Políticos e setores da imprensa interessados em alijar o PT da vaga de vice do governador José Maranhão destilam seu veneno, entre outras coisas, ao imputar ao partido a responsabilidade pela derrota de 2006. Bem conveniente essa posição. Com isso, querem jogar para debaixo do tapete o desastre que foi a condução política da campanha de 2006, cujos erros vão desde a amadora produção e condução do programa eleitoral ao tratamento dado aos problemas com a candidatura ao Senado de Ney Suassuna.
Agindo assim, primeiro procuram excluir as responsabilidades dos dirigentes do PMDB durante aquela campanha; segundo, tentam diminuir forçadamente o peso político do partido do presidente Lula, que certamente é mais importante que o chamado "peso eleitoral", pois a força do PT reside exatamente nisso: nunca foi um partido "dono" de votos, de currais eleitorais, sendo a escolha do seu eleitor baseada sempre em critérios mais políticos, por vezes ideológicos.
Há por trás de posições como essas tanto um ranço conservador quanto o interesse de manter esses grupos no comando das decisões eleitorais futuras. E é esse o aspecto mais relevante: o que está em jogo não é mais 2010, mas 2014. Como previsto, a candidatura de Ricardo Coutinho afunda no lamaçal dos seus novos aliados e na incoerência do sue próprio discurso de renovação. E a não ser que o PMDB cometa os mesmo erros de 2006, essa eleição são favas contadas.
Eu já disse aqui que o vice ideal para a chapa peemedebista seria Veneziano Vital. Não por ser campinense, mas pela personalidade política na qual o atual prefeito de Campina Grande se tornou e pela possibilidade de dar ao discurso maranhista ares de renovação, apontando para o fim de um ciclo político geracional e o início de outro. Isso sem dúvida era o aspecto mais importante. Ser de Campina Grande era o dado complementar que tornava a figura de Veneziano Vital o vice dos sonhos maranhistas.
Não sendo Veneziano Vital, qualquer político de Campina Grande cumpriria o mesmo papel? Qualquer um exprimiria como Veneziano Vital conseguiu e até hoje consegue exprimir o "espírito" do campinismo? É um erro imaginar o eleitor campinense como um eleitor alheio à política e à personalidade dos políticos. Ele não é um parvo cujo principal argumento para se ganhar o seu voto é apresentar-lhe a credencial "campinense". Ele não é como os ratos do conto dos irmãos Grimm – O Flautista de Hamelin – que seguem inebriados o som de uma flauta mágica que, ao invés de melodia, ressoa nos ouvidos de todos: "sou campinense".
O bairrismo campinense é político. Parte de uma lógica intrínseca que orienta suas escolhas: a de que, em meio à indiferenciação política promovida pelos partidos conservadores e pela própria imprensa, o melhor mesmo é optar por um candidato que tenha origem na cidade. Mas teria qualquer um a condição de representar esse espírito? Não acho. Ivandro Cunha Lima, Daniela Ribeiro ou Vital do Rego Filho despertam no campinense o mesmo entusiasmo que Veneziano Vital e Cássio Cunha Lima?
E depois. Não me consta que nenhum campinense seja candidato a governador e isso faz uma imensa diferença. Uma coisa é José Maranhão enfrentar Cássio Cunha Lima ao governo. Outra bastante diferente é enfrentar Ricardo Coutinho, mesmo com Ivandro Cunha Lima na vice, especialmente se Cássio Cunha Lima não puder ser candidato. Arrisco-me a um palpite sobre as eleições em Campina Grande: Cássio Cunha Lima e Vital do Rego Filho terão votações consagradoras para senador e, para o governo, quem ganhar, ganhará por estreita margem de votos.
Mesmo uma derrota por poucos votos será uma imensa vitória para José Maranhão. Ricardo Coutinho só tem chances se tiver, pelo menos, 70% dos votos de João Pessoa e Campina Grande. Em 2006, Cunha Lima anulou a diferença que Maranhão colocou em João Pessoa, vencendo as eleições nos pequenos municípios. A lógica da aliança ricardista é essa: vencer nos dois principais colégios eleitorais e impor uma diferença que seria difícil superar nos pequenos municípios.
O que está dando errado? A subestimação do grau de politização do eleitor e, por outro lado, a crença no pragmatismo desse mesmo eleitor que não levaria em conta alianças inconsistentes. Não se trata, nesse caso, de um veto do eleitor a qualquer aliança eleitoral, mas à incoerência delas. Ora, como dar crédito a alguém que ascendeu na política combatendo, pela esquerda, grupos e partidos que, de repente, tornam-se seus aliados?
É esse erro que José Maranhão pode repetir ao não levar em consideração a força política e simbólica que o PT tem hoje. Especialmente com o nome de Rodrigo Soares. Diferentemente de Luciano Cartaxo que, até se tornar vice-governador, era um obscuro vereador pessoense, Rodrigo Soares ganhou projeção estadual com uma brilhante atuação parlamentar que lhe deu projeção para postular um mandato de deputado federal.
Após vencer a eleição para a presidência do PT, tem sabido manter o equilíbrio e não apenas conservar a unidade da maioria petista que lhe dá sustentação, mas ampliar o apoio interno à política de alianças do partido, isolando seu principal antagonista que é o deputado federal Luiz Couto. Com a candidatura de Rodrigo Soares a vice-governador, abre-se inclusive o caminho para que seja restaurada a unidade petista. Além de tudo, Soares é o nome de referência da direção nacional do PT. Com ele na vice, como um petista fazer campanha na Paraíba para outro candidato, que não José Maranhão? Inclusive Dilma. Inclusive Lula
É análise deste tipo que não mais encontramos, seja nos portais, blogs, twitter(?), onde o missivista pode até parecer tendencioso a este ou aquele especto político, mas, não o é. A dissecação ora posta, nos põe na antesala do poder, seja deste ou daquele postulante ao mandato maior no Estado. Aguçado, balizado, sem vestígios de paixão por esta ou aquela bandeira, o articulista nos graça semanalmente com sua pena, e que pena não seja diária, pois, tenho certeza, aqueles que 'estocarem' suas análises e previsões, certamente darão boas risadas dizendo: "Pô, o cara estava certo!", ao lerem o que ontem e hoje é posto sobre a política tabajara/ariús/cariris etc.
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