O silêncio a que as lideranças peemedebistas paraibanas,
especialmente o pré-candidato a governador, Veneziano Vital, se impuseram nos
dias pós-carnaval é tão ou mais eloquente do que qualquer discurso.
Em política, como se sabe, as ações falam mais do que as
palavras.
Quando se esperava uma ofensiva peemedebista imediatamente
após a quarta-feira de cinzas, quando oficialmente se inicia o ano eleitoral, o
que se viu foi um estratégico silêncio que deixa mais dúvidas do que certeza a
respeito da manutenção da candidatura do Cabeludo.
A crise
PT-PMDB
Mais ainda quando o silêncio ensurdecedor de Veneziano
acontece em meio a maior crise entre PT-PMDB desde que Lula tornou os
peemedebistas seus aliados preferenciais para governar o Brasil, com todas as implicações
que isso trouxe em termos programáticos.
O PMDB quer mais espaço no governo, como, aliás, quer também
todos os outros partidos da ampla aliança nacional, inclusive o PT, que
controla hoje mais de 20 ministérios, inclusive os da Educação e da Saúde que,
sozinhos, são responsáveis por quase 40% do que o Governo Federal gasta em
impostos.
Dilma Rousseff, mais marqueteira do que política, tenta
fragilizar o aliado com a mise-en-scène
de que não vai negociar apoio político em troca de cargos.
Isso provavelmente para conseguir mais apoio na classe
média, onde reside o maior foco de resistência à sua candidatura presidencial.
Jogar para a galera foi um erro que Lula, por exemplo,
jamais cometeu com aliados, e por uma razão óbvia: é um tiro que pode sair pela
culatra.
E o PMDB, com alguma razão, reclama do tratamento recebido,
cuja marca fisiológica a Presidenta e o Ruy Falcão faz questão de acentuar nos
últimos dias.
Como Dilma sabe que o PMDB jamais sairá unido em bloco para essa
disputa – o que nunca aconteceu, diga-se de passagem, – como também sabe que o
partido dificilmente abandonará o barco petista enquanto a presidenta se
mostrar viável, e Lula se mantiver no horizonte como substituto de luxo, ela
toureia o PMDB para dele se diferenciar, mesmo mantendo-o como aliado.
Cassio
e Veneziano junto, isso é possível?
Existe a possibilidade do PMDB romper nacionalmente com Dilma,
deixando de apoiá-la?
Não acredito, pelo menos no curto prazo. Mas, a direção
nacional do PMDB, como todos sabem, é muito flexível para permitir que suas
lideranças levem em conta os interesses de suas estratégias estaduais.
Só assim o PMDB se manteve até hoje como partido. Manter-se-á
no futuro? Vamos ver.
É no caso da Paraíba? Eu não subestimaria a possibilidade de
uma aliança do PMDB com o PSDB paraibano, com Veneziano Vital ocupando a vaga
de Senador.
Internamente, uma parcela cada vez mais expressiva do PMDB começa
a aderir a essa tese. Possíveis resistências, ao que parece, já não seriam hoje
um óbice para a aliança, como o ex-governador José Maranhão.
Se RC juntou-se a Cássio para derrotar José Maranhão em
2010, qual o problema de Cássio juntar-se ao PMDB para derrotar o atual
governador.
É aquela história: quem com ferro fere, com ferro será
ferido...
Enfim, não serão problemas internos no PMDB que impedirão a
aliança com o PSDB em 2010.
Por outro lado, o PT faz o que pode para ajudar para que
isso aconteça, seja porque isso o obrigaria a “ser protagonista”, lançando sua
candidata, Nadja Paliot, ao governo, seja porque isso o afastaria em definitivo
do PMDB, deixando o PT livre para ocupar o espaço que um dia foi de Ricardo
Coutinho. Isso ele já tenta fazer em João Pessoa.
Por isso, o PT continuar a tensionar a relação com o PMDB paraibano,
resistindo como pode a uma aliança.
Mesmo que já esteja mais do que claro que a direção nacional
petista tem uma indicação de apoiar o PMDB na Paraíba, a direção estadual optou
por um processo lento, gradual e – se possível – desgastante para Veneziano, no
que ela tem a alegre companhia do PP do ex-ministro Aguinaldo Ribeiro, que
sonha dormindo e acordado com a possibilidade de ser ele o “Senador de Cássio”.
Todos juntos num mesmo projeto. E Dilma? Bom, deixemos os
petistas em paz com essas perguntas indiscretas, não é mesmo?
Por fim, existe em marcha um movimento que pode se tornar
irreversível, especialmente se Veneziano se mantiver imobilizado, como está
hoje: a polarização Cássio-RC, que ambos alimentam mutuamente.
Veneziano sabe que pode ser engolido por ela. Por ora, essa
polarização já dificulta, ou freia, a ascensão do peemedebista.
Se até maio Veneziano não se mostrar viável, alguns
problemas aparecerão, principalmente o financeiro. E a Copa não ajudará muito,
pelo contrário, ela tende a encurtar a disputa eleitoral, o que não beneficia
em nada, pelo contrário, a estratégia venezianista.
Enfim, se eu tivesse de apostar hoje, eu ainda apostaria na
manutenção da candidatura ao governo do PMDB. Mas, não sei por quanto tempo eu
mantenho essa aposta.
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