Mudança na política de aliança petista pode determinar a derrota de Lucélio |
Ao decidir aliar-se ao governador Ricardo Coutinho às
vésperas das convenções partidárias que definiriam as chapas e coligações para
as eleições de 2014 na Paraíba, o PT não apenas rompeu com a trajetória de três
anos e meio de oposição, postura que foi decisiva, por exemplo, para levar o
partido à vitória de 2012 em João Pessoa com o apoio de Luciano Agra, então
prefeito.
Essa mudança surpreendente também colocou na disputa o
favorito nas pesquisas para o Senado, o ex-governador José Maranhão, que seria
candidato a deputado federal caso a aliança PT-PMDB fosse mantida.
E apoiaria
Lucélio Cartaxo, lançado pelo PT à única vaga em disputa para o Senado em 2014.
O cálculo do PT presumia que o PMDB não teria forças para
manter a chapa para o governo e teria como única alternativa seguir o mesmo
caminho, indicando a vaga de vice na chapa ricardista.
O erro ficou evidente quando o PMDB não apenas lançou Vital
do Rego Filho em substituição ao irmão, Veneziano, para o governo, mas também,
como queriam 100% dos peemedebistas, José Maranhão para o Senado.
Esse foi o resultado político do repentino movimento petista,
que assumirá proporções de um desastre em caso de derrota de Lucélio Cartaxo,
um erro de graves consequências internas e externas.
Internamente, o PT da Paraíba criou problemas com a Direção
Nacional porque confrontou um poderoso aliado nacional em um estado onde as
pretensões do partido não incluía disputar o governo estadual.
Logo isso ficou patente quando um advogado representando a
Executiva Nacional do PT aterrissou em João Pessoa para desautorizar a direção
estadual e recorrer à Justiça Eleitoral contra a decisão que deixava Dilma
Rousseff sem palanque na Paraíba.
Mais ainda. A decisão de coligar-se com o novo aliado teve o
condão de colocar um fim na estável relação interna que assegurava ampla
hegemonia ao grupo liderado por Luciano Cartaxo.
Hoje, importantes lideranças petistas e a ampla maioria dos
sindicalistas não seguem mais a liderança do prefeito de João Pessoa.
O deputado Frei Anastácio, por exemplo, declarou ontem (23) apoio
à candidatura de José Maranhão ao Senado, preferindo votar no peemedebista a apostar em companheiro de partido.
O ex-deputado e ex-secretário de Articulação Política da
capital, Rodrigo Soares, e seu numeroso e influente grupo, que inclui o
ex-superintendente da Emlur, Anselmo Castilho, também já não segue a mesma cartilha dos Cartaxo.
Soares é membro da direção nacional do PT e talvez a
liderança estadual com mais trânsito com Lula e Dilma. Gilberto Carvalho, o
ministro mais próximo de Lula no atual governo, veio a João Pessoa para
participar do lançamento da candidatura de Soares à Assembleia.
Por aí se vê o quanto a decisão do PT criou constrangimentos e problemas internos.
Do ponto de vista externo, a aliança com RC colocou à mostra
uma grave contradição do PT, que mudou de discurso repentinamente, crítica, por exemplo, que é a base da desconstrução da candidatura de Marina Silva no plano nacional.
Mesmo o
eleitor ricardista deve ter visto com desconfianças transfiguração política tão injustificada,
a não ser para acomodação de interesses individuais.
Na capital, onde o campo estava aberto para que o petista
recebesse votos de um eleitorado carente de novas lideranças (de oposição e de situação), Lucélio perde, por exemplo, a expressiva votação de servidores e lideranças de servidores. Parte desse eleitorado caiu no colo de José Maranhão.
A consequência eleitoral desse erro primário do PT, ao mudar de trajetória política e aliar-se ao PSB, pode ter comprometido o principal objetivo do partido nessa eleição, que era eleger um Senador, objetivo que era mais do que factível - e a campanha atual mostra isso, - com o apoio do PMDB e José Maranhão.
Amanhã eu volto para tratar da candidatura de José Maranhão.
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