quinta-feira, 4 de maio de 2023

As opções de João Azevedo


O governador João Azevedo revelou, ontem, em entrevista ao repórter Fernando Braz, que ele tem três alternativas eleitorais para 2026: “Meu nome tá posto, sem dúvida. Ou encerro a carreira como governador, ou saio federal ou senador”.


A declaração do governador não contém, a rigor, nenhuma novidade, porém, ao não ter como objetivo já traçado disputar uma das duas vagas para o Senado, João Azevedo revela os impasses vividos pela base política que o elegeu, em 2022. 


Senão, vejamos. Não é incomum, muito pelo contrário, que a opção de qualquer governador, após o exercício do mandato, seja conquistar um mandato de Senador. 


Tanto que as únicas exceções desde o retorno das eleições diretas para governador, em 1982, foram os ex-governadores Tarcísio Burity (1990) e Ricardo Coutinho (2018), que, por razões diferentes - nenhuma delas incluía falta de vontade, - não se lançaram candidatos ao Senado. Wilson Braga, Ronaldo Cunha Lima, José Maranhão e Cássio Cunha Lima trabalharam para se eleger ao Senado, e apenas Wilson Braga não logrou êxito, em 1986. Enfim, se depender exclusivamente da vontade de João Azevedo, ele será candidato a senador, em 2026, sobretudo porque serão duas vagas em disputa. 


Por que, então, o governador não fechou ainda questão sobre seu futuro político após concluir o mandato?


As tensões entre Republicanos e Progressistas, tornadas públicas já em 2022, não apenas se mantiveram como tendem a se aprofundar quanto mais 2026 se aproxime. No centro desse embate estão objetivos que parecem inconciliáveis entre a família Ribeiro e o agrupamento liderado por Hugo Motta. A indicação de Lucas Ribeiro para a vaga de candidato a vice-governador de João Azevedo, em 2922, deixando o presidente da Assembleia, Adriano Galdino, na mão, aprofundou ainda mais as diferenças entre os dois agrupamentos políticos, opção de colocou o ex vice-prefeito de Campina Grande na linha de sucessão, tornando-o peça-chave em 2026. 


Caso João Azevedo decida renunciar ao governo abrirá caminho para Lucas Ribeiro assumir o cargo e se candidatar à reeleição. Dessa possibilidade, que é bastante factível, decorre o segundo impasse. O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, sem dúvida, o nome preferido de João Azevedo, se tornará candidato natural caso consiga a reeleição. 


As dúvidas de João Azevedo decorrem, na verdade, desse impasse, e sua candidatura ao Senado, em grande medida, dependerá de um acordo que acomode as principais lideranças do bloco governista: Lucas Ribeiro, Cícero Lucena, Hugo Motta e o próprio João Azevedo - já disse, em outra ocasião, que temos aí uma chapa, digamos, geopoliticamente bem distribuída. O problema será convencer Cícero Lucena a desistir de sua provável candidatura ao governo, sempre considerando a hipótese de reeleição do atual prefeito de João Pessoa.


Caso Cícero Lucena se reeleja e decida se lançar ao governo, o racha na base de João Azevedo passará a depender do rumo que João Azevedo deve tomar. Caso decida permanecer no governo, isso significará o fim da candidatura de Lucas Ribeiro, já que o jovem vice-governador depende da máquina do governo para viabilizar sua candidatura. Sem ela, Lucas vira carta fora do baralho. Nesse caso, Daniella Ribeiro volta a ser o nome a constar em uma das chapas majoritárias, e, nesse caso, pode não ser a da oposição. O caminho fica aberto para Cícero Lucena, que se torna o candidato de consenso do bloco governista. João Azevedo  indicaria o candidato a vice ou à segunda vaga para o Senado ao lado de Hugo Motta.


João Azevedo está mesmo disposto a fazer esse sacrifício para viabilizar a candidatura de Cícero Lucena? Se a resposta a essa pergunta for negativa, outra se impõe.

Sem a máquina do governo, João Azevedo teria condições de entrar na disputa para o Senado? 


O governador terá três anos para responder.

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