domingo, 20 de maio de 2012

"Ingerência externa" ou fim de um ciclo? O que derrotou Rômulo Polari e Lúcia Guerra na UFPB


Polari, ao lado da vice-reitora, e sua candidata Lúcia Guerra: fim de um ciclo ma UFPB
A realização do segundo turno na eleição de Reitor – desnecessária ,diga-se de passagem, já que basta dizer que ele acontece devido a anulação de duas urnas que funcionaram no interior da sala onde estava instalada  própria Comissão Eleitoral, – vai servir como uma espécie de tudo ou nada por parte dos apoiadores da candidata da situação, agora tendo a frente o próprio Reitor, Rômulo Polari.

Polari abandonou o aparente distanciamento do processo e anunciou engajamento total na campanha de Lúcia Guerra. Aparente porque o reitor teve uma intensa participação nos “bastidores” dessa eleição no primeiro turno, sendo ele o principal fiador, como não poderia deixar de ser, da candidatura situacionista.

E esse fato parece ser mesmo incompreensível para o atual Reitor da UFPB: como é possível uma candidata apoiada por uma administração que nos últimos anos recebeu do MEC, através do Reuni. quase 200 milhões de reais para investimentos e foi autorizada a contratar quase um terço do quadro atual de docentes e funcionários da universidade, teve apenas pouco mais de 1/3 dos eleitores, enquanto a principal candidata da oposição não venceu no primeiro turno por conta de 0,35% dos votos? 

O resultado foi uma surpresa? Claro que não, e a campanha, o discurso, os apoios conquistados por Margareth Diniz podem mostrar isso. Enquanto Polari, Lúcia Guerra e sua equipe imaginavam que o controle das ações administrativas da UFPB era suficiente para dar continuidade a um projeto de poder que já dura 20 anos, Margareth Diniz, Eduardo Rabenhorst e sua equipe produziram um profundo diagnóstico da situação administrativa e acadêmica que vive a UFPB hoje.

Foi esse diagnóstico que deu suporte a um ousado projeto para a UFPB e a um discurso aglutinador e catalizador do apoio de pessoas das mais variadas matizes, do PSTU, do PT, do PCdoB, PSB, PMDB, e, mais importante do que qualquer coisa, de uma infinidade de professores, funcionários e estudantes sem vinculação partidária. E foram essas pessoas que formaram e continuam formando a base real da campanha de Margareth Diniz. 

Por isso, soou tão artificial a cantilena incessante de Lúcia Guerra de que o “governo estadual” quer ter ingerência na UFPB através da candidatura de Margareth Diniz. Um discurso sem base real porque a UFPB não depende em nada do governo estadual. 

A lógica dessa homilia cansativa, recheada de factoides para tentar dar-lhe verossimilhança, é resultado de uma premissa: a de que, na UFPB, quem domina a administração sempre vence e, portanto, só pode ser derrotada por outra “máquina” mais poderosa. É como se a eleição fosse um detalhe incômodo e os eleitores carneirinhos domados. 

Não foi por acaso que um dos motes da campanha Lúcia Guerra foi um desfilar de apoios de Diretores de Centro, boa parte deles, diga-se de passagem, “biônicos”, ou seja, indicados pelo reitor, como a sugerir o poder irresistível da força da administração.

É por isso que o aprofundamento do discurso da ingerência do governador Ricardo Coutinho na UFPB no segundo turno não representa apenas o repisar de um erro grosseiro de avaliação, porque aposta na incapacidade de discernimento político da comunidade universitária, mas na dificuldade que tem o reitor e sua equipe de reconhecer que o desgaste e o esgotamento de um modelo político e administrativo é o principal responsável pelo fracasso eleitoral de sua candidata. 

Rômulo Polari, assim como Lúcia Guerra, completarão 16 anos à frente da administração da UFPB quando o atual reitorado se encerrar. Os dois são remanescentes do mesmo grupo que elegeu Neroaldo Pontes reitor no longínquo ano de 1992. 

Por outro lado, expressa um esforço artificial de desprezo e subestimação da liderança de Margareth Diniz na UFPB, para eles circunscrita à área de Saúde. Margareth Diniz, administradora, professora e pesquisadora, exibiu também uma habilidade política, uma capacidade de aglutinar forças e de gerar consensos, que lhe permitiu produzir alianças e obter apoios que transformaram sua candidatura num movimento avassalador de mudança na UFPB, cujo simplismo, rancor e, às vezes, inveja, querem atribuir à “forças externas”.

Simplismo que também pretende transformar a disputa da UFPB numa extensão do maniqueísmo que divide a política paraibana. Margareth Diniz, contra todas a manipulações e casuísmos, venceu a eleição para Reitor. E vencerá de novo porque esse é um sentimento irresistível que toma conta da comunidade da UFPB. 

Queira Polari ou não.

Um comentário:

  1. Ambos os principais candidatos foram muito estrategistas. Porém, a Margareth Diniz foi, obviamente, a mais bem sucedida, pois com o embalo da maioria dos estudantes e demais funcionários da Instituição de uma mudança de conduta política-administrativa, nota-se claramente que os integrantes da UFPB exigem por melhorias em todas as àreas (isso não é novidade). Parabéns a Lúcia Guerra e seu apoiador Polari pelo esforço, mas um Enorme Parabéns à Margareth Diniz, pois ela sim soube cativar a todos os quais anseiavam/anseiam por uma candidata e candidatura motivadora, que leve a UFPB ao seu patamar natural, e que este só tende a crescer!
    A.R.

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