terça-feira, 25 de setembro de 2012

As pesquisas e suas utilidades

Artigo publicado originalmente no Jornal da Paraíba de 23.9.2012

É cada vez mais patente que na disputa de João Pessoa as pesquisas eleitorais são parte importante nas estratégias eleitorais dos candidatos, especialmente daqueles que dispõem de mais recursos e meios para utilizá-las com esse objetivo. 

Seja para criar a sensação de crescimento na preferência do eleitorado, que sempre presta mais atenção em candidato bem avaliado ou em crescimento nas pesquisas, como na escolha dos adversários no segundo turno. 

Trata-se daquela sentença que é repetida como um mantra pelos apoiadores de certos candidatos e certos "analistas políticos": tal candidato já está no segundo turno.  Mesmo que essa certeza não seja corroborada pelas pesquisas, pois até agora nenhum candidato se descolou o suficiente na liderança para que isso seja afirmado com convicção. 

Não por acaso, esse candidato (o escolhido) é o mais fácil de ser derrotado no segundo turno, pois é o que menos agrega apoio e tem maior rejeição no eleitorado. Então, ficamos diante da seguinte situação: já que temos três candidatos dispuntando duas vagas para o segundo turno, e um já está lá, resta descobrir quem será o outro. As pesquisas dão uma "dica": um está em ascensão e o outro em descenso. Em qual você apostaria? 

E o recurso para tanta manipulação é o da margem de erro, que eu tenho descrito como "mágica" eleitoral, pois dependendo dela uma diferença de 7% ou 8% percentuais pode ser transformada em "empate técnico". E dentro disso cabe tudo. 

Ora, se um intervalo de confiança aceitável é de 95%, os outros 5% configurariam toda extensão da margem de erro (2,5% para cima e 2,5% para baixo). Em João Pessoa, a maioria dos institutos - pelo menos aqueles que fazem pesquisas "encomendadas" - utilizam margens de erro que superam em muito os 2,5%. Alguns chegam aos 4%! O resultado disso é óbvio. 

Por exemplo. Uma pesquisa com uma margem de erro de 3,5% significa que um candidato pode ter mais ou menos 3,5% dos votos aferidos. Portanto, se numa pesquisa um candidato tem 20% e ou outro 13%, estamos diante de um "empate técnico". 

Isso é que eu tenho chamada de "a mágica da margem de erro", um mágica política que só as pesquisas eleitorais são capazes de promover. A vários dias da eleição, quem pode dizer se uma pesquisa está ou não correta? Ninguém. 

Entretanto, se os números delas não batem com os das urnas, é sempre possível culpar a "metododologia", que precisa ser aperfeiçoada. E assim, la nave vá.  

Mas, mesmo diante dos imperativos da margem de erro, há sempre aqueles que, fazendo-se de desavisados, as desconsideram para criar determinada situação. Foi o que eu observei na divulgação da pesquisa realizada pelo portal WSCOM. Com margem de erro anunciada de 2,5%, os números foram os seguintes: Luciano Cartaxo com 21,9%, Cícero Lucena com 21,3%. e José Maranhão 17,8%. 

Não precisa ser estatístico mas perceber que, considerando a margem de erro, existe um empate técnico entre o 1º e o 3º No limite, Cartaxo teria 19,4% e Maranhão 20,3% (quase 1%!). Entretanto, essa foi a manchete do portal: "Pesquisa WSCOM/6Sigma aponta empate técnico entre Cartaxo e Cícero". E só quem ganha a fama é o IBOPE... 

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