Coluna de terça (16/07), Jornal da Paraíba
A posse do Deputado Federal Manoel Júnior na presidência do PMDB de João Pessoa, além dos rumores de racha na família do ex-governador José Maranhão – Benjamin Maranhão, que até domingo era presidente do partido na capital, não compareceu ao evento, – foi carregada de simbologia pelas presenças de dois importantes convidados: o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, e o Secretário de Articulação Política da PMJP e Presidente estadual do PT, Rodrigo Soares.
A posse do Deputado Federal Manoel Júnior na presidência do PMDB de João Pessoa, além dos rumores de racha na família do ex-governador José Maranhão – Benjamin Maranhão, que até domingo era presidente do partido na capital, não compareceu ao evento, – foi carregada de simbologia pelas presenças de dois importantes convidados: o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, e o Secretário de Articulação Política da PMJP e Presidente estadual do PT, Rodrigo Soares.
Mais do que compromissos, tratam-se de acenos. São recados
políticos para os bons entendedores – o Governador Ricardo Coutinho e seus
aliados – de que os partidos de oposição começam a afinar as posições e os
discursos. Se eles vão construir uma chapa única, isso nós só saberemos com
certeza com o tempo, mas o certo é que essa unidade da oposição, que parecia difícil
de acontecer logo após as eleições de 2012, começa a ser encarada como uma
possibilidade cada vez mais factível.
Agra
A começar pelo ex-prefeito Luciano Agra. Agra, que foi
peça-chave na vitória do atual Prefeito de João Pessoa, o petista Luciano
Cartaxo, e grande vitorioso nas eleições de 2012, ao ponto de seu nome ser
alçado à condição de liderança estadual. Foi uma ascensão meteórica. Agra, um
desconhecido técnico em planejamento urbano. Isso até assumir a prefeitura após
a renúncia de Ricardo Coutinho para disputar o Governo da Paraíba, em 2010.
Agra não apenas manteve os bons níveis de avaliação da administração
ricardista, como introduziu um novo estilo, com mais diálogo e, portanto, mais
aberto à negociação, o que contrastava com o estilo impositor e pouco afável de
RC. Logo, as comparações entre os dois se tornaram inevitáveis, um no governo e
outro na prefeitura.
E, quando Luciano Agra foi impedido por RC de pleitear sua
reeleição, ele acabou por assumir a condição de antiRC. E foi essa condição que
ele assumiu para ajudar a eleger Luciano Cartaxo, cuja vitória deve ser
compartilhada com esse outro Luciano, o Agra. E não foi por outro motivo que
Agra surgiu como um potencial candidato ao governo logo após o pleito de 2012.
Também não é por outro motivo que Veneziano Vital deve sonhar
tanto dormindo quanto acordado com o “sim” de Luciano Agra para que este aceite
ser candidato a vice-governador na chapa do peemedebista. Além do imenso
prestígio adquirido, a presença de Agra permite oferecer contornos
“geopolíticos” e um contraponto de peso à mesma aliança que RC fez em 2010,
indicando um campinense para a vice, como tudo indica que repetirá em 2014.
Nessa situação, a vantagem de Veneziano sobre o eleitor campinense é mais
nítida, já que ele é um campinense da gema, diferente de RC.
O PT
Enquanto Alexandre Almeida, "candidato" do PT em Campina, aparecia no guia... |
As dificuldades do PMDB com o PT, ainda que não totalmente
removidas, tinham a ver com a tumultuada relação entre os dois partidos durante
2012. Essa relação já havia se fragilizado muito durante a campanha de 2010, quando
o candidato a vice-governador indicado pelo PT, o próprio Rodrigo Soares,
sequer participou do programa eleitoral na TV, – e esgarçou por completo depois
do lançamento da candidatura de Luciano Cartaxo, em João Pessoa, e da opção do
PT pela candidatura de Daniela Ribeiro à Prefeitura de Campina Grande, o que precipitou
o rompimento do PT com Veneziano Vital e sua candidata, Tatiana Medeiros.
...Lula pedia voto para Daniela. |
A questão foi parar na justiça, num imbróglio que durou toda
a campanha, o que prejudicou sobremaneira a candidatura de Daniela Ribeiro, por
conta da perda do precioso tempo de TV do PT. Mais à frente, Ribeiro também foi obrigada
a trocar o vice, que havia sido indicado pelo partido de Lula – o ex-vereador
Peron Japiassu – para não inviabilizar juridicamente sua candidatura. Daniela,
que era apontada como favorita no início da campanha, sequer foi para o segundo
turno.
A relação entre o PT e Veneziano Vital ficou tão azeda que,
terminada a campanha, o PT expulsou o então presidente do partido na cidade,
Alexandre Almeida – ex-secretário de Veneziano e depois assessor parlamentar do
Senador Vital do Rego Filho – ponta de lança para judicializar a disputa e
manter, à força de uma decisão judicial, sua candidatura a prefeito de Campina.
Se essa atabalhoada estratégia logrou êxito durante o primeiro turno, acabou
sendo um desastre político: mesmo a candidata do PMDB enfrentando um candidato
do arqui-inimigo PSDB no segundo turno, o PT campinense não deu um pio em apoio
a Tatiana Medeiros no segundo turno. E ainda hoje Veneziano tenta administrar
suas (más) repercussões nas articulações para sua candidatura ao governo
estadual.
A chapa
da oposição
Se Veneziano contornar esse problemas, ainda restará o
desafio de convencer Luciano Agra a ser seu vice e acomodar o PT na chapa majoritária.
A questão é saber quais os objetivos de curto e médio prazos tanto de Agra
quanto do PT. Agra pode desejar a única vaga de Senador. O PT também. Esse pode
ser o maior problema a ser administrado por Veneziano Vital, que já tem
dificuldades demais no seu próprio terreiro para acomodar o ex-governador José
Maranhão, que só deixa claro que o PMDB tem um candidato a governador, deixando
em aberto se pode ou não disputar o Senado, o que certamente implodiria essa
articulação que está em andamento.
Voltaremos a essa questão nas próximas colunas.
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