Tem se tornado
frequentes as reuniões da bancada federal paraibana com o Executivo estadual
com o objetivo de debater questões prementes do Estado, o que deve ser visto
como um bom sinal de maturidade política de ambos os lados, tanto do governo
quanto da oposição.
Tanto no plano regional, quando governadores nordestinos
fazem o mesmo, o que é facilitado pela proximidade política entre os mesmos, quanto
no estadual, é possível vislumbrar algo que vá além das costumeiras disputas
que, em geral, desprezam o interesse público.
Em tempos não muito
distantes, o então governador Cássio Cunha Lima acusou seus opositores
peemedebistas de pressionarem o presidente Lula para que ele não visitasse a
Paraíba.
Ontem, foi o próprio Cássio a não ir à reunião da bancada federal convocada
pelo governador, que também não contou com a presença de um outro Cunha Lima, o
Deputado Federal Pedro.
Pai e filho foram representados pelo ex-deputado Ruy
Carneiro. O Senador tucano justificou a ausência colocando a culpa na agenda, mencionando
um périplo de atividades pelo interior do estado que fez por todo o fim de
semana, e no convite tardio para uma reunião que ocorreria na manhã da segunda.
Uma desculpa tão amarela quanto papo de tucano.
Para uma entrevista a uma
emissora de rádio concedida logo após o meio-dia da mesma segunda, entretanto,
o tucano estava a postos. É aquela história: prioridades são prioridades.
O
senador tucano perdeu uma grande oportunidade de aparecer na foto ao lado do
adversário e de demonstrar que as divergências políticas não o impedem de se
envolver em projetos comuns para o estado.
E mais ainda: de
apresentar um projeto que não seja apenas para enfrentar questões urgentes,
como os problemas ocasionados pela terrível seca que vive o Semiárido paraibano.
Por que não discutir um grande pacto político pelo desenvolvimento da Paraíba
que comporte um horizonte de pelo menos 20 anos em obras estruturantes para o
desenvolvimento econômico e social da Paraíba?
Como a preocupação do momento é
a seca, que tal pensarmos num sistema que integre através de adutoras todas as
bacias hidrográficas e grandes reservatórios para distribuir melhor a nossa
água e não perdermos tanto com a evaporação?
Que tal discutirmos projetos de
mobilidade urbana que incluam, desde já, o início da construção de um metrô em
João Pessoa e Campina Grande, ou vamos esperar que essas cidades se inviabilizem
no caos provocado pelo transito para que, como sempre, ganhe a urgência do
curto prazo?
E tantas outas questões que exigem uma visão de longo prazo. Essas
devem ser prioridades porque, em primeiro lugar, pouco se pensa nelas, e porque
são mais factíveis de promoverem o consenso político.
Obras que envolvam vários
governos e vários mandatos parlamentares. Talvez seja exigir demais para que
políticos como Cássio pensem num horizonte tão distante quando o máximo que
conseguem, em termos de futuro, é pensar na próxima eleição.
Cássio e a próxima eleição
Na entrevista que
concedeu ontem à Radio Arapuã, ao ser perguntado sobre as possíveis
candidaturas do PSDB em João Pessoa, o primeiro nome que Cássio Cunha Lima citou
foi o do ex-senador Cícero Lucena, que já anunciou o fim de sua carreira
política.
No ano passado, Cícero declarou que a chapa do PSDB ao governo fora
composta à sua revelia sem que o seu meu nome fosse apresentado aos
convencionais tucanos.
Um erro, como se viu depois. De salto alto, Cássio preteriu
Lucena em nome de Wilson Santiago, que acabou em terceiro lugar na disputa, desempenho
que ajudou a puxar para baixo o restante da chapa majoritária. Cícero seria
mais competitivo e fortaleceria Cássio em João Pessoa.
Saboreando o “cálice da
vingança”, Cícero acabou assistindo de camarote a derrota do antigo aliado. Não
se viu ou ouviu em nenhum momento Cícero Lucena pedir voto para Cássio, como
fez, por exemplo, para Aécio Neves.
Enquanto isso, familiares de Lucena
aderiram à candidatura de Ricardo Coutinho.
A resposta cassista
só corrobora que o PSDB não tem nomes para disputar a Prefeitura de João Pessoa
e trabalha com três alternativas: torce para que Manoel Jr. consiga emplacar sua
candidatura no PMDB; que Manoel Jr. saia do PMDB para ser candidato pelo PSDB;
e, por fim, que o PSDB mantenha o apoio que dá hoje ao prefeito do PT, situação
que criaria um imenso desconforto político para o líder do PSDB no Senado e
homem de confiança de Aécio Neves.
Como a situação em Campina Grande não parece
ser alvissareira, o futuro eleitoral não parece muito luminoso para o tucano.
Talvez isso explique o seu empenho quase desesperado em afastar Dilma Rousseff da
Presidência.
CPI do Empreender: Cartaxo não deu aval
Fonte muito próxima
a Luciano Cartaxo revelou – e permitiu que fosse aqui publicada sob a condição
de anonimato – informação de que ficaram fortemente arranhadas as relações
entre o prefeito pessoense e o deputado estadual Anísio Maia.
A razão foi a assinatura
do parlamentar petista à proposta de criação da “CPI do Empreender” na
Assembleia Legislativa, de autoria do deputado tucano Dinaldo Wanderley Filho.
Segunda
a fonte, Anísio criou um desnecessário problema político para Cartaxo na já
tensa relação do prefeito com o governador Ricardo Coutinho.
A atitude de Maia
deu margem à intepretação de que ela poderia ter sido feita por orientação do
prefeito, o que deixou Cartaxo numa saia justa por não poder desautorizar
publicamente o correligionário.
Segundo a mesma fonte, a ordem na prefeitura é
trabalhar para que Cartaxo não dependa de qualquer aliança para se reeleger e qualquer
ruptura da aliança entre PT e PSB em João Pessoa, se houver, deverá partir dos
socialistas.
Coluna publicada no Jornal da Paraíba de 28/04/1967
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