sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Os trilhos da corrupção tucana


A decisão da Justiça Federal de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o Caso Siemens, coloca sob os holofotes um escândalo bilionário que envolve tucanos de alta plumagem do PSDB paulista, desde os ex-governadores de São Paulo, Mário Covas e José Serra, até o atual, Geraldo Alckmin.
Perto do “mensalão” (o do PT), esse escândalo é fichinha. No primeiro, os recursos envolvidos chegaram a R$ 74 milhões, incluídos aí serviços de comunicação efetivamente realizados. No caso Siemens, até a semana passada, calculava-se que não menos que R$ 500 milhões de reais haviam sido desviados dos cofres públicos paulistas.
Entretanto, de acordo com reportagem publicada pela Revista IstoÉ desta semana, os números desse esquema podem superar 1,5 bilhão de reais em desvios. Segundo a publicação, um único contrato para reforma de trens e vagões, todos com mais de 40 anos de uso, custaram aos cofres do governo de São Paulo quase R$ 2,9 bilhões de reais (em valores não atualizados). O problema é que, ainda segundo a IstoÉ, por esse preço o Metrô de Nova York adquiriu uma frota de trens novos, comprados exatamente das empresas que reformaram as sucatas paulistas. O prejuízo, considerando apenas esse caso, chega a quase R$ 1 bilhão de reais!
Dormiu no ponto?
Esse esquema bilionário passou despercebido pelos órgãos de controle e fiscalização brasileiros até começar a ser desvendado por investigações realizadas pelo Ministério Público da Suíça sobre a multinacional francesa Alston. Só depois é que a Polícia Federal e o Ministério Publico Federal entraram no caso. Dessas investigações, emergiu outro um bem elaborado esquema de pagamentos a partidos, políticos tucanos, funcionários públicos e até mesmo a membros do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Tudo para viabilizar que contratos milionários fossem entregues a um conluio de megaempresas estrangeiras interessadas nas obras do metrô paulistano. A descoberta desse “cartel”, como apelidou a grande mídia esse esquema de corrupção, justificou a entrada nas investigações do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), cuja missão é preservar a livre-concorrência. Considerando ser o PSDB o partido mais neoliberal do Brasil, não deixa de ser um paradoxo que esse partido tenha montado um esquema tão “oligopolizado”.
Teste ao “moralismo”
Estranho é que até agora não recebi uma única mensagem-eletrônica detalhando sse mega-esquema de corrupção, daquelas que enchiam minha caixa-postal nos tempos em que o “mensalão” (o do PT) estava na moda. Nem postagens no Facebook da gente indignada com a corrupção (a do PT), que celebravam o “maior escândalo de corrupção da história”, eu vi até agora. As atrizes globais vão se vestir de preto, mostrando aquele olhar distante de desilusão com o destino dado ao dinheiro do povo de São Paulo? Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, Celso de Mello e Luiz Fux vão continuar usando as vestes de “justiceiros” ou voltarão a se lembrar que a equidade jurídica é um princípio não apenas constitucional, mas civilizacional.   
Pois bem. O “trensalão tucano”, como está sendo apelidado por setores minoritários da imprensa, vai ser julgado pelo STF. Resta saber se ele terá a mesma audiência que teve o “mensalão” (o do PT) ou se naufragará nas águas turvas do “segredo de justiça”.
Charlinton começa a deixar sua marca no PT
Nem bem assumiu a Presidência Estadual do PT, o professor da UFPB, Charlinton Machado, já estabeleceu uma nova dinâmica na direção do partido. Começou por estabelecer prazo para que os filiados que prestam serviço ao Governo do Estado entreguem seus cargos, sob pena de serem expulsos do partido, o que revela que o oba-oba de desrespeito às resoluções partidárias que ainda predomina no PT da Paraíba tem data para acabar.
E o lançamento da candidatura de Nadja Palitot ao governo é mais um capítulo dessa nova fase que o PT começa a viver, mais adequada ao novo status que o partido adquiriu depois da conquista da PMJP. Mesmo com os questionamentos de dirigentes petistas, que consideraram precipitado o movimento anunciado ontem. O deputado Frei Anastácio, a Giucélia Figueiredo e a Josenilton Feitosa receberam tratamento VIP de alguns meios de comunicação. Antes eram tão enfáticos na defesa da candidatura própria do PT ao governo, agora emprestaram suas vozes àqueles que desejam mostrar o PT como um partido dividido.
Nelson Lira, o dono do Botafogo 
Nelson Lira age não como Presidente do Botafogo, mas como seu dono. Acostumado a assumir a direção do Botafogo em tempos de fartos apoios públicos, como aconteceu em 1998, quando um programa do Governo do Estado de troca de notas-fiscais por ingressos enchia de torcedores os estádios paraibanos até quase tranbordar, e agora, em 2013, quando o apoio financeiro da Prefeitura de João Pessoa viabilizou recursos estáveis para contratações, Nelson Lira está novamente na crista da onda. A tal ponto que impede, à força, que jornalistas tenham acesso aos espaços botafoguenses. Se ele age assim num clube, imagine se um dia assumisse um cargo público? 

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