O debate realizado ontem (02/10) na Rede Globo acentuou duas dúvidas em relação à eleição presidencial que tendem apenas a se fortalecer nos últimos dias da campanha e que só serão resolvidas, claro, no
próximo domingo quando foram abertas as urnas da eleição presidencial.
A primeira diz respeito a se teremos segundo
turno, o que parece ser ainda o mais provável, ou se Dilma liquidará a faturo
logo no primeiro, fato que daria uma força imprescindível ao seu segundo
governo da petista para aprofundar as mudanças, como aponta ser slogan de campanha.
A segunda é sobre quem figurará em segundo lugar na disputa,
o que era impensável até um mês atrás, quando muitos, inclusive alguns petistas,
já davam como favas contadas a eleição de Marina Silva e o fim da hegemonia política
do PT na Presidência.
Dilma
pode vencer no primeiro turno
As últimas pesquisas apontam, de uma lado, para a persistência
da tendência de queda de Marina Silva e, de outro, para o crescimento de Aécio
Neves, mas também de Dilma Rousseff.
Hoje, segundo o Ibope, Dilma estaria a três
pontos de vencer no primeiro turno, com 47% dos votos válidos.
Ou seja, se for mantido o ritmo de crescimento lento, mas
persistente, de Dilma na reta final, é muito provável que ela chegue no domingo
muito próximo dos 50% dos votos válidos e ter uma definição sobre sua vitória por margem mínima.
Se Aécio cresce na reta final incorporando eleitores que já
foram seus e que migraram para Marina em razão da crença de que a ex-petista tinha
mais chance de derrotar Dilma Rousseff, a presidenta amplia sua vantagem com parte do eleitorado
que, desde 2010, aposta em Marina na expectativa de renovação.
Como mostram as pesquisas, a queda de Marina é homogênea em
quase todos os segmentos. Vejam os dados do Datafolha do desta quinta (2/10).
Entre aqueles que ganham de 1 a 2 salários, Dilma obteve
novo crescimento de 3% (foi de 42 para 45%), enquanto Marina caiu de 24 para 27%.
Foi entre os eleitores que recebem mais de 5 salários onde
Marina mais perdeu votos, considerando a faixa de renda. Enquanto Dilma cresceu
de 24% para 28% nesse segmento, Marina caiu 11 pontos, indo de 28% para 17%,
isso em apenas três dias!
Marina perdeu também votos até entre os Evangélicos. No mesmo período, a também evangélica perdeu 4 pontos percentuais (38% para 34%)
e agora está empatada com Dilma nesse segmento, onde a presidenta ganhou dois
pontos e saiu de 32 para 34% das preferências.
Aécio em segundo?
Entre os eleitores com ensino superior e entre as mulheres é
onde se encontram as maiores perdas de Marina.
No eleitorado com Ensino Superior, em um mês Marina perdeu
9%, e saiu de 37 a 28%, enquanto Dilma nesse mesmo período ampliou sua votação
de Dilma de 22 para 26%.
Em relação à idade, as maiores perdas de Marina aconteceram
entre os eleitores de 25 a 34 anos, quando ela caiu de 30% para 25%, enquanto
Dilma se manteve estável com 38%.
Em meio ao eleitorado feminino, Marina também sofreu grande
baque, perdendo 9% em 15 dias (34% para 23%), enquanto Dilma subiu de 32 para
40%.
Ou seja, Marina perde mais votos para Dilma do que para
Aécio, que não consegue crescer nos segmentos de mais baixa renda, a maior
parcela do eleitorado.
Por exemplo. Aécio só consegue crescer de maneira mais
consistente entre os eleitores com renda superior a 5 salários mínimos, onde
ele saiu de 30 para 32%, segmento em que, como vimos, Marina perdeu 11%.
E em meio ao eleitorado que tem nível superior, segmento em
que Aécio atingiu a liderança com 29%, crescendo 3 pontos, enquanto Marina perdeu
um.
Ou seja, Aécio cresce, mas apenas entre aqueles eleitores
que tradicionalmente compõem o perfil do eleitorado tucano, mas cresce ainda de maneira muito
discreta.
O problema é que a queda de Marina é muito acentuada e consistente, acontecendo em
quase todos os segmentos.
Como Dilma, inversamente, consegue crescer em
quase todos os segmentos, não é de todo absurdo trabalharmos com a hipótese de
uma vitória no primeiro turno.
E também, caso aconteça, tendo Aécio como seu
adversário.
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