No debate de ontem, Dilma e Aécio preferiram à moderação aos
ataques diretos dos últimos dois debates.
No debate da Band, Dilma acossou Aécio com perguntas e
respostas que desnortearam o tucano e serviram de munição para o resto da
semana.
Aécio foi para o debate de domingo (12) para posar de
vencedor e recebeu uma traulitada que se refletiu no debate posterior e nas
pesquisas.
Aécio quis reagir no debate seguinte, o do SBT, e dessa vez
passou do tom, usando palavras contra Dilma, uma senhora de 67 anos que é, quer
ele goste ou não, Presidenta do Brasil, chamando-a de "leviana" e
"mentirosa".
Podem ter certeza que pegou muito mal, especialmente entre o
eleitorado feminino.
Foi isso que fez Aécio mudar de tom. Ele já tinha feito isso
no programa eleitoral, ao mostrar a família, a esposa recente, a irmã mandona,
a mãe. O Aécio "família".
No debate da Record, Aécio teve uma estratégia confusa.
Repetiu as mesmas perguntas, cujas respostas Dilma parece até já decorou, aperfeiçoando-as.
O único ponto que eu considerei negativo foi quando, ainda
no primeiro bloco, Dilma questionou Aécio sobre os malfeitos do PSDB e o
tucano, sem resposta, voltou a discussão sobre a Petrobras. E Dilma, ao invés
de forçá-lo a debater o tema perguntado, foi na de Aécio e tirou do foco a
incômoda pergunta sobre a corrupção tucana.
No resto do debate, mesmo foi muito superior a Aécio. Mesmo
quando o assunto foi corrupção, Dilma conseguiu neutralizar o discurso
moralista da mídia tucana.
Dilma mais uma vez citou fatos que envolvem o PSDB em atos
de corrupção pretéritos nunca investigados, tão ou mais graves que os que a
mídia, de maneira seletiva, denuncia hoje.
E que a ampla maioria do eleitorado desconhece. E constrange
o eleitor tucano-udenista que "vota contra a corrupção". E o deixa
sem argumento.
Ajuda muito o fato "novo" do envolvimento do
ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, ter sido envolvido na delação premiada de
Paulo Roberto Costa, que tem muito mais vínculo com o PSDB do que com o PT, já
que ele nunca foi arrecadador petista.
Costa, para quem não sabe, assume cargo estratégico na
Petrobrás desde o governo FHC e foi responsável pela construção do imenso
gasoduto que liga a Bolívia ao Sudeste brasileiro.
Enfim, Aécio perdeu o discurso contra a corrupção,
restando-lhe debater fatos concretos do governo Dilma, políticas que interessam
ao povo. E foi nisso que ele se perdeu ontem porque o PSDB não resiste a a
mínima comparação com os governo do PT.
Cada pergunta era como se Aécio levantasse a bola para Dilma
bater. Assim foi na pergunta sobre saúde. Dilma lembrou que o PSDB ajudou a
desaprovar a CPMF, o que cortou do financiamento da saúde do brasileiro mais de
300 bilhões de Reais!
Mesmo assim, DIlma mencionou que dobrou os investimentos em
saúde, comparando com os gastos tucanos. E citou a criação de programas muito
bem avaliados pela população, como o Samu e o Mais Médicos.
No debate sobre investimento em obras de infraestrutura, até
agora eu não entendi porque Aécio tomou a iniciativa de levar essa questão ao
debate, na certa acreditando que se sustentariam as informações da cobertura
que a mídia, especialmente a Globo, faz sobre o PAC.
Nesse ponto, Dilma foi competente ao mostrar, com dados e
sem se perder em raciocínios confusos, as obras estratégicas do seu governo em
portos, hidroelétricas, duplicação de rodovias, abastecimento d’água, um
rosário de grandes obras que deixa qualquer tucano envergonhado de sua
incapacidade nessa questão.
No debate sobre o Pronatec, Dilma humilhou Aécio. Além de
tratar com ironia a comparação forçada com programas xoxos dos governos de São
Paulo nessa área – notem que Aécio sequer cita algo dos governos tucanos em
Minas, – Dilma teve a oportunidade de falar em “escala” de milhões de jovens
atendidos pelo Pronatec e, comparação fatal para um tucano, totalmente
gratuito. Dilma ainda não explorou como devia as comparações com as políticas para
o ensino superior, especialmente o Reuni.
Enfim, Dilma venceu o debate na semana decisiva antes da
eleição. E venceu porque o único recurso que resta a Aécio para fugir das
comparações é partir para o ataque - nesse caso, o problema é encontrar o tom adequando - e tentar centrar o debate na corrupção, algo
que se esgotou.
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