sexta-feira, 26 de maio de 2023

NILVAN FERREIRA NO MDB? Não descarte essa hipótese


Durante a entrevista concedida ao programa Arapuan Verdade, o senador Veneziano Vital (MDB) teve de responder a uma pergunta do jornalista Clilson Jr. que pode render muita discussão daqui para frente.

Antes de perguntar, Clilson Jr. fez um preâmbulo em que lembrou que o radialista Nilvan Ferreira, hoje desempregado e filiado ao PL, foi do MDB e por esse partido foi candidato à Prefeitura de João Pessoa, em 2020, quando foi ao segundo turno da eleição para ser derrotado pelo atual prefeito, Cícero Lucena (PP). 

Clilson Jr. então foi direto ao assunto: como Nilvan Ferreira corre o risco de ser preterido pelo ex-ministro Marcelo Queiroga na disputa para ser o candidato do PL de Jair Bolsonaro à Prefeitura de João Pessoa, as portas do MDB estariam abertas para o radialista representar o partido numa aliança com Ruy Carneiro ou Pedro Cunha Lima, em 2024?

Veneziano disse que achava difícil a filiação de Nilvan ao MDB em razão do distanciamento ideológico do partido com o bolsonarista. Veneziano na certa esqueceu que uma das lideranças mais proeminentes do partido, Michel Temer, foi um dos conselheiros do ex-presidente e atuou como bombeiro durante uma das mais críticas crises com o STF, em setembro de 2021, quando  — Temer até ajudou Bolsonaro a redigir o documento em que então presidente se retratou dos ataques feitos ao STF, em especial a Alexandre de Moraes. Aliás, além de ter sido majoritariamente base parlamentar de Bolsonaro no Congresso, o MDB sequer apoiou Lula no segundo turno de 2022.

No estúdio, alguém que lembrou que não seria novidade alguma Nilvan Ferreira mudar de posição. Assim como o hoje bolsonarista foi em passado recente do MDB, foi também "comunista" na juventude. - Nilvan Ferreira foi militante do PCdoB quando morava em Cajazeiras.

Como tem muita água para rolar debaixo dessa ponte, vai ser necessário ainda observa o amadurecimento do quadro de candidaturas para a eleição de prefeito de João Pessoa no próximo ano. E a volta de Nilvan Ferreira ao MDB não deve ser descartada. 

Ruy Carneiro observa à distância essa movimentação.



sexta-feira, 12 de maio de 2023

APOIO A CÍCERO: Jackson Macedo é criticado na Paraíba pelos mesmos petistas que defendem as alianças de Lula

Uma das primeiras nomeações feitas por Lula na Paraíba, depois de assumir a Presidência, foi a do superintendente dos Correios, Jackson Silva, por indicação do senador Efraim Filho, do União Brasil. Ambos, como é do conhecimento até das piscinas naturais de Areia Vermelha, votaram e fizeram campanha para Jair Bolsonaro. Bolsonaristas mais ideológicos, como o ex prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, tiveram seu naco de poder no governo petista.

Em minoria no Congresso, essas atitudes podem até ter criado insatisfações em setores do eleitorado de Lula, mas nenhum desses eleitores pode afirmar que foi surpreendido. Desde antes de lançar sua candidatura, o atual presidente defendeu a formação de uma frente ampla, a começar pela indicação do candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, antigo adversário do PT. Lula continuou fazendo acenos ao centro e à direita. Na Paraíba, Lula e o PT apoiaram a candidatura do emedebista Veneziano Vital, com quem Ricardo Coutinho dividiu o palanque ao lado de Maísa Cartaxo.

Sobretudo no segundo turno, Lula deu ao seu palanque a amplitude que, nem de perto, antecipava o que seria o perfil do seu governo e das alianças que Lula se obrigaria a fazer em razão da situação que passou a enfrentar no Congresso desde a posse, onde uma maioria conservadora domina.

Ontem, Lula nomeou o ex-deputado federal Heitor Freire, do Ceará, para uma Diretoria na Sudene. Freire foi eleito, em 2018, pelo PSL e se dizia um discípulo de Olavo de Carvalho, o ideólogo do bolsonarismo, que, ironicamente, morreu de Covid, a doença que ele duvidou existir.

Não se ouvirá, entretanto, um pio sequer de crítica a Lula daqueles que, na Paraíba, rejeitam a postura do presidente estadual do PT, Jackson Macedo, em defesa de uma aliança com o atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena. Isso mesmo depois da coleção de fracassos eleitorais do partido, principalmente em João Pessoa, e do perigo real de um bolsonarista vencer a eleição no próximo ano no maior colégio eleitoral do estado.

Esse exclusivismo não combina muito nem com a situação nacional do PT e do governo Lula, nem com o histórico eleitoral recente do partido, que em 2018 não conseguiu eleger um único deputado estadual para a Assembleia Legislativa. 

quinta-feira, 4 de maio de 2023

As opções de João Azevedo


O governador João Azevedo revelou, ontem, em entrevista ao repórter Fernando Braz, que ele tem três alternativas eleitorais para 2026: “Meu nome tá posto, sem dúvida. Ou encerro a carreira como governador, ou saio federal ou senador”.


A declaração do governador não contém, a rigor, nenhuma novidade, porém, ao não ter como objetivo já traçado disputar uma das duas vagas para o Senado, João Azevedo revela os impasses vividos pela base política que o elegeu, em 2022. 


Senão, vejamos. Não é incomum, muito pelo contrário, que a opção de qualquer governador, após o exercício do mandato, seja conquistar um mandato de Senador. 


Tanto que as únicas exceções desde o retorno das eleições diretas para governador, em 1982, foram os ex-governadores Tarcísio Burity (1990) e Ricardo Coutinho (2018), que, por razões diferentes - nenhuma delas incluía falta de vontade, - não se lançaram candidatos ao Senado. Wilson Braga, Ronaldo Cunha Lima, José Maranhão e Cássio Cunha Lima trabalharam para se eleger ao Senado, e apenas Wilson Braga não logrou êxito, em 1986. Enfim, se depender exclusivamente da vontade de João Azevedo, ele será candidato a senador, em 2026, sobretudo porque serão duas vagas em disputa. 


Por que, então, o governador não fechou ainda questão sobre seu futuro político após concluir o mandato?


As tensões entre Republicanos e Progressistas, tornadas públicas já em 2022, não apenas se mantiveram como tendem a se aprofundar quanto mais 2026 se aproxime. No centro desse embate estão objetivos que parecem inconciliáveis entre a família Ribeiro e o agrupamento liderado por Hugo Motta. A indicação de Lucas Ribeiro para a vaga de candidato a vice-governador de João Azevedo, em 2922, deixando o presidente da Assembleia, Adriano Galdino, na mão, aprofundou ainda mais as diferenças entre os dois agrupamentos políticos, opção de colocou o ex vice-prefeito de Campina Grande na linha de sucessão, tornando-o peça-chave em 2026. 


Caso João Azevedo decida renunciar ao governo abrirá caminho para Lucas Ribeiro assumir o cargo e se candidatar à reeleição. Dessa possibilidade, que é bastante factível, decorre o segundo impasse. O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, sem dúvida, o nome preferido de João Azevedo, se tornará candidato natural caso consiga a reeleição. 


As dúvidas de João Azevedo decorrem, na verdade, desse impasse, e sua candidatura ao Senado, em grande medida, dependerá de um acordo que acomode as principais lideranças do bloco governista: Lucas Ribeiro, Cícero Lucena, Hugo Motta e o próprio João Azevedo - já disse, em outra ocasião, que temos aí uma chapa, digamos, geopoliticamente bem distribuída. O problema será convencer Cícero Lucena a desistir de sua provável candidatura ao governo, sempre considerando a hipótese de reeleição do atual prefeito de João Pessoa.


Caso Cícero Lucena se reeleja e decida se lançar ao governo, o racha na base de João Azevedo passará a depender do rumo que João Azevedo deve tomar. Caso decida permanecer no governo, isso significará o fim da candidatura de Lucas Ribeiro, já que o jovem vice-governador depende da máquina do governo para viabilizar sua candidatura. Sem ela, Lucas vira carta fora do baralho. Nesse caso, Daniella Ribeiro volta a ser o nome a constar em uma das chapas majoritárias, e, nesse caso, pode não ser a da oposição. O caminho fica aberto para Cícero Lucena, que se torna o candidato de consenso do bloco governista. João Azevedo  indicaria o candidato a vice ou à segunda vaga para o Senado ao lado de Hugo Motta.


João Azevedo está mesmo disposto a fazer esse sacrifício para viabilizar a candidatura de Cícero Lucena? Se a resposta a essa pergunta for negativa, outra se impõe.

Sem a máquina do governo, João Azevedo teria condições de entrar na disputa para o Senado? 


O governador terá três anos para responder.