terça-feira, 6 de março de 2012

O PT briga. E faz mais o quê?

É só isso que o PT tem a mostrar para João Pessoa? 

Há exatos dois meses, em postagem de reinauguração deste blog, registrei o seguinte sobre a situação do PT pessoense:

“No atual estágio desse embate interno, que tende a se tornar cada vez mais público na medida em que a data fatal para uma definição se aproxima, é difícil imaginar que diante de um fogo cruzado cada vez mais duro, o hoje pré-candidato petista, Luciano Cartaxo, tenha alguma perspectiva de vitória.”

Pois bem. Ontem à tarde (5/3), quando Júlio Rafael foi chamado às pressas pelo presidente do PT de João Pessoa, Antônio Barbosa, para comparecer à sede do partido, o que estava sendo armado não era um ato de força para proteger a posição de Barbosa, cercado por diversos dirigentes petistas defensores da candidatura própria, entre eles, dois deputados estaduais, mas um circo cujo objetivo era mais do que explícito: criar confusão, polícia e imprensa.Ou seja, depois do simbólico apoio da direção nacional, o que se discute é a presença do PT nas páginas policiais.

A cena que gerou todo o conflito, mostrada no Conexão Master de ontem, foi muito clara em demonstrar as intenções de Júlio Rafael: foi o Superintendente do Sebrae quem partiu para a briga, mesmo cercado por seis ou sete oponentes. Rafael não leva um peteleco sequer, a não ser alguns empurrões que também deu, mas foi ele quem fez questão de chamar a polícia, que atendeu o chamado prontamente, e a imprensa, que deu todo o destaque possível à confusão.

Julio Rafael chama a polícia: a quem interessar possa...
Resultado? O PT como partido é apresentado para a sociedade paraibana como um “clube da luta” onde divergências políticas são resolvidas aos gritos e sopapos. Quem perdeu com isso, além do próprio PT? O deputado estadual Luciano Cartaxo, que pena hoje para ter a oportunidade de disputar a prefeitura da capital paraibana e tem como principais oponentes seus próprios companheiros de partido.

E como o PT é bem maior que Cartaxo, quando o partido é atingido, sua candidatura também sofre ao ser empurrada para o lodo escorregadio da briga interna, quando o que menos se destaca são projetos de poder e de governo que o PT de João Pessoa claramente não tem.

E esse é outro limite do PT paraibano, especialmente do grupo que apoia Luciano Cartaxo, já que o grupo oponente assina embaixo da atual gestão ricardista. Enredado exclusivamente na disputa interna, o candidato petista não explicita o tal modo petista de governar e, especialmente, no que ele difere do modo ricardista.

Até agora, por exemplo, não tive a oportunidade de escutar do deputado um proposta sequer sobre temas de grande relevância para o futuro da cidade, a não ser afirmar que João Pessoa deve ser preparada para (quando tiver) 1 milhão de habitantes. Isso é tão genérico quanto afirmar que João Pessoa precisa de um novo modelo de organizar o trânsito. A questão é como fazer isso.

Qual o projeto de administração e planejamento da ocupação do espaço urbano pessoense que defende Cartaxo? Qual o projeto para a reorganização do trânsito da cidade? O dono do Maraíra Shopping continuará sendo do dono da cidade? Como os conflitos urbanos que envolvem a Prefeitura serão resolvidos e administrados? Como a educação municipal será tratada? E a saúde?

Essas são as resposta que o eleitor em geral quer ouvir de um candidato de oposição. E falar para esse eleitor, convencendo-o de que o PT é a melhor alternativa, é a única maneira de Cartaxo viabilizar sua candidatura dentro do seu partido. 

Enquanto a disputa interna for o foco principal de Luciano Cartaxo e seu grupo, o único vitorioso será Júlio Rafael. Mesmo que os filiados aprovem a candidatura própria no dia 18 de março.

2 comentários:

  1. Flávio,
    É o Júlio Rafael velho de lutas... e sopapos. O histórico deste senhor o credencia para o clube da luta. Se o ocorrido é ruim para o PT também o é para o Sebrae, instituição séria que não pode ser gerenciada por um galo de brigas, sem experiência no mundo do trabalho e empresarial.

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  2. É lastimável o nível de degradação que chegamos...A quem interessa esse circo criado.

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