Agra: O PEN “está isento dos deslizes éticos que se verificam em outras legendas” |
Há mais de um mês não se ouvia falar
de Luciano Agra. Essa ausência deu a entender o anúncio da chapa Veneziano-Agra
era apenas questão de tempo. Mas, ao que parece, as alterações no humor do
eleitorado, provocado pelas grandes manifestações de junho, que colocaram em
xeque os agentes da velha política e do tradicionalismo, podem também ter
alterado a disposição de Luciano Agra, com injunções no rumo da disputa de 2014
aqui na Paraíba.
Foi o que ficou claro, depois de uma
amistosa conversa que tive com o ex-prefeito Luciano Agra, que me recebeu em
seu escritório político no final da manhã de ontem. Em seu ritmo compassado, de
quem tem o cuidado necessário para evitar más interpretações, Agra não deixou
uma só questão sem resposta. No final da conversa, ficou claro que o PEN vai
entrar pra valer na disputa de 2014. E pensando grande.
“Um espaço político para as novas
demandas da sociedade brasileira”
O ex-prefeito de João Pessoa parece
antenado com a nova conjuntura política criada depois das manifestações que
levaram milhares de pessoas às ruas do país. Agra fez questão de ressaltar que
o PEN “está isento dos deslizes éticos que se verificam em outras
legendas”.
Além disso, ressaltou a necessidade
de pensar na criação de espaços institucionais onde possam se manifestar as
novas demandas da sociedade brasileira. Ou seja, Agra não parece alheio ao que
se passou no Brasil nas últimas semanas e parece acreditar na manutenção desse
espírito de contestação e desejo de mudança nas práticas políticas.
Além disso, Luciano Agra considera
não ser mais possível pensar em qualquer projeto de desenvolvimento
desconsiderando a questão ambiental, especialmente em um estado como a Paraíba,
que tem hoje graves problemas como a escassez de água e a desertificação,
problemas que, segundo ele, tendem a se agravar caso nenhuma providência seja
tomada. “Vamos trabalhar na construção desse projeto daqui para frente”.
“O PEN pretende ficar em pé de
igualdade em relação às outras forças de oposição”
Uma das primeiras preocupações
esboçadas por Luciano Agra foi com a consolidação do PEN, que ele pretende
levar, ao lado do presidente da legenda, Ricardo Marcelo, a todos os municípios
da Paraíba.
Para tanto, o partido pretende
dialogar com os agentes políticos de oposição, mas também com aqueles
insatisfeitos com o atual modelo. “Só neste escritório, já recebi mais de 30
lideranças políticos e todas manifestaram uma boa receptividade ao projeto que
pretendemos construir”.
Agra considera que existem hoje
quatro forças que se articulam para a disputa de 2014: o grupo governista, que
reúne o PSB e o PSDB, o PMDB, que pode ter o apoio do PR, o bloco PP-PT, que
pode ter como candidata a deputada Daniela Ribeiro, ou o seu irmão, o ministro
Aguinaldo Ribeiro, e o PEN, que atrairão os outros partidos para
alianças.
Agra considera que o PEN já é um
partido de grande porte na Paraíba, onde conta com nove deputados na AL, a
maior bancada, o que o torna uma força que pode almejar voos mais altos.
O lançamento de mais uma candidatura
da oposição assegura o segundo turno
Luciano Agra acredita que a união
dos partidos de oposição no 1º turno é uma estratégia temerária que pode
leva-los à derrota. Com mais de uma candidatura, “com certeza, haverá segundo
turno”.
Com essa declaração, Agra não deixa
dúvida que, pelo menos por enquanto, está afastada a hipótese de aliança com o
PMDB de Veneziano Vital do Rego no primeiro turno e de sua participação numa
chapa única da oposição.
Para ele, a união dos partidos de
oposição só deve acontecer no segundo turno, e esse deve ser um compromisso de
todos os candidatos. Além de considerar um erro a estratégia de lançar apenas
um candidato, Agra considera muito difícil acomodar todos os interesses
envolvidos nesse processo.
Um exemplo? “[José] Maranhão está
vivo e quer ser candidato ao Senado”. Assim, como acomodar todos esses
objetivos que se conflitam em uma única chapa?
Sobre o PT, Cássio e Estela
Luciano Agra tratou das relações com
o PT e sobre a possibilidade, aventada por alguns, de ruptura no acordo entre
Cássio e RC. Sobre o PT, Agra manifestou um claro desconforto com a pressão que
fez o partido aqui na Paraíba para que “fosse candidato a governador de todo
jeito”, e com restrição a possíveis aliados, condição que o deixava amarrado em
termos de projeto político, associada a uma restrição de alianças que ele
considerava não ser cabível.
Perguntado se essa restrição era ao
grupo cassista, Agra respondeu que era extensiva também ao PMDB.
Quando indagado sobre a
possibilidade de ruptura da aliança entre o governador RC e o Senador CCL,
Agra, com ironia, citou o dramaturgo romano Publio Terêncio: “Nada do que é
humano me é estranho”, para logo emendar: “O PSDB está em processo de ocupação
de espaços no governo”. Agra acha que o cassismo e ricardismo tendem a se
entender cada vez mais daqui para frente.
Sobre declaração da secretária
Estela Bezerra, que deixou em aberto a possibilidade de serem reatadas as
relações políticas entre o grupo de Agra e o de RC, o ex-prefeito foi seco:
“Trata-se de um reconhecimento tardio de nossa contribuição para viabilizar a
gestão do atual governador quando este estava na Prefeitura”.
E acrescentou: “Fomos nós que
asseguramos a vitória do governador aqui em João Pessoa. Enquanto ele cuidava
do interior, nós trabalhávamos por sua vitória na capital”
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