sábado, 25 de agosto de 2012

Consult: as alternativas de Cartaxo e Estela para evitarem que Maranhão e Cícero se consolidam na liderança


A pouco mais de 40 dias da eleição, a pesquisa Consult-Correio divulgada nesse final de semana indica a estabilização dos principais concorrentes à Prefeitura de João Pessoa e a consolidação da liderança daqueles candidatos que há mais de um ano se revezam em primeiro lugar: Cícero Lucena e José Maranhão, que mantem um rigoroso empate técnico. 
 
Do outro lado, tanto Estela Bezerra quanto Luciano Cartaxo, não conseguiram crescer como precisavam para estrearem nessa nova fase da campanha que se inicia com o Guia Eleitoral na TV para mostrar mais condições de ameaçar a hegemonia. Isso traz implicações diretas na estratégia de campanha de ambos. Precisando tirar votos de Cícero e Maranhão para evitar que se consolidem na liderança e avancem para o segundo turno, os dois (Cartaxo e Estela) necessariamente terão de partir para o ataque a eles, sem, entretanto, descuidarem-se um do outro.

E essa é uma estratégia traz algum risco. Primeiro, em qual dos dois o ataque deve se concentrar, já que nem Cícero nem Maranhão conseguiram ainda se isolarem à frente nas pesquisas? Além disso, é recomendável a escolha de um adversário por vez para evitar dispersão da artilharia, e também um contra-ataque em dose dupla. Por outro lado, a concentração dos ataques em um dos líderes pode ter como efeito o benefício do outro, já que, o que parece orientar o voto tanto de Cícero quanto de Maranhão, além da liderança que ambos exercem na capital, é a rejeição ao governador Ricardo Coutinho.
 
Um segundo desafio de Estela e Luciano é que ambos precisam dosar a crítica para evitar que pareçam antipáticos e sem propostas aos eleitores. Nesse caso, é necessário encontrar o tom e a crítica certa, já que as críticas tanto a Cícero quanto a Maranhão são de amplo conhecimento do eleitorado. A "confraria" de Cícero? A idade de Maranhão? Sinceramente, é preciso que tanto Estala quanto Luciano encontrem uma outra linha para os ataques, porque essas parecem "batidas" demais para o eleitor. E no caso de Maranhão, pode soar mesmo como um preconceito aos mais idosos.
 
Entretanto, como eu adiantei, nem Estela nem Cartaxo podem se descuidar um do outro, porque Estela se apresenta mais próxima de Cartaxo (9 a 14,2%) do que este dos líderes (Maranhão com 23,9 e Cícero com 24,3%). Ou seja, a posição de terceiro lugar de Cartaxo não é tão confortável que ele possa esquecer Estela, e Estela precisa superar primeiro Cartaxo para depois mirar em Cícero e Maranhão. Ou seja, um adversário de cada vez. De eleitorados com perfis muito semelhantes por conta da origem política comum dos dois candidatos, ambos precisam evitar que o "voto útil" impeça o deslocamento de eleitores de um para o outro, ao mesmo tempo em que podem depender disso para que um dos dois possam ameaçar os dois líderes, caso os indecisos dividam suas escolhas proporcionalmente, como é a tendência caso a situação atual persista.
 
Em suma, a estratégia de Estela e Cartaxo para evitar que tanto Maranhão quanto Cícero se consolidem e avancem para o segundo não parece de simples definição e escolha. E talvez a grande dificuldade dos candidatos do PT-PPS e PSB-Dem seja tirar votos do peemedebista e do tucano, cujo eleitorado não parece disposto a votar em candidatos que representam a situação.

Enfim, a persistência do quadro eleitoral formando dois blocos de candidatos – um, numa disputa acirrada pela liderança (Maranhão e Cícero), e outro, disputando o terceiro lugar (Estela e Cartaxo), – torna tanto as estratégias destes últimos mais complexas quanto a consolidação de uma polarização que se efetiva a cada dia.
Os próximos 15 dias serão decisivos para sabermos se a tendência atual será mantida, que é um segundo turno entre Cícero e Maranhão. Esse dado merece uma análise mais pormenorizada, o que faremos numa próxima análise. Por ora, Cícero e Maranhão comemoram.

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