terça-feira, 4 de abril de 2023

Cícero Lucena ficará mesmo no Progressistas?

 


O enigma partidário de Cícero Lucena: “Decifra-me ou te devoro”

Ontem, o deputado federal Messinho Lucena disse que ele e Cícero Lucena não pretendem sair do Progressistas, partido que é comandado na Paraíba pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro e atribuiu a mera especulação a possibilidade do prefeito pessoense mudar de partido.

O debate público sobre mudança de partido não e conveniente para ninguém que tenha essa pretensão, porque, por si só, ela antecipa estratégias. Não é segredo para ninguém que um político que assume a cadeira de prefeito de João Pessoa, o maior colégio eleitoral da Paraíba, estabeleça como próximo objetivo de sua carreira concorrer ao cargo de governador.

Foi assim com próprio Cícero Lucena, em 2002, que não foi candidato porque teve se ceder a vaga para Cássio Cunha Lima, rejeitando assim um acordo com o então governador, José Maranhão, que defendia sua candidatura. Aconteceu também com Wilson Braga, em 1990, com Ricardo Coutinho, em 2010, e com Luciano Cartaxo, em 2018. Ter um objetivo não significa realizá-lo. A realização de um objetivo como esse depende, como sempre, das circunstâncias, de uma boa leitura da realidade, mas, também, de uma boa dose de coragem, que sobrou a Coutinho, em 2010, e faltou a Cartaxo, em 2018.

Será inevitável que, caso se reeleja prefeito de João Pessoa no próximo ano, Cícero Lucena se tornará um candidato natural à sucessão de João Azevedo. E, a julgar pelo retrospecto, Cícero é o grande favorito a vencer a disputa na Capital — desde que o direito à reeleição passou a valer, nenhum prefeito de João Pessoa (Cícero Lucena, em 2000, Ricardo Coutinho, em 2008, e Luciano Cartaxo, em 2016) foi derrotado quando se recandidatou ao cargo.

Trata-se apenas uma hipótese, porém, bastante factível. Caso reeleito e disposto a realizar o velho sonho de governar a Paraíba, adiado por duas vezes em 2002 e 2010, o mais provável é que Cícero Lucena tenha como principal adversário o atual vice-governador, Lucas Ribeiro, que deve assumir o governo, em 2026. Lucas, como todos/as sabem, é sobrinho de Aguinaldo Ribeiro, e só não será candidato na remotíssima hipótese do atual governador não se afastar do cargo para se candidatar ao Senador ou à Câmara dos Deputados.

É tanto uma lei tanta da física quanto da política que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço simultaneamente. Isso quer dizer que, para ser candidato a governador, Cícero Lucena terá de sair do Progressistas e encontrar um partido que não represente qualquer risco ao seu objetivo.

Nesse caso, não existem muitas opções partidárias à disposição do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, tão boas quanto o PDT, que tem ministro no governo Lula e negocia a formação de uma Federação com o PSB de João Azevedo, ou seja, cai como uma luva na estratégia de polarização com os candidatos bolsonaristas. Candidato pelo Progressistas, a tarefa de Cícero Lucena fica muito mais difícil.

O prefeito pessoense só precisa levar em conta o timing. Desde que a família Feliciano deixou o partido para se abrigar no União Brasil, o PDT se encontra sob intervenção da direção nacional e, portanto, à espera de uma liderança estadual com tamanho nacional.

O PDT vai persistir assim até quando?

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