Marina cresce cedo demais? |
Mesmo que a força não seja exatamente a que procura fazer
crer as pesquisas, o fenômeno Marina é real é inquestionável. Hoje, Marina não
apenas tem chances reais de vencer Dilma Rousseff, como é a favorita.
Hoje. No decorrer dos próximos 35 dias veremos se esse
fenômeno se sustenta ou se ele perde força, trazendo de volta Aécio à disputa e
recolocando Dilma novamente na condição de favorita.
Marina
cresce hoje roubando eleitores de Aécio
Pela pesquisa Datafolha de ontem, o crescimento de Marina se
dá avançando especialmente sobre o eleitorado de Aécio Neves, que perdeu 5%
entre 18 e 29 de agosto, portanto, uma queda acima da margem de erro, que é de
2%.
Se considerarmos a votação obtida no segundo turno veremos
que os 50% obtidos por Marina Silva representam quase a soma exata dos votos em
primeiro turno da socialista (34%) com os votos de Aécio (15%).
Dilma Rousseff caiu 2% e foi de 36 a 34%, o que significa
que ela se mantém estável já que a queda ficou dentro da margem de erro (ah, a
margem de erro!)
Todos os outros candidatos, à exceção do Pastor Everaldo,
foram a Zero. Agora, até o eleitor do PSTU vota em Marina. E mesmo Eduardo
Jorge, com o bom desempenho na propaganda eleitoral e no último debate da Band,
viu desaparecer os escassos votos que tinha.
A redução verificada entre os indecisos (de 9 para 7%) e os
que pretendem anular o voto (8 para 7%) também estão dentro da margem de erro.
Enfim, o que há de consistente mesmo nesse movimento
pró-Marina é a adesão expressiva dos eleitores de Aécio Neves (25% em uma
semana). Isso certamente tem a ver com o antipetismo desse eleitorado, que vota
em qualquer um que possa derrotar Dilma Rousseff.
Quando
a onda atingir o ápice, Marina começará a cair
Fenômenos como o que verificamos hoje são comuns em
eleições. As ondas eleitorais vem e vão com frequência que já não mais surpreendem.
Normalmente, chamamos de “onda” a rápida ascensão de um
candidato que até então não aparecia entre os favoritos. Geralmente acontece
com candidatos que não tem nem estrutura política e partidária nem estrutura
administrativa para dar suporte ao seu crescimento eleitoral.
São, em geral, fenômenos midiáticos, e o desafio desses
candidatos que começam a surfar as ondas eleitorais é manterem-se na crista
delas.
Sem um partido ou um governo para manter o desempenho a
tendência é que eles sucumbam na medida em que entram na linha de tiro dos
oponentes e os eleitores começam a conhecê-lo melhor.
Por isso, é essencial que a onda comece na reta final das
campanhas e atinja seu ápice nos dias próximos ao da eleição.
Notem que candidatos vitoriosos que começam a campanha com
um desempenho fraco crescem lentamente, mas de maneira consistente.
Esse, por exemplo, foi o caso da eleição de Fernando Haddad
para a prefeitura de São Paulo, em 2012. E de Luciano Cartaxo, em João Pessoa.
E tantos outros. Esses casos não são de ondas eleitorais, mas da estrutura de
campanha e discurso combinados.
A própria Marina Silva foi beneficiada por uma onda, em
2010. Só que a onda aconteceu muito tarde, o que a impediu de tirar José Serra
do segundo turno. Caso acontecesse 15 dias antes, Serra estaria em maus lençóis
naquela eleição.
Em 2014, a onda pode ter acontecido cedo demais, já que ainda dá tempo dos adversários tentarem desconstruir Marina.
Por isso, o mais importante é o momento em que acontece uma
onda eleitoral. Pelo que mostram as pesquisas, Marina ainda surfa essa onda,
mas ela está chegando no limite de crescimento, já que dificilmente ela
conseguirá tirar mais votos de Dilma ou de Aécio.
A onda Marina dura mais uma semana. Depois disso, ela precisará
de estrutura política e administrativa para manter-se na crista da onda. E
isso, ela não tem. Não de maneira consistente, o que significa que, ao primeiro
sinal de fragilidade, parte do apoio que ela consegue nesse instante tende
novamente a mudar de lado.
Lembremos que Marina não dispõe de tempo de TV para fazer
uma campanha
consistente, e isso vai ser importante quanto mais o dia da
eleição se aproxima e o eleitor começa de verdade a decidir seu voto.
E Dilma?
Um dado relevante a ser considerado é a rejeição da
candidata do PT: 34%, um índice de rejeição histórica para candidatos do PT,
qualquer que seja ele, inclusive e principalmente Lula.
Esse número também pode ser interpretado de outra maneira.
Se Dilma é rejeitada por 34% do eleitorado, outros 66% não a rejeitam e,
portanto, se mantêm aberto ao voto na petista. E esse dado é relevante para
abrir caminho para uma recuperação da presidenta.
Enfim, a eleição está em aberto e ninguém pode comemorar.
Especialmente os marinistas.
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