segunda-feira, 17 de março de 2014

O silêncio ensurdecedor de Veneziano e a aliança PSDB-PMDB na Paraíba

O silêncio a que as lideranças peemedebistas paraibanas, especialmente o pré-candidato a governador, Veneziano Vital, se impuseram nos dias pós-carnaval é tão ou mais eloquente do que qualquer discurso.

Em política, como se sabe, as ações falam mais do que as palavras.

Quando se esperava uma ofensiva peemedebista imediatamente após a quarta-feira de cinzas, quando oficialmente se inicia o ano eleitoral, o que se viu foi um estratégico silêncio que deixa mais dúvidas do que certeza a respeito da manutenção da candidatura do Cabeludo.

A crise PT-PMDB

Mais ainda quando o silêncio ensurdecedor de Veneziano acontece em meio a maior crise entre PT-PMDB desde que Lula tornou os peemedebistas seus aliados preferenciais para governar o Brasil, com todas as implicações que isso trouxe em termos programáticos.

O PMDB quer mais espaço no governo, como, aliás, quer também todos os outros partidos da ampla aliança nacional, inclusive o PT, que controla hoje mais de 20 ministérios, inclusive os da Educação e da Saúde que, sozinhos, são responsáveis por quase 40% do que o Governo Federal gasta em impostos.

Dilma Rousseff, mais marqueteira do que política, tenta fragilizar o aliado com a mise-en-scène de que não vai negociar apoio político em troca de cargos.

Isso provavelmente para conseguir mais apoio na classe média, onde reside o maior foco de resistência à sua candidatura presidencial.

Jogar para a galera foi um erro que Lula, por exemplo, jamais cometeu com aliados, e por uma razão óbvia: é um tiro que pode sair pela culatra.

E o PMDB, com alguma razão, reclama do tratamento recebido, cuja marca fisiológica a Presidenta e o Ruy Falcão faz questão de acentuar nos últimos dias.

Como Dilma sabe que o PMDB jamais sairá unido em bloco para essa disputa – o que nunca aconteceu, diga-se de passagem, – como também sabe que o partido dificilmente abandonará o barco petista enquanto a presidenta se mostrar viável, e Lula se mantiver no horizonte como substituto de luxo, ela toureia o PMDB para dele se diferenciar, mesmo mantendo-o como aliado.

Cassio e Veneziano junto, isso é possível?

Existe a possibilidade do PMDB romper nacionalmente com Dilma, deixando de apoiá-la?

Não acredito, pelo menos no curto prazo. Mas, a direção nacional do PMDB, como todos sabem, é muito flexível para permitir que suas lideranças levem em conta os interesses de suas estratégias estaduais.

Só assim o PMDB se manteve até hoje como partido. Manter-se-á no futuro? Vamos ver.

É no caso da Paraíba? Eu não subestimaria a possibilidade de uma aliança do PMDB com o PSDB paraibano, com Veneziano Vital ocupando a vaga de Senador.

Internamente, uma parcela cada vez mais expressiva do PMDB começa a aderir a essa tese. Possíveis resistências, ao que parece, já não seriam hoje um óbice para a aliança, como o ex-governador José Maranhão.

Se RC juntou-se a Cássio para derrotar José Maranhão em 2010, qual o problema de Cássio juntar-se ao PMDB para derrotar o atual governador.

É aquela história: quem com ferro fere, com ferro será ferido...

Enfim, não serão problemas internos no PMDB que impedirão a aliança com o PSDB em 2010.

Por outro lado, o PT faz o que pode para ajudar para que isso aconteça, seja porque isso o obrigaria a “ser protagonista”, lançando sua candidata, Nadja Paliot, ao governo, seja porque isso o afastaria em definitivo do PMDB, deixando o PT livre para ocupar o espaço que um dia foi de Ricardo Coutinho. Isso ele já tenta fazer em João Pessoa.

Por isso, o PT continuar a tensionar a relação com o PMDB paraibano, resistindo como pode a uma aliança.

Mesmo que já esteja mais do que claro que a direção nacional petista tem uma indicação de apoiar o PMDB na Paraíba, a direção estadual optou por um processo lento, gradual e – se possível – desgastante para Veneziano, no que ela tem a alegre companhia do PP do ex-ministro Aguinaldo Ribeiro, que sonha dormindo e acordado com a possibilidade de ser ele o “Senador de Cássio”.

Todos juntos num mesmo projeto. E Dilma? Bom, deixemos os petistas em paz com essas perguntas indiscretas, não é mesmo?

Por fim, existe em marcha um movimento que pode se tornar irreversível, especialmente se Veneziano se mantiver imobilizado, como está hoje: a polarização Cássio-RC, que ambos alimentam mutuamente.

Veneziano sabe que pode ser engolido por ela. Por ora, essa polarização já dificulta, ou freia, a ascensão do peemedebista.

Se até maio Veneziano não se mostrar viável, alguns problemas aparecerão, principalmente o financeiro. E a Copa não ajudará muito, pelo contrário, ela tende a encurtar a disputa eleitoral, o que não beneficia em nada, pelo contrário, a estratégia venezianista.

Enfim, se eu tivesse de apostar hoje, eu ainda apostaria na manutenção da candidatura ao governo do PMDB. Mas, não sei por quanto tempo eu mantenho essa aposta.


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