sexta-feira, 2 de março de 2012

O potencial da candidatura de Marlene Alves

Marlene Alves tem potencial, mas falta-lhe estrutura
Em eleições sucessivas, o comportamento do eleitorado de Campina Grande tem se mostrado um enigma político que parece difícil de ser desvendado.  O mesmo eleitorado que confirmou a liderança de Cássio Cunha Lima na cidade em três expressivas e decisivas vitórias em eleições para o Governo do Estado (2002, 2006 e 2010), foi o mesmo que, em seguida a cada uma dessas disputas, pôs em xeque a liderança do atual Senador. Quando o que estava em jogo era a Prefeitura de Campina Grande, os campinenses derrotaram-no nas duas últimas disputas, elegendo prefeito Veneziano Vital do Rego.

Em 2004, uma conjunção de fatores contribuíram para a primeira e decisiva derrota cassista na cidade: o desgaste dos dois primeiros anos do governo Cássio, o cansaço do eleitorado com a longa hegemonia política dos Cunha Lima na cidade e um candidato com clara limitações no discurso e no estilo de fazer política, Rômulo Gouveia.

A maioria do eleitorado campinense, de uma maneira que seria difícil prever antes da campanha começar, resolveu apostar em Veneziano, dando-lhe uma inesperada vitória. Desde então, numa sociedade em mudança, a política paraibana se tornou cada vez mais imprevisível e o inesperado deixou de ser desconsiderado.   

Em 2012, esse fenômeno pode voltar a se repetir. Dos dois lados. Acreditando na liderança do seu grupo, e novamente depois de uma nova vitória do seu candidato para o governo estadual, Cássio Cunha Lima repete a mesma estratégia, só mudando o candidato.  Será novamente derrotado? É difícil antecipar, mas existe uma grande probabilidade disso acontecer pelas razões que eu expus na postagem anterior.

É uma aposta de alto risco. A questão é saber se Cássio pode se arriscar tanto apostando em Romero Rodrigues, um candidato com nítidas limitações eleitorais. Uma nova derrota em Campina o deixaria mais prisioneiro ainda da aliança com o governador Ricardo Coutinho. E a dúvida sobre se seu esquema na cidade aguentaria mais quatro anos fora da prefeitura estaria mais do que nunca na ordem do dia. Mas, se Romero Rodrigues não é o melhor candidato para enfrentar essa disputa, quem seria? Quem reúne as condições que faltam a Rodrigues? A resposta pode estar sentada agora no principal gabinete da UEPB: a reitora Marlene Alves.

Por quê Marlene Alves é a melhor candidata de oposição para vencer em Campina

Personalidade decisiva na eleição de 2002, quando ajudou a criar e potencializar o anti-maranhismo em Campina, depois de ter feito uma greve de fome para abrir negociações com o então governador, Marlene reapareceu no guia eleitoral no segundo turno quando Cássio amargava imensas dificuldades e isolado em meio ao eleitorado de esquerda em toda a Paraíba e foi decisiva para unir Campina em torno de Cássio.

Essa dívida Cássio pagou com sobras apoiando a candidatura de Alves para a reitora e, em seguida, aprovando um projeto que deu autonomia financeira à UEPB. Foi a partir daí que Marlene Alves passou a caminhar com as próprias pernas. Em sua gestão, a UEPB se transformou: expandiu-se por todo o estado, atraiu professores mais qualificados para a instituição por conta dos salários, que se tornaram compatíveis com os salários pagos nas universidade federais, apostou na qualificação do corpo docente da instituição, investiu na Pós-Graduação e dotou a universidade de infraestrutura física.

Ou seja, Marlene Alves agregou à sua capacidade de liderança uma inquestionável competência administrativa. E numa universidade cuja identidade com Campina Grande é indissociável, Marlene é hoje uma personalidade de grande relevância política e, portanto, com grande potencial eleitoral. E com um predicado que nenhum dos candidatos campinenses ostenta hoje. Além de ter enfrentado de peito aberto o Ex-governador José Maranhão, Marlene confronta hoje o atual governador Ricardo Coutinho, mesmo tendo sido sua eleitora em 2010.

Este último cometeu um erro talvez mais grave que o cometido por José Maranhão em 2002. RC afrontou a UEPB atacando aquilo que é a razão de sua expansão e melhoramento: a autonomia financeira, que é a condição fundamental para a autonomia política e administrativa da universidade. Se durante a greve de 2002 estava em jogo questões salariais dos professores, agora o ataque é direto à toda instituição, ataque prontamente respondido pela própria Marlene, que enfrentou o governo em todos os campos do debate político. Mesmo sendo aliada, a reitora da UEPB mostrou independência política.

Enfim, a candidata Marlene Alves além de ser fortemente identificada com Campina Grande, ser professora e mulher, é capaz de agregar o eleitorado cassista, o eleitorado independente da cidade e o crescente eleitorado anti-ricardista.

Falta-lhe uma maior estrutura política e tempo de televisão, já que ela pertence a um pequeno  partido , o PCdoB. É nesse ponto que entra Cássio Cunha Lima. Mas, ele será capaz de um movimento nessa direção?

2 comentários:

  1. Importante o fato de termos uma opção diferente que rompa com as estruturas oligarquicas em Campina Grande, uma candidatura sem sombra de dúvidas com grande conteúdo ideológico e um exemplo de competência na expansão da UEPB. Parabéns ao Flávio com essa análise muito próxima da realidade e com bastante lucidez leva-nos a uma reflexão importante, de que a eleição em Campina sempre ocorre com muitas surpresas e imprevisível. Com certeza ela é o diferencial. Grande abraço
    Joseley Lira

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  2. São só conjecturas.
    Marlene Alves teria que chegar ao segundo turno, Romero precisa não ascender, para ela obter o apoio do senador.E se o senador Cássio resolver votar em Daniela Ribeiro em um segundo turno? Parabéns pela postagem analise.

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