Marina e Maria Alice Setúbal, herdeira do Itaú, em reunião com outras senhoras das sociedade para arrecada fundos para Marina. A Casa-Grande tem candidato. |
Quem se animou com os
números auferidos por Marina Silva na última pesquisa Datafolha, realizada
durante a comoção gerada pela morte de Eduardo Campos, é bom esperar pela
campanha na TV, que começa a partir de hoje.
Desde 2008, quando
deixou o governo Lula, de quem foi ministra do meio-ambiente por mais de cinco
anos, da mesma maneira que aconteceu com Eduardo Campos, Marina foi estimulada
pela grande imprensa a se apresentar como a terceira via na disputa
presidencial para viabilizar o segundo turno.
Marina carregava o
charme da agenda ambientalista e a trajetória de mulher da Amazônia pobre que,
assim como Lula, ascendeu para a grande política.
Em 2010, Marina foi
candidata pelo PV, partido que abandonou após a eleição em razão de
divergências internas logo após o segundo turno, que foi viabilizado pela
meteórica ascensão de Marina e acabou lhe rendendo quase 20 milhões de votos.
Essa ascensão na reta
final ajudou a preservá-la das críticas adversárias e a fez passar incólume
pela campanha, colhendo apenas os louros de uma grande votação que a colocou no
jogo da disputa de 2014, seu verdadeiro objetivo.
O conservadorismo de Marina
Marina não chegou a ser
questionada em 2010 por algumas de suas posições conservadoras, muitas, aliás,
definidas em razão de sua opção religiosa.
Marina Silva é evangélica da Assembleia
de Deus, e isso se percebe pela maneira como se veste e ajeita o cabelo.
É claro que o problema
não é ser evangélico – muitos católicos pensam como ela, – mas de uma forma de
se posicionar sobre questões da cidadania orientada por sua denominação
religiosa.
E isso é relevante quando se trata de alguém que quer ser Presidente
da República.
Marina, por exemplo, já
defendeu que o criacionismo fosse ensinado nas escolas da mesma maneira que é o
evolucionismo. Marina é contra até pesquisas de células-troncos com embriões.
É também radicalmente contra o aborto e faz severas restrições à homossexualidade.
Marina e seu primitivismo ambiental bem ao gosto das grandes
potências
Mas, para a grande
mídia, especialmente a Globo – que é marcadamente uma emissora que alimenta o
preconceito contra os evangélicos no Brasil – não é isso que interessa na
disputa presidencial.
Interessa que surja uma
candidata que assuma os mesmo compromissos do PSDB com turma da Casa-Grande,
mas que não tenha o charme da novidade, e até com alguma tintura de esquerda.
E Marina, com aquela
expressão de santa imaculada, cai bem nesse perfil. Quem teve o trabalho de ler
programa de governo de Marina Silva de 2010 sabe bem com quem ela tem
compromissos.
No programa de 2010, Marina começa a apontar as linhas do seu pensamento.
E a mostrar – ou evitar
deixar claro – o que ela pensa a respeito de “sustentabilidade”, esse conceito criado
pelas grandes potências para ser dúbio e propositadamente confuso quando o
assunto é desenvolvimento econômico em países como Brasil.
E é nisso onde se
encontra o grande gargalo de seu projeto para o Brasil.
Marina não está
interessada em enfrentar o desafio de combinar desenvolvimento e preservação do
meio-ambiente. Marina é contra o desenvolvimento porque é contra a industrialização.
Depois de mencionar a
riqueza natural e energética do Brasil, diz Marina em seu programa de 2010: “Precisamos
construir o conhecimento que nos permitirá valorizar e conservar o nosso
patrimônio ambiental”, ou que “o Brasil e o mundo demandam um novo padrão de
crescimento econômico”
Isso pode ser apenas interpretado
como mais duas frases de efeito, mas quando se trata de Marina Silva é melhor observar
com mais atenção.
Ela é um pouco mais
precisa logo à frente, quando afirma com clareza que o modelo atual é baseado “em
ideias de modernidade e industrialização dos séculos 19 e 20” e que “pensar em ‘crescimento’,
a qualquer custo, como se fez ao longo dos dois séculos anteriores, é tomar o
planeta como recurso inesgotável”.
Isso explica a atitude
de Marina de tentar inviabilizar a construção da hidroelétrica do Rio Madeira, na Amazônia, na sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente.
Você deve estar se perguntado: como então promover desenvolvimento sem gerar
energia?
Veja bem e é disso que
se trata: entre modernizar uma região gerando energia e emprego e manter
intocado o meio ambiente, Marina opta pela segunda opção.
Isso parece muito
simpático, mas é exatamente o que EUA e Europa esperam ouvir de Presidentes de
países como o Brasil desde que a agenda sustentável se tornou um consenso no
mundo em meados da década de 1980.
Foram Europa e EUA que
bancaram na ONU e nas agências de financiamento (BIRD, BID) essa agenda “sustentável”.
Só que Marina vai além em
seu quase primitivismo ambiental, onde a Amazônia deve permanecer intocada e o
agronegócio – tanto o pequeno como o grande – deve ser desestimulado.
Vejam o que ela diz
sobre a gestação desse novo modelo: “O novo caminho não está pronto e ninguém
pode sozinho afirmar qual é. Ele é emergente e cocriado. Nasce
simultaneamente em vários lugares em que homens e mulheres conscientes de suas
responsabilidades colaboram entre si.”
O que significa Cocriado? Por quem? Pelos
EUA e pelo Brasil, solidariamente sentados à mesa em busca de um modelo comum e
benéfico para os dois, como se nessa questão houvesse espaço para interesses comuns? Pergunte ao produtor de milho americano o que ele acha disso?
E não pense que se trata
aqui de ingenuidade de Marina, que foi Ministra do Meio Ambiente por cinco anos
e se embrenhou em meio aos gigantescos interesses em jogo (empresariais e
geopolíticos) quando o assunto envolve meio ambiente.
Ela sabe muito bem para
quem está falando.
Marina, a queridinha dos banqueiros
E quando o assunto é
economia é que se percebe que Marina não passa de uma tucana com cara de
pobre. Nesse campo, não há, como realmente nunca houve, uma “terceira via”.
A começar pelos economistas
que assessoram Marina, todos “alinhados ao mercado”: Eduardo Giannetti e André
Lara Resende, além de empresários como Guilherme Leal, da Natura, e Álvaro de
Souza, que trabalhou no Citibank.
Sem esquecer da herdeira
do Banco Itaú, Maria Alice Setúbal, que foi uma das grandes articuladoras no processo temporariamente fracassado de criação da Rede Sustentabilidade.
Neca para as íntimas ficou
conhecida como “a fada madrinha de Marina Silva” em razão das reuniões, chás e
jantares oferecidos para arrecadar recursos tanto para a campanha de 2010 como
para a estruturação da Rede Sustentabilidade.
As duas se conheceram em
2007, ainda quando Marina era ministra de Lula. O Itaú doou oficialmente 1
milhão de reais à campanha de Marina de 2010.
Enfim, com o perfil de
Marina e com uma turma dessas nas proximidades, é bastante provável que o
governo FHC fique à esquerda de um improvável governo de Marina Silva.
Você vai pagar pra ver?
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