domingo, 3 de junho de 2012

Quando arrogância e desrespeito se tornam "atos de coragem"


A respeito de nota assinada por 70 estudantes (são 3.081), por 34 professores (são 131) e por 8 servidores técnicos-administrativos (são 137) do Campus III da UFPB, em Bananeiras, na qual tentam justificar os injustificáveis ataques proferidos pelo Secretário Executivo do Governo do Estado, Alexandre Eduardo de Araújo,  aos professores daquele campus que votaram em Margareth Diniz, tenho a declarar o que se segue:

1. Fazer referência ao trabalho do PROFESSOR Alexandre não justifica tamanha falta de urbanidade para com seus colegas de trabalho. A urbanidade, mais do que a boa educação, é um dever de civilidade. 

2. Quem escreveu a nota tenta amenizar a postura do referido professor afirmando que ele apenas “opinou” sobre “posturas políticas de DOCENTES do campus III”. Foi isso mesmo? Acusar seus pares de “ingênuos”, “vendidos”, “covardes” e “traidores, simplesmente por não terem votado na candidata do hoje secretário de governo, não pode ser considerado um fato normal, especialmente quando os envolvidos são professores universitários. Isso não é ser “ofensivo”? Tal atitude, ao invés da defesa, mereceria o repúdio por quem preza o debate de ideias e o convencimento como instrumentos primordiais do fazer político;

3. Na nota, busca-se escudar as agressões do professor-secretário sob o manto da “liberdade de expressão” e que ele, ao escrever o que escreveu, estava apenas exercendo “o direito e o dever de cidadania”. Mas, onde fica a tolerância e o respeito às opiniões divergentes? Por acaso a agressão gratuita e o autoritarismo podem ser encarada como expressão de ”liberdade” e “cidadania”? A não que se acredite piamente na frase de Carlos Drummond de Andrade segundo a qual a “liberdade é defendida com discursos e atacada com metralhadoras”.

4. Por fim, quando a arrogância, a prepotência e o desrespeito do professor-secretário Alexandre Eduardo de Araújo são convertidos em “atos de coragem” começamos a dar asas ao fascismo, aquele fascismo que, segundo Michel Foucault, habita “em todos nós, que assedia nossas mentes e nossas condutas cotidianas, o fascismo que nos leva a amar o poder, a desejar por este que nos submete e explora”.

Não desconheço o dever de lealdade, amizade e admiração dos que assinaram a referida nota para com o professor Alexandre, mas não custaria nada reconhecer que o mesmo cometeu um erro. Ao invés da defesa a qualquer custo, sob argumentos que não se sustentam nem nos fatos nem na justificativa, talvez o mais adequado fosse um pedido de desculpas. Mas, nesse caso, generosidade política talvez seja pedir demais.

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