segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Consequências de 2012 (*)

RC, Cássio, Veneziano e Agra: 2014 passa por eles

Comecemos por Ricardo Coutinho que, sem dúvida, sofreu um importante revés depois da derrota em João Pessoa. A situação eleitoral no segundo turno foi tão desconfortável para o governador com a passagem de dois dos seus mais ferrenhos adversários, que RC foi obrigado a declara-se neutro, entre outros motivos, porque o seu apoio foi rejeitado por Luciano Cartaxo e Cícero Lucena. 

As vitorias mais importantes do PSB, entre elas Cajazeiras e Bayeux, não se deveram à força do governador, mas às lideranças locais de Carlos Antônio e Expedito Pereira. Mas, mesmo sem elas, RC continuaria a ser um forte candidato à reeleição, por mais desgastado que ele esteja nos grandes centros. Além de tempo para reverter essa situação, RC tem uma poderosa máquina que dá a qualquer governador uma imensa vantagem. 

Mas, é bom lembrar, isso por si só não basta. O exemplo de José Maranhão em 2010 ainda está bem presente na memória política dos paraibanos.

O Senador Cássio Cunha Lima saiu revigorado, especialmente depois da vitória de Campina Grande. Impossibilitado de concorrer ao governo por conta Lei do Ficha Limpa, Cunha Lima dispõe de duas opções. A primeira delas é seguir em sua aliança com o governador Ricardo Coutinho, agora numa posição mais vantajosa. Controlando a Prefeitura de Campina Grande, o ex-governador não depende mais tanto de RC e tenderá a pedir cada vez mais alto para manter-se apoiando a gestão do PSB. 

A segunda delas é lançar um candidato para cultivar seu espaço eleitoral por onde pretende retornar ao governo em 2018. A dificuldade desse projeto reside em aglutinar forças em torno de um candidato com limitada expectativa de vitória. Por isso, considero que o mais provável é a manutenção da aliança com RC.

O PT, por outro lado, ampliou bastante sua capacidade de influenciar nas disputas futuras na Paraíba, mas carece de uma liderança de peso que possa oferecer seu nome na disputa. À exceção de Luciano Agra, que parece ainda não dispor de força suficiente para participar com chances reais. 

Como o PT passou daquela fase de lançar candidatos apenas para marcar posição, e como 2014 envolve também a eleição presidencial e as alianças que lhe darão suporte nos estados, é bastante provável que o PT opte por uma aliança na Paraíba com o atual prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, do PMDB, aliança partidária que deve se repetir nacionalmente.

E isso nos leva ao último, mas não menos importante, ator desse processo, que é o atual prefeito de Campina Grande. Mesmo derrotado, Veneziano Vital mostrou força ao levar uma candidata desconhecida, sem experiência política e eleitoral, a um expressiva votação no segundo turno, quando ela amealhou mais de 40% dos votos, disputando com um deputado federal que, mais importante do que isso, representava a tradição da família Cunha Lima na cidade. 

Vital do Rego pertence ainda ao PMDB, a principal máquina partidária do estado e que conquistou o maior número de prefeituras em 2012, entre elas as de Patos, Sousa e Cabedelo. Além disso, Veneziano tem um atributo bastante valorizado nos candidatos , que é a juventude.

Enfim, a Paraíba tende a ver repetir as composições partidárias que se enfrentaram e dividiram meio a meio o estado nas últimas três eleições (2002, 2006 e 2010). A força adquirida pelo PT e o carisma pessoal de Veneziano Vital serão um poderoso contraponto à máquina ricardista aliada do cassismo. 

(*) Artigo publicado originalmente no Jornal da Paraíba, na edição de domingo (04.11.2012)

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