terça-feira, 20 de março de 2012

RC na encruzilhada? Decisão do PT isola o governador cada vez mais


Sem o apoio do PT, o que sobra para RC?
Não há dúvida que o maior derrotado com a decisão do PT de lançar candidato foi o governador Ricardo Coutinho e sua candidata Estelizabel Bezerra. O primeiro e mais imediato prejuízo é de tempo de TV.

Sem o PT na coligação, a candidata do PSB perde quase seis minutos de todo o tempo de TV na campanha de 2012, que é o tempo a que o PT pessoense tem direito. Isso por conta exclusivamente da bancada do partido na Câmara Federal (17%) da qual, ironicamente, o único a fazer parte na Paraíba é Luiz Couto.

O PSB sozinho terá um tempo 2 minutos e 20 segundos, sem contar a participação que cada coligação tem nos 16 minutos (dos 50 das duas seções diárias que acontecem três vezes por semana) que são distribuídos de forma equitativa entre elas. Ou seja, Estelizabel perde, e perde muito.

O segundo prejuízo é político. Sem o PT na chapa, e sem contar com o PSDB que já tem candidato, aumenta a dependência do PSB em relação a outros partidos. Todo mundo fala exclusivamente do Dem, mas é bom não esquecer outros partidos do mesmo porte que o partido de Efraim Moraes, que já não é mais a velha Arena de guerra – é nisso que deu ter batido de frente com Lula!

O PP e o PR, por exemplo. O PP hoje é maior que o Dem com um deputado federal a mais (44 a 43), e o PR tem apenas dois a menos (43 a 41). A junção desses dois partidos equivale quase ao tamanho do PT (85 deputados) e é muito maior que o PSDB – outra vítima de Lula, – que tem hoje 54 deputados. Se PP e PR se juntarem ao Dem teremos uma bancada de 128 deputados.

Isso representa pouco mais de 25% da Câmara dos Deputados e um tempo de TV próximo dos 14 minutos. Além disso, tem o PDT e o PTB, que juntos somam 49 deputados e são quase do tamanho do PSDB.

O resultado disso, somado à saída do PT da coligação ricardista, e observando apenas o tempo de TV, o cacife desses partidos aumenta muito. E todo mundo sabe como eles negociam e o tamanho da fatura que apresentam quando o interlocutor precisa mais deles do que o inverso. Esse é um problema, criado pelo próprio RC, de não ter hoje uma candidata consolidada nas pesquisas. Sem uma perspectiva clara de vitória, o que vai valer mesmo será a faca no pescoço. E Efraim Moares, Durval Ferreira, Wellington Roberto, Armando Abílio, Damião Feliciano sabem manuseá-la muito bem nessas circunstâncias.

Mas, como eu disse, o problema é político. E em João Pessoa, e em especial na conjuntura que se forma para a disputa de 2012, um perfil como esse para uma chapa à prefeitura não é nada bom. Sem o PT, além de perder o discurso nacional, Estelizabel perde a possibilidade de ter Lula em seu programa de TV e, remotamente – porque o ex-presidente vai cuidar pessoalmente da eleição em São Paulo – em seu palanque.

Perde o apelo da confrontação política e ideológica contra o PSDB e o principal candidato da oposição, Cícero Lucena. E ganha um adversário petista que pode lhe roubar esse discurso, fazendo oposição. A questão é saber se vale a pena para RC aumentar um desgaste que é crescente, agregando em seu histórico uma aliança conservadora como essa? O que era novidade em 2010 já não é mais em 2012. RC acumulou alguns cabelos brancos.

Isso tende a empurrar o PSB mais à direita em sua política de alianças na Paraíba. Nessa situação, quem seria o vice? Efraim Filho? Durval Ferreira? Ricardo Coutinho precisa se perguntar urgentemente se não é hora de evitar esse tipo de isolamento e começar a pensar em 2014.

Consolidada a posição do PT na oposição, vai ficando cada vez mais difícil ter esse partido no palanque na eleição para governador. E uma derrota de RC em João Pessoa empurrará Cássio Cunha Lima para fora do governo, especialmente se Cícero Lucena vencer a eleição – nesse caso, alguém duvida que Lucena será candidato a governador caso vença em João Pessoa?

Talvez RC perceba – não sei se a tempo de evitar o desastre que se anuncia – que o controle das duas máquinas pode não ser suficiente para levar sua candidata à vitória (a eleição de 2010 é a prova mais contundente disso) e que não basta a vontade e a crença na vitória. Talvez o mais correto seria reavaliar o posicionamento de suas forças, a fragilidade dos seus exércitos, e mirar na divisão do adversário, transformando a mais recente derrota numa vitória.

De que modo? Continuando apostando numa aliança com o PT.



Já que o tema dissidência foi muito enfatizado no discurso de Luciano Cartaxo no decorrer do dia de ontem, amanhã eu volto para falar do histórico de dissidência do PT. Principalmente a partir de 2004.

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