quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O eleitor conhece Marina Silva, a queridinha dos banqueiros?

Marina e Maria Alice Setúbal, herdeira do Itaú, em reunião com outras senhoras das sociedade para arrecada fundos para Marina. A Casa-Grande tem candidato.
Quem se animou com os números auferidos por Marina Silva na última pesquisa Datafolha, realizada durante a comoção gerada pela morte de Eduardo Campos, é bom esperar pela campanha na TV, que começa a partir de hoje.
Desde 2008, quando deixou o governo Lula, de quem foi ministra do meio-ambiente por mais de cinco anos, da mesma maneira que aconteceu com Eduardo Campos, Marina foi estimulada pela grande imprensa a se apresentar como a terceira via na disputa presidencial para viabilizar o segundo turno.
Marina carregava o charme da agenda ambientalista e a trajetória de mulher da Amazônia pobre que, assim como Lula, ascendeu para a grande política.
Em 2010, Marina foi candidata pelo PV, partido que abandonou após a eleição em razão de divergências internas logo após o segundo turno, que foi viabilizado pela meteórica ascensão de Marina e acabou lhe rendendo quase 20 milhões de votos.
Essa ascensão na reta final ajudou a preservá-la das críticas adversárias e a fez passar incólume pela campanha, colhendo apenas os louros de uma grande votação que a colocou no jogo da disputa de 2014, seu verdadeiro objetivo.
O conservadorismo de Marina
Marina não chegou a ser questionada em 2010 por algumas de suas posições conservadoras, muitas, aliás, definidas em razão de sua opção religiosa. 
Marina Silva é evangélica da Assembleia de Deus, e isso se percebe pela maneira como se veste e ajeita o cabelo.
É claro que o problema não é ser evangélico – muitos católicos pensam como ela, – mas de uma forma de se posicionar sobre questões da cidadania orientada por sua denominação religiosa. 
E isso é relevante quando se trata de alguém que quer ser Presidente da República.
Marina, por exemplo, já defendeu que o criacionismo fosse ensinado nas escolas da mesma maneira que é o evolucionismo. Marina é contra até pesquisas de células-troncos com embriões. 
É também radicalmente contra o aborto e faz severas restrições à homossexualidade.
Marina e seu primitivismo ambiental bem ao gosto das grandes potências
Mas, para a grande mídia, especialmente a Globo – que é marcadamente uma emissora que alimenta o preconceito contra os evangélicos no Brasil – não é isso que interessa na disputa presidencial.
Interessa que surja uma candidata que assuma os mesmo compromissos do PSDB com turma da Casa-Grande, mas que não tenha o charme da novidade, e até com alguma tintura de esquerda.
E Marina, com aquela expressão de santa imaculada, cai bem nesse perfil. Quem teve o trabalho de ler programa de governo de Marina Silva de 2010 sabe bem com quem ela tem compromissos.
No programa de 2010, Marina começa a apontar as linhas do seu pensamento.

E a mostrar – ou evitar deixar claro – o que ela pensa a respeito de “sustentabilidade”, esse conceito criado pelas grandes potências para ser dúbio e propositadamente confuso quando o assunto é desenvolvimento econômico em países como Brasil.

E é nisso onde se encontra o grande gargalo de seu projeto para o Brasil. 

Marina não está interessada em enfrentar o desafio de combinar desenvolvimento e preservação do meio-ambiente. Marina é contra o desenvolvimento porque é contra a industrialização.

Depois de mencionar a riqueza natural e energética do Brasil, diz Marina em seu programa de 2010: “Precisamos construir o conhecimento que nos permitirá valorizar e conservar o nosso patrimônio ambiental”, ou que “o Brasil e o mundo demandam um novo padrão de crescimento econômico”

Isso pode ser apenas interpretado como mais duas frases de efeito, mas quando se trata de Marina Silva é melhor observar com mais atenção.

Ela é um pouco mais precisa logo à frente, quando afirma com clareza que o modelo atual é baseado “em ideias de modernidade e industrialização dos séculos 19 e 20” e que “pensar em ‘crescimento’, a qualquer custo, como se fez ao longo dos dois séculos anteriores, é tomar o planeta como recurso inesgotável”.

Isso explica a atitude de Marina de tentar inviabilizar a construção da hidroelétrica do Rio Madeira, na Amazônia, na sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente.

Você deve estar se perguntado: como então promover desenvolvimento sem gerar energia?

Veja bem e é disso que se trata: entre modernizar uma região gerando energia e emprego e manter intocado o meio ambiente, Marina opta pela segunda opção.

Isso parece muito simpático, mas é exatamente o que EUA e Europa esperam ouvir de Presidentes de países como o Brasil desde que a agenda sustentável se tornou um consenso no mundo em meados da década de 1980.

Foram Europa e EUA que bancaram na ONU e nas agências de financiamento (BIRD, BID) essa agenda “sustentável”.

Só que Marina vai além em seu quase primitivismo ambiental, onde a Amazônia deve permanecer intocada e o agronegócio – tanto o pequeno como o grande – deve ser desestimulado.

Vejam o que ela diz sobre a gestação desse novo modelo: “O novo caminho não está pronto e ninguém pode sozinho afirmar qual é. Ele é emergente e cocriado. Nasce simultaneamente em vários lugares em que homens e mulheres conscientes de suas responsabilidades colaboram entre si.”

O que significa Cocriado? Por quem? Pelos EUA e pelo Brasil, solidariamente sentados à mesa em busca de um modelo comum e benéfico para os dois, como se nessa questão houvesse espaço para interesses comuns? Pergunte ao produtor de milho americano o que ele acha disso?

E não pense que se trata aqui de ingenuidade de Marina, que foi Ministra do Meio Ambiente por cinco anos e se embrenhou em meio aos gigantescos interesses em jogo (empresariais e geopolíticos) quando o assunto envolve meio ambiente.

Ela sabe muito bem para quem está falando.

Marina, a queridinha dos banqueiros
E quando o assunto é economia é que se percebe que Marina não passa de uma tucana com cara de pobre. Nesse campo, não há, como realmente nunca houve, uma “terceira via”.
A começar pelos economistas que assessoram Marina, todos “alinhados ao mercado”: Eduardo Giannetti e André Lara Resende, além de empresários como Guilherme Leal, da Natura, e Álvaro de Souza, que trabalhou no Citibank.
Sem esquecer da herdeira do Banco Itaú, Maria Alice Setúbal, que foi uma das grandes articuladoras no processo temporariamente fracassado de criação da Rede Sustentabilidade. 
Neca para as íntimas ficou conhecida como “a fada madrinha de Marina Silva” em razão das reuniões, chás e jantares oferecidos para arrecadar recursos tanto para a campanha de 2010 como para a estruturação da Rede Sustentabilidade.
As duas se conheceram em 2007, ainda quando Marina era ministra de Lula. O Itaú doou oficialmente 1 milhão de reais à campanha de Marina de 2010.
Enfim, com o perfil de Marina e com uma turma dessas nas proximidades, é bastante provável que o governo FHC fique à esquerda de um improvável governo de Marina Silva.
Você vai pagar pra ver?

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