do próximo ano.
Mesmo mantendo a unidade, os partidos que se aglutinam no
chamado “blocão” (PT, PP e PSC) carecem ainda do cimento que dá liga a qualquer
projeto eleitoral, que é ter um candidato.
Sem contar com a possibilidade da candidatura de sua maior
estrela, o prefeito Luciano Cartaxo, que apenas inicia sua gestão à frente da
PMJP, o “blocão” patina sem oferecer um nome sequer para a montagem da chapa
majoritária, e vê a velha polarização se consolidar a cada dia.
O que não aconteceu, diga-se de passagem, única e
exclusivamente por conta da dúvida a respeito da candidatura de Cássio Cunha
Lima.
Os outros possíveis nomes do bloco (o Ministro Aguinaldo
Ribeiro e o Deputado Federal Leonardo Gadelha) parecem já ter feito a opção por
suas reeleições, restando o nome da Deputada Estadual Daniela Ribeiro, que não
se mostrou ainda capaz de despertar interesse no eleitorado.
Ou seja, ou o “blocão” oferece um nome com peso eleitoral
suficiente para disputar o governo ou não será levado a sério em 2014,
justificando o lançamento de uma candidatura apenas para facilitar que a
eleição vá para o segundo turno, o que, convenhamos, é muito pouco para um
bloco de partidos que conta hoje com um Ministro e o Prefeito da maior cidade
da Paraíba.
A sombra do PMDB
A indefinição é tanta que até mesmo o PT, o maior entusiasta
dessa articulação, parece já observar com desconfiança sua viabilidade.
Tendo como prioridades a reeleição de Dilma Rousseff e a de um
dos seus quadros para a vaga do Senado, passou o tempo em que o PT entrava
nessas disputas apenas para marcar posição.
Especialmente depois da conquista da PMJP, que projetou o
partido para voos mais altos no estado. Por isso, tende a desestimular disputas
de ordem paroquial, como a que opõe hoje Aguinaldo Ribeiro e Veneziano Vital.
Exatamente porque, sendo o PMDB um aliado nacional e único
partido que até agora declarou apoio à reeleição de Rousseff, ou o “blocão” se
viabiliza eleitoralmente ou não haverá justificativa para evitar o apoio a
Veneziano Vital no primeiro turno.
Enfim, o “blocão” precisa de uma definição urgente,
oferecendo a candidatura de Aguinaldo Ribeiro ou a de Leonardo Gadelha.
Sem isso, o “blocão” tende a não se viabilizar como
alternativa real em 2014. Esperar por 2018 talvez acabe sendo mesmo a melhor
opção.
Em seguida, trataremos da candidatura de Veneziano Vital.
Em seguida, trataremos da candidatura de Veneziano Vital.
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