terça-feira, 31 de julho de 2012

Tatiana Medeiros cresce de modo consistente e ameaça reproduzir polarização entre PMDB e PSDB em Campina


A pesquisa Ipesp-Jornal da Paraíba divulgada hoje traz pelo menos três injunções que exigem uma reflexão mais apurada sobre o desempenho dos três principais candidatos.

A primeira diz respeito à estagnação de Daniela Ribeiro, que mantém o mesmo patamar de intenções de votos (24%), variando acima ou abaixo das margens de erro dos institutos, desde dezembro do ano passado, vide pesquisa Datavox daquele mês. Daniela Ribeiro superou a marca do 20 pontos percentuais, mas não conseguiu ir além e incorporar novo eleitorado ao seu projeto.

Como eu escrevi em meu blog no início de abril, naquela ocasião avaliando a pesquisa Consult: o desafio de Daniela Ribeiro era não ser engolida pela polarização que a se consolida em Campina Grande a cada eleição entre o grupo cassista e o grupo do prefeito Veneziano Vital. E esse pesadelo parece que começa a persegui-la.

A segunda injunção é o crescimento de Romero Rodrigues, que começa a ocupar o devido espaço que sempre está reservado a qualquer candidato “cassista”. Entretanto, o crescimento de Rodrigues parece ter mais a ver com essa condição do que com o impacto da comoção gerada com a recente morte do ex-governador Ronaldo Cunha Lima, antecedida pela indicação de “Ronaldinho” Cunha Lima a vice na chapa tucana em Campina. Diante de uma pesquisa realizada ainda no calor desse acontecimento, não parece que esse dado emocional venha a interferir com tanta força na decisão do eleitor campinense no futuro.

A terceira injunção é a manutenção da tendência de lento, mas consistente crescimento das intenções de voto na candidata Tatiana Medeiros, do PMDB. Ela partiu de módicos 4% em dezembro do ano passado, e agora, a dois meses da eleição, atinge o respeitável patamar de 17%, o que a coloca definitivamente no páreo. Ao que parece, o que as pesquisas tem mostrado em relação à candidatura de Tatiana Medeiros é que, quanto mais o eleitor conhece a candidata e a identifica ao projeto de continuidade administrativa do prefeito Veneziano Vital, mas ela se consolida como opção para o embate contra o grupo Cunha Lima em Campina.

Enfim, a dois meses da eleição, e a 15 dias para o começo do horário gratuito na TV quando a campanha entra em sua fase decisiva, a médica e candidata do PMDB, Tatiana Medeiros, encosta nos principais rivais que desde o ano passado mantem-se na frente e começa a mostrar potencial para entrar definitivamente na briga por uma das vagas no segundo turno.

Enquanto Daniela Ribeiro está estagnada e com a candidatura em crise, o cenário parece apontar hoje para a consolidação da polarização entre a candidata do prefeito Veneziano Vital e o do Senador Cássio Cunha Lima, na verdade, os dois principais protagonistas dessa disputa.

A questão é saber se a disputa em Campina comporta uma terceira via, como Daniela Ribeiro se esforça por criar, ou se a campanha fluirá normalmente para a consolidação da polarização que marcou as duas últimas eleições na cidade. Se for isso mesmo, toda a engenharia política montada pelo ministro Aguinaldo Ribeiro para impulsionar a candidatura da irmã, que passou, inclusive, pela negociação do apoio de Paulo Maluf ao candidato do PT em São Paulo, pode ir por água abaixo, o que colocará por tabela o PT campinense em maus lençóis, fragilizado por uma dupla derrota, política e moral.

Mas, essa novela tem os seus decisivos capítulos ainda por vir. E eles, como toda boa novela, serão assistidos pela TV, quando o horário gratuito começar. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, então.

domingo, 15 de julho de 2012

MATUSALEM E O NOVO RC*



O governador Ricardo Coutinho parece ter perdido o bom senso, alienado do mundo real pelo cerco do poder. Antes elogiado pelas pessoas mais próximas pela disposição de ouvir e ser convencido, depois que assumiu o Governo da Paraíba isolou-se num mundo particular comandado pelos valores frios das decisões “administrativas”. RC se tornou o mais legítimo tecnocrata no poder e decretou a morte dos ideais em seu governo. 

No seu mundo, não existe sentimento, dor, amargura, interesse, esperança. Tudo deve estar subordinado à utopia de um “admirável mundo novo”, onde a fria expectativa de um mundo racional substitui a política e a paixão. 
 
Isolado nesse mundo de aparências, cercado pelo que restou de um staff onde quem pensa por conta própria não pode a ele pertencer e quem tem objetivos que não sejam os do chefe é dispensável, RC reformulou por completo seus pensamentos e a si próprio, a tal ponto que quem não tenha acompanhado essa trajetória não conseguiria identificar que o indivíduo que ocupa hoje a Granja Santana seja mesmo o velho RC de guerra. Hoje habita ali um outro homem, de novas ideias, novas posturas, novas companhias. 
Primeiro, afastou-se dos aliados políticos mais próximos, preferindo a companhia de adversários históricos. 
Depois, rompeu com categorias que tradicionalmente apoiaram sua trajetória, tratando-as de forma quase desrespeitosa, como foi o caso dos professores e do Fisco. Abandonou suas ideias mais caras ao levar a visão empresarial para gerir o serviço público, isso na saúde, antes campo privilegiado de sua ação e identidade política. 
Depois, foi se indispondo com seus mais próximos companheiros, após décadas de harmoniosa convivência. Passou a tratar aqueles que estavam com ele desde os primeiros e duros anos de militância como inimigos. Incorporou a soberba desse novo mundo ao sugerir “umas palmadas” para o tratamento das divergências com o prefeito da mais importante cidade paraibana
Agora, veio com essa de tratar o ex-governador José Maranhão de “Matusalém”, sugerindo ser ele velho demais para a política. Essa atitude não é apenas deselegante e desrespeitosa, ela reverbera na política um sentimento próprio do mercado e do utilitarismo que deseja comandar nossas vidas e teima em nos enxergar como coisas, que devem ser usadas e jogadas fora. 
Ao tratar esse personagem bíblico de maneira jocosa, utilizando-o para atacar um adversário, RC dá a entender que os mais velhos são descartáveis como copos de plástico. É como se RC desejasse a morte política de Maranhão por antecipação, esquecendo-se que quem determina isso são os eleitores. RC também esquece que não é a idade que, em política, determina se um indivíduo é ou não “velho”. São suas práticas e suas ideias. 
Por certo, RC parece preferir a juventude do deputado federal do Dem, Efraim Filho, um jovem que na política é tão velho quanto os interesses que ele representa no Congresso e na vida política nacional.
Eis a única novidade que Ricardo Coutinho nos prometeu. Um novo Ricardo Coutinho.

* Texto publicado no Jornal da Paraíba de 15/07