Desde que José Maranhão, em 2010, e Veneziano Vital, em
2012, ambos do PMDB, foram derrotados para o Governo do Estado e para a Prefeitura
de Campina Grande, respectivamente, que se abriu um imenso espaço vazio cuja luta
pela sua ocupação está em pleno desenvolvimento.
Sem lideranças capazes de reivindicar o espólio que pertence
ao partido, o PMDB se vê na contingência de ter de assumir posições secundárias
na política paraibana e dividir-se nas eleições, como já é próprio do partido no
plano nacional desde o fim do governo de José Sarney, em 1990.
Em 2014, por exemplo, boa parte dos peemedebistas apoiou a
candidatura do antigo arquirrival, o tucano Cássio Cunha Lima, deixando no
abandono Vital do Rego Filho – mesmo antes, quando Veneziano Vital era o
candidato a governador, o divisionismo peemedebista era visível.
O PT foi incapaz de enxergar esse fato, o que RC aparentemente
já havia entendido quando acenou, sem a devida reciprocidade, para José
Maranhão durante meses antes de fechar o acordo com Luciano Cartaxo.
Cartaxo teve nas mãos o PMDB e deixou-o escapar
deliberadamente ao romper a aliança, depois de meses a fio de tentativas de
enfraquecê-la – lançando primeiro o “blocão”, depois Nadja Palitot, tudo com o objetivo
de ganhar tempo e fragilizar Veneziano Vital, o que, inquestionavelmente, deu enormes
resultados.
Caso tivesse cultivado a aliança, ao invés de desmerecê-la, Cartaxo
teria praticamente assegurado uma aliança de maior longevidade com aquele que
ainda é o maior partido da Paraíba, especialmente para a sua reeleição em João
Pessoa.
E de quebra teria imensas chances de eleger o irmão,
Lucélio, para o Senado, como ficou demonstrado durante a campanha, já que não
apenas José Maranhão não seria candidato como iria apoiá-lo. Fora do segundo
turno para o governo, o inevitável acordo com RC aconteceria, só que em novas
bases.
Se tivesse privilegiado a aliança com o PMDB, o PT
pavimentaria o caminho para manter-se na Prefeitura da Capital e, em seguida,
para o Governo do Estado. Mas, não foi isso que aconteceu.
PMDB ficará com Ricardo
Isso já são águas passadas e o que Cartaxo manteve do PMDB foram ressentimentos. De todas as alas. Por outro lado, Ricardo Coutinho e o PMDB dão
claras demonstrações de que constroem uma aliança que tende a ter
desdobramentos na política paraibana.
Diferentemente do início do primeiro mandato, quando RC
tinha um governo a fazer e um estilo a consolidar, e a sombra de Cássio Cunha
Lima a atanazar seus projetos de longo prazo, hoje o governador tem pela frente
o desafio de consolidar sua liderança na Paraíba.
E a ocupar o que um dia foi – por mais de 20 anos – o lugar
do PMDB e de José Maranhão no embate com o já decadente cassismo. Sem
lideranças capazes de agregar o PMDB no curto e médio prazos, a tendência é que
os peemedebistas majoritariamente consolidem a aliança com RC.
E o primeiro passo será dado em 2016. O segundo em 2018.
Em 2016, projetos comuns podem unir RC ao PMDB. Tanto em João Pessoa quanto em Campina Grande. Não pensem que há
acordos prévios. RC joga duro e, como já ficou demonstrado, ele sabe jogar.
Por enquanto, ele cultiva a aliança o PMDB, que já tem
assegurada a Presidência da Assembleia a partir de 2017, nos dois anos em que será
definida a aliança para 2018.
Quando chegar a hora de discutir as alianças, o apoio que o
PSB/Governo do Estado pode oferecer ao PMDB em Campina Grande terá de ter
reciprocidade em João Pessoa. Aí chegará a hora do PMDB finalmente ocupar os
espaços que reivindica no governo estadual, especialmente José Maranhão.
Com a aliança PSB-PMDB confirmada, restará pouco espaço ao
PT e uma aliança, mesmo que branca, com PSDB talvez seja mesmo a única
alternativa.
Até nisso, Cartaxo pensa em repetir o que fez Ricardo Coutinho. A questão é que a história se repete duas vezes, e a segunda é como tragédia.
João Azevedo será o nome
de RC para Prefeito ou Vice
Notem que a grande aliança celebrada no segundo turno de
2014 para ter continuidade terá de deixar o PSB de fora das chapas majoritárias
nas disputas pelas duas principais prefeituras da Paraíba.
O PT já tem um candidato natural em João Pessoa e o PMDB em
Campina, restando ao PSB apenas o espaço de vice nas duas chapas majoritárias.
Alguém ligado à Prefeitura de João Pessoa, que não é petista, certa vez me manifestou em off a estranheza do Prefeito Luciano
Cartaxo não ter incluído no acordo realizado em 2014 com Ricardo Coutinho o
apoio à sua reeleição.
A única explicação plausível que na ocasião eu esbocei foi
essa: Cartaxo não queria abrir a discussão sobre composições porque isso implicaria
em outro compromisso, agora de sua parte: quem indicaria o vice? Toda
essa pendenga atual do PSB com o PT talvez tenha nessa questão a raiz do conflito entre os dois partidos?
Mais uma vez, Cartaxo deseja repetir o que RC fez na sua sucessão: indicar
um vice de sua estrita confiança para que ele possa ter tranquilidade e
segurança para dar seguimento ao projeto de eleger-se governador em 2018.
Nesse caso, sobraria um único nome, já que Lucélio Cartaxo não poderia: o do atual Secretário de
Planejamento da PMJP, Zênnedy Bezerra.
O resultado é esse. Sem acordo prévio RC pode reivindicar o
direito de lançar – ou não – um candidato a Prefeito, decisão que só deve ser tomada, como eu afirmei na última postagem, mais próximo do fim do ano.
Mas, o governador já prepara um nome. E a receita é por
demais conhecida: um técnico, com fama de bom administrador, com alguma
capacidade de se comunicar e que seja capaz de agregar.
Essa receita já foi utilizada com sucesso nas últimas
eleições aqui no Nordeste pelo próprio PSB.
Em 2012, por exemplo, o partido lançou o Ex-secretário
estadual de Planejamento e Gestão, Geraldo Júlio, que se elegeu no primeiro
turno prefeito de Recife. Contra Humberto Costa, candidato do PT, que administrava
até a Capital pernambucana.
E um nome com esse perfil o PSB pessoense dispõe. Trata-se do engenheiro
e professor João Azevedo, atual Secretário de Recursos Hídricos, do Meio
Ambiente e da Ciência e Tecnologia da Paraíba.
Num ambiente marcado ostensivamente pela desconfiança com a
politica e com os políticos, Azevedo cumpriria bem o papel de representar o “técnico”,
cujo nome não emergiu de uma carreira política, mas do trabalho de quem planeja e propõe soluções.
Discurso que casaria bem com a imagem que RC constrói sobre
si e sobre o seu governo.
Caso Cartaxo não aguente a pressão e abra mão para o
PSB indicar o candidato a Vice-Prefeito ele praticamente asseguraria a sua reeleição. Mas o deixaria sem iniciativa e nas mãos de RC nas disputas para o governo
em 2018, praticamente obrigando-o a desistir desse projeto.
Por isso, RC deve jogar nessas duas frentes, sempre olhando para 2018. Mas pode ser
que as chances de romper a aliança com o PT e lançar candidato acabe se impondo, tanto interna (no PSB) quanto externamente, especialmente por conta das dificuldades políticas e administrativas que Luciano
Cartaxo vive, hoje, sem muita margem de manobra.
Com o agravante de que 2015 será um ano de dificuldades
financeiras, sem muita margem para ampliar a ação política e administrativa da PMJP.
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