quinta-feira, 7 de maio de 2015

BENJAMIN E O ALMOÇO DE 1500 REAIS

Sobretudo depois dos avanços verificados nos últimos anos, quando assistimos a combinação de leis que tem tornado a transparência uma exigência para o bom funcionamento da administração pública com os meios que facilitam o acesso a essas informações, impressiona como muitos políticos ainda se desgastam de maneira desnecessária. 

Eu poderia escrever “por pouca coisa”, mas, nos casos que tratarei a seguir, isso pode soar como um acinte para a grande maioria que labuta o mês inteiro e é obrigada a sobreviver com um salário mínimo.

Na última terça (06), no site Congresso em Foco, o ativista digital – assim ele se define – Lúcio Big tornou público que a Câmara dos Deputados teria pagado “R$ 1.495 por almoço de deputado”. 

A informação Big conseguiu na página de transparência da Câmara, onde estão disponíveis as prestações de contas dos deputados, nesse caso, de uma tal Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap). 

A Ceap é um recurso que todo parlamentar federal tem direito para custear sua atividade parlamentar, e pode incluir o pagamento de passagens aéreas e outras despesas com deslocamentos, inclusive fretamento de aviões, contas de telefone, correios, gastos com escritórios de representação, consultorias e divulgação. 

Só no passado, segundo levantamento do Congresso em Foco, a Câmara gastou um total de R$ 753 milhões de reais com a Ceap. Cada deputado federal paraibano tem direito a 38.319,91 de cota, além de ajuda de custo, auxílio moradia, verba de gabinete para até 25 funcionários que pode chegar a R$ 78.000,00 e, claro, do salário de R$ 33.700,00, que não é justo que se trabalhe de graça nesse país. 

Na média, cada deputado federal custa R$ 147.659,96 mensais para os cofres públicos. É o custo da democracia, mesmo que seja o trabalhador que banque tudo isso para que deputados retribuam contando-lhes direitos, como no caso do PL da terceirização.

Pois bem. O deputado em questão, aquele que solicitou o reembolso de quase R$ 1.500,00 por um almoço, é o paraibano Benjamin Maranhão, do Solidariedade. A despesa teria sido realizada em um dos mais chiques restaurantes de Brasília no dia da posse do deputado, em 1º de fevereiro. 

Descoberta a despesa inusitada paga com dinheiro público, o jornalista Lúcio Big ligou para o gabinete do deputado e pediu esclarecimentos sobre o fato, sem ter obtido nenhuma resposta, o que levou Big a entrar em contato diretamente com a Câmara. 

Somente depois que publicou a denúncia em vídeo, a Casa presidida por Eduardo Cunha – que no início do ano, todos se lembram, prometeu passagem aérea de graça para as senhoras dos deputados federais matarem as saudades dos maridos em Brasília – retirou o recibo com a comprovação da despesa do ar e, no dia seguinte, respondeu que Benjamin Maranhão havia restituído à Câmara o valor pago indevidamente.

Em nota, o deputado repudiou a matéria por considera-la “tendenciosa”. Benjamin atribuiu o erro à sua assessoria por incluir “indevidamente a referida despesa no rol daquelas passíveis de ressarcimento”. Foi o próprio parlamentar que, segundo a nota, comunicou o fato à administração da Câmara e providenciou a “devolução imediata da quantia envolvida”. 

Ainda segundo Benjamin, isso foi feito não por conta da denúncia, mas porque ele acredita que assim deve “proceder todo cidadão que paute sua conduta baseado na decência e na ética.”

Cássio pagou jantar de R$ 7.500 e mandou a conta para o Senado

O caso envolvendo Benjamin Maranhão me fez lembrar de outro ocorrido não faz muito tempo envolvendo outro parlamentar da Paraíba. Em outubro de 2013, o Senador Cássio Cunha Lima foi denunciado pelo jornal o Estado de São Paulo em matéria intitulada “Congresso banca ‘hábito gourmet’ dos parlamentares”, por ter levado para jantar na churrascaria Porcão amigos e parentes. 

O hoje líder do PSDB no Senado pagou pela conta a bagatela de R$7.567,60 e depois pediu ressarcimento do valor ao Senado, no que foi prontamente atendido. Cássio à época se defendeu assim pelo twitter, sem deixar, claro, de fazer um autoelogio: “Sou um dos poucos que com total transparecia coloco na internet as notas fiscais de todas as despesas ressarcidas. 

Usei a verba indenizatória, uma única vez em refeição, para pagar o jantar no dia da sessão especial em homenagem ao Poeta.”

E lembrar que a imprensa provocou a demissão de um ministro porque o rapaz pagou tapiocas no valor de R$8,00 com cartã0 corporativo...

Lula e a panela de Pâmela

O ex-presidente Lula resolveu entrar na luta de peito aberto para evitar o colapso do PT e participou do programa partidário petista exibido na última terça à noite. 

Lula tenta liderar o reencontro do PT com a trajetória que levou o partido ao poder no Brasil e atacou diretamente o PL da Terceirização aprovado recentemente pela Câmara, com o decisivo apoio da bancada do PMDB que, como lembrou Cid Gomes, continua a agir como oposição sem largar o osso do governo. 

“Esse projeto faz o Brasil retornar ao que era no começo do século passado, voltar ao tempo em que o trabalhador era um cidadão de terceira classe, sem direitos, sem garantias, sem dignidade”, disse Lula, enquanto as panelas zoavam nos bairros de classe média, sem ter tido, porém, a repercussão alcançada no último “panelaço” ocorrido durante o pronunciamento de Dilma Rousseff no Dia Internacional da Mulher.

Uma das líderes do panelaço em João Pessoa foi a ex-primeira dama, Pamela Bório, que publicou em seu Instagram uma foto no exato momento em que surrava com vontade uma panela de alumínio. 

Na legenda: “A Pâmela e a panela” e em um dos tantos comentários, a hoje apresentadora da TV Tambaú mandava ver: “Amiga, fiquei rouca de tanto desabafar... #foralula #foraladrao. Tomara que eu amanheça com a voz boa para trabalhar.” Não é por acaso que uma das grandes amigas de Bório é Rachel Sheherazade.


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