terça-feira, 26 de maio de 2009
DA SÉRIE: PT, SER E NÃO SER
PT: ser e não ser?
Com este post, daremos início a uma série de textos que tem por objetivo contribuir para uma análise da atuação do PT na Paraíba, atualmente envolvido numa divergência de grande porte: quem deve ser o candidato do partido a governador em 2010. No post de hoje, introduziremos o problema e já anteciparemos a alternativa de aliança com Ricardo Coutinho, do PSB. Amanhã, será a vez do "maranhismo petista".
Para quem não conhece, o PT é mesmo um partido muito estranho. Aos olhos da população, o partido do Presidente Lula expõe demasiadamente em público suas fraturas internas quando suas “tendências” se enfrentam em disputas através de acalorados embates políticos. Seria interessante que o PT voltasse a debater projetos de democratização do Estado e de desenvolvimento com justiça social, ou mesmo de políticas mais audaciosas de Reforma Agrária.
O mais novo embate público teve início no fim da semana passada, com o lançamento de um manifesto por parte de setores do PT que voltaram a se reaglutinar depois de 6 anos, em apoio à candidatura do valoroso deputado federal, Luiz Couto, e em alinhamento com a candidatura a governador do prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho. Essa iniciativa teve a pronta resposta através de críticas públicas feitas pelo Secretário-Geral do PT estadual, Josenilton Feitosa, que expressou sua insatisfação ao movimento dessa banda do PT, que tem como consequência a antecipação da campanha de 2010 e das articulações para definição das chapas. Feitosa falou em nome do PT maranhista, “tendência” que inclui, entre outras lideranças, o vice-governador Luciano Cartaxo e os deputados estaduais Jeová Campos e Rodrigo Soares, além de ex-deputado e atual superintendente do INCRA na Paraíba, Frei Anastácio.
Entretanto, o que menos se discute são as diferenças políticas e programáticas entre os diferentes agrupamentos. Nos dois lados. Comecemos pelo PT “ricardista”. Por exemplo, é pública e notória a aproximação do prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, com o ex-governador Cássio Cunha Lima e seu grupo. Esse fato, para o PT, não deveria ser incômodo algum se Cássio não pertencesse ao PSDB e defendesse a candidatura desse partido à Presidência da República, em oposição, portanto, ao projeto nacional do PT.
Ora, esse fato, num ambiente de clareza política e programática constituiria uma fronteira “natural” entre o PT e essa articulação que, infelizmente, conta com a chancela do prefeito Ricardo Coutinho e do seu grupo no PSB. Em termos programáticos, mais ainda. O que foi o governo Cássio Cunha Lima? Em que a Paraíba avançou nos últimos 6 anos? No que é caro à tradição política e administrativa do PT, o governador cassado representa exatamente a negação desses princípios, que envolve a defesa de um modelo de desenvolvimento com distribuição de renda, de democratização do Estado, de impessoalidade e transparência na gestão pública, entre outras coisas.
Mas, ao que parece, esses não são motivos suficientes para afastar o PT dessa aliança entre PSB e PSDB, que, mesmo sendo “branca” (ou “laranja”), dará no mesmo: a política paraibana continuará na mesma, sem incorporar os avanços que já estão em pleno andamento no Brasil e em especial no Nordeste.
Amanhã eu volto para falar sobre o PT maranhista.
Tem 54 anos, nasceu em Patos, capital do sertão paraibano, e é professor do Departamento de História da UFPB.
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