sexta-feira, 25 de junho de 2010

O PT e Veneziano merecem mais de José Maranhão do que pedidos de sacrifícios


Se vier a concretizar-se o "anúncio" que o governador José Maranhão fez na última terça, 22, de que o deputado Vital do Rego Filho seria o seu vice teríamos duas implicações políticas sérias. A primeira, seria uma aberta desconsideração pela posição do PT, já repetida ad nauseam em todas as ocasiões e por diversas instâncias partidárias há pelo menos 1 ano. O tal anúncio impôs de imediato um desafio para o PT: mostrar que o partido não é uma mera linha auxiliar do PMDB e do governador José Maranhão na Paraíba. Além disso, seria a comprovação de que não haveria limites para o PMDB fazer imposições ao PT pelo apoio a Dilma Rousseff. O que já aconteceu em Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Maranhão não foi suficiente?

Nos 2 primeiros estados o PT retirou dois candidatos competitivos, Fernando Pimentel e Lindbergh Farias, que desistiram de disputar o governo para concorrerem ao Senado e, assim, viabilizar o apoio aos candidatos do PMDB (Helio Costa e Sergio Cabral); no Maranhão foi pior: a direção nacional do PT chegou a intervir para que o partido no estado retirasse o apoio a Flavio Dino, candidato a governador pelo PCdoB, aliado histórico de Lula e do PT, para emprestá-lo a Roseana Sarney, que concorre à reeleição. Tudo isso para garantir o apoio do PMDB a Dilma Roussef.

Na Paraíba, o PT vai fazer o mesmo? Dobrar-se aos exclusivismos do PMDB e renunciar aos seus objetivos partidários? Aqui, seria pior já que não haveria compensação eleitoral. Seria sacrifício mesmo, já que lançar candidato do partido ao Senado implicaria, a essa altura do campeonato, a proclamação de uma derrota anunciada.

A segunda implicação política do citado "anúncio" do governador José Maranhão diz respeito a Veneziano Vital. O prefeito de Campina Grande renunciou ao objetivo de ser candidato a governador em 2014? Sim, porque essa é a conseqüência imediata caso Vital do Rego Filho seja mesmo confirmado na vice de José Maranhão.

A não ser que Vital do Rego Filho venha a ser um vice de mentirinha, que não poderá sequer assumir o cargo durante o governo para garantir a candidatura do irmão. E terá de renunciar quando José Maranhão se afastar para ser candidato ao Senado na próxima sucessão. Uma engenharia política de difícil realização, convenhamos.

Ou seja, confirmada a indicação do vice, os papéis dos irmãos se invertem: Vital do Rego Filho será o candidato a governador, pois estará no cargo em 2014, e Veneziano, a figura de proa do grupo e o responsável pela ascensão política de Vital Filho, assumirá então o papel de coadjuvante, pois viverá à sombra do irmão. Não poderá nem sucedê-lo.

Por mais qualidades políticas que Vital Filho tenha – e isso pode ser comprovado pela sua atuação parlamentar no Congresso, o que mostra sua vivacidade e capacidade argumentativa, – ele não consegue ser páreo para o irmão. Sem argumento melhor, eu diria ser uma questão de justiça para com a liderança ascendente de Veneziano Vital. Se Maranhão quer acenar para Campina, acene para o futuro e desde já faça indicações de que Veneziano Vital terá o seu apoio.

Pelo que representam, Veneziano Vital e o PT merecem mais. E, para o bem de sua própria candidatura, José Maranhão saberá reconhecer isso, pois nesse caso quero crer que a raposa política "jogou verde para colher maduro", como se diz por aí.

A reação do PT e de Veneziano Vital foram firmes o suficiente para demonstrar que o governador pode muito, mas não pode tudo. Uma aliança política só funciona direito se todos os que estão nela fazem acordos que os deixam satisfeitos. Impor sacrifícios a aliados é a melhor maneira de fazê-los cruzar os braços durante os embates. E isso é o pior que pode acontecer para José Maranhão.

Um comentário:

  1. Caro colunista.
    Você é um dos poucos que merece respeito, é um fato.
    Masssssssss, o Pt na vice é um atraso para o governo, não melhora em nada a chapa.
    Seria ótimo se tivesse um candidato a senador, ai sim o PT seria forte.

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