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Postagem de FHC |
Na última segunda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
publicou em sua página no Facebook uma enigmática postagem.
Entre outras coisas, FHC defendeu que o governo petista “é ilegítimo”
e sem “base moral” para continuar governando, contaminado que está pelas “falcatruas
do lulopetismo” e pelos “malfeitos de seu patrono” – quem será? – restando a
presidenta o “gesto de grandeza da renúncia”.
Ainda na tarde de segunda, eu publiquei um breve comentário
também no Facebook:
“FHC pede a renúncia de Dilma
depois de afirmar que ela é uma mulher 'honrada'. Anotem aí: FHC quer agora inviabilizar a recomposição
de Dilma com o PMDB acenando para Michel Temer. Essa recomposição pode dar
estabilidade política ao país e criar as condições para uma recuperação
econômica. E com uma possível candidatura de Lula, em aliança com o PMDB e com
um programa mais liberalizante e, portanto, mais palatável para os bancos e o
empresariado interno e externo, pode representar uma grave ameaça ao projeto do
tucanato paulista.
É bom não esquecer que o PSDB
de Aécio Neves abandonou a proposta de impeachment depois que Temer disse que o
Brasil precisava de alguém para uni-lo. Foi um recado e tanto. Enfim, o que FHC
deseja é evitar que se refaça a aliança PT-PMDB.
Mais uma vez e cada vez mais o
PT e Dilma dependem do velho PMDB de guerra.”
Essa postagem foi motivada pela divulgação de um experimentado
jornalista, como o blogueiro Rodrigo Viana, do Escrevinhador, também publicada na tarde de segunda, para quem a
manifestação de FHC tratava-se de “um duplo recado: para Aécio Neves, em
primeiro lugar; mas também para a direita que está nas ruas.”
Pois bem. Um dos porta-vozes do tucanato na grande imprensa,
o colunista dO Globo, da Globo News e da CBN, Merval Pereira, tratou dessa
questão em sua coluna de hoje e revelou os meandros do mistério.
Sob o título “FH organiza o PSDB”, Merval diz que com a “clareada”
do texto de FHC o PSDB não apenas se unificou a “favor da saída da presidente
Dilma”, como não mais reivindica para si “o protagonismo para uma eventual ação
de impeachment” e “garante respaldo político ao sucessor caso o impeachment
seja aprovado”, ou seja, a Michel Temer.
Ele lembra um fato óbvio que impedia que PSDB e PMDB compartilhassem
a mesma estratégia era nada mais nada menos que Aécio Neves, cujo projeto só
tinha viabilidade se toda a chapa fosse impugnada pelo TSE, com a ascensão de
Eduardo Cunha a presidência e a convocação de uma nova eleição, dois gravíssimos
inconvenientes, segundo Merval.
Ao que parece, FHC sentiu o alcance da conciliação que
representa a Agenda Brasil, especialmente no meio empresarial, e a reunificação
da base parlamentar do governo em torno do PMDB.
Essa estratégia deixa clara que, mesmo ao custo de ser
chamado de irresponsável, a estratégia de FHC deixa claro que não interessa ao
PSDB a instabilidade política e econômica. E mais ainda do quanto ele teme a
volta de Lula.
Enfim, FHC lançou a isca e Merval Pereira tenta torna-la
apetitosa. Resta saber se Michel Temer pretende abocanhá-la.
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