quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Eleições para o Senado: PT trouxe Maranhão para a disputa (I)

Mudança na política de aliança petista pode determinar a derrota de Lucélio
Ao decidir aliar-se ao governador Ricardo Coutinho às vésperas das convenções partidárias que definiriam as chapas e coligações para as eleições de 2014 na Paraíba, o PT não apenas rompeu com a trajetória de três anos e meio de oposição, postura que foi decisiva, por exemplo, para levar o partido à vitória de 2012 em João Pessoa com o apoio de Luciano Agra, então prefeito.

Essa mudança surpreendente também colocou na disputa o favorito nas pesquisas para o Senado, o ex-governador José Maranhão, que seria candidato a deputado federal caso a aliança PT-PMDB fosse mantida. 

E apoiaria Lucélio Cartaxo, lançado pelo PT à única vaga em disputa para o Senado em 2014.

O cálculo do PT presumia que o PMDB não teria forças para manter a chapa para o governo e teria como única alternativa seguir o mesmo caminho, indicando a vaga de vice na chapa ricardista.

O erro ficou evidente quando o PMDB não apenas lançou Vital do Rego Filho em substituição ao irmão, Veneziano, para o governo, mas também, como queriam 100% dos peemedebistas, José Maranhão para o Senado.

Esse foi o resultado político do repentino movimento petista, que assumirá proporções de um desastre em caso de derrota de Lucélio Cartaxo, um erro de graves consequências internas e externas.

Internamente, o PT da Paraíba criou problemas com a Direção Nacional porque confrontou um poderoso aliado nacional em um estado onde as pretensões do partido não incluía disputar o governo estadual.

Logo isso ficou patente quando um advogado representando a Executiva Nacional do PT aterrissou em João Pessoa para desautorizar a direção estadual e recorrer à Justiça Eleitoral contra a decisão que deixava Dilma Rousseff sem palanque na Paraíba.

Mais ainda. A decisão de coligar-se com o novo aliado teve o condão de colocar um fim na estável relação interna que assegurava ampla hegemonia ao grupo liderado por Luciano Cartaxo.

Hoje, importantes lideranças petistas e a ampla maioria dos sindicalistas não seguem mais a liderança do prefeito de João Pessoa.

O deputado Frei Anastácio, por exemplo, declarou ontem (23) apoio à candidatura de José Maranhão ao Senado, preferindo votar no peemedebista a apostar em companheiro de partido.

O ex-deputado e ex-secretário de Articulação Política da capital, Rodrigo Soares, e seu numeroso e influente grupo, que inclui o ex-superintendente da Emlur, Anselmo Castilho, também já não segue a mesma cartilha dos Cartaxo.

Soares é membro da direção nacional do PT e talvez a liderança estadual com mais trânsito com Lula e Dilma. Gilberto Carvalho, o ministro mais próximo de Lula no atual governo, veio a João Pessoa para participar do lançamento da candidatura de Soares à Assembleia.

Por aí se vê o quanto a decisão do PT criou constrangimentos e problemas internos. 

Do ponto de vista externo, a aliança com RC colocou à mostra uma grave contradição do PT, que mudou de discurso repentinamente, crítica, por exemplo, que é a base da desconstrução da candidatura de Marina Silva no plano nacional. 

Mesmo o eleitor ricardista deve ter visto com desconfianças transfiguração política tão injustificada, a não ser para acomodação de interesses individuais.

Entre os eleitores oposicionistas, Lucélio Cartaxo entrou de imediato em rota de coalizão com parcela expressiva do eleitorado que rejeita o governador, especialmente em João Pessoa. 

Na capital, onde o campo estava aberto para que o petista recebesse votos de um eleitorado carente de novas lideranças (de oposição e de situação), Lucélio perde, por exemplo, a expressiva votação de servidores e lideranças de servidores. Parte desse eleitorado caiu no colo de José Maranhão.

consequência eleitoral desse erro primário do PT, ao mudar de trajetória política e aliar-se ao PSB, pode ter comprometido o principal objetivo do partido nessa eleição, que era eleger um Senador, objetivo que era mais do que factível - e a campanha atual mostra isso, - com o apoio do PMDB e José Maranhão.

Amanhã eu volto para tratar da candidatura de José Maranhão.

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