Entre uma especulação e outra sobre uma possível saída do Progressistas de Aguinaldo e Lucas Ribeiro, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, se encontra diante de um novo impasse no seu projeto, acalentado desde que se elegeu Senador em 2006, de voltar a ser governador da Paraíba, depois de ter assumido o cargo por alguns meses quando sucedeu Ronaldo Cunha Lima, em 1994.
Tenho afirmado por aqui que a inesperada (até abril do ano passado) ascensão de Lucas Ribeiro à condição de candidato e depois de vice-governador da Paraíba, atrapalhou os planos de João Azevedo para tornar Cícero Lucena seu sucessor.
Quem acompanha política na Paraíba sabe que os estrategistas do governador trabalharam seriamente com a hipótese de que João Azevedo não teria adversários à altura para enfrentar seu projeto de reeleição.
Nesse cenário, João Azevedo, Cícero Lucena e Aguinaldo Ribeiro montariam tranquilamente a chapa dos sonhos dos três: Azevedo seria candidato à reeleição, Ribeiro ao Senado e Cícero indicaria o vice, em comum acordo com o governador - o nome do secretário Deusdeth Queiroga foi apontado durante muito tempo como o nome mais provável.
Como todo mundo sabe, faltou combinar com os russos. A resistência do Republicanos em apoiar a candidatura de Aguinaldo Ribeiro e a insistência de Efraim Filho em manter sua candidatura ao Senado, além do até então considerado improvável lançamento de Veneziano, ao lado de Ricardo Coutinho para o Senado, sob as bênçãos de Lula, entornaram água no chopp da estratégia governista. De uma hora para outra, o cenário de uma reeleição fácil mudou e João Azevedo, de franco favorito, passou a assumir uma posição mais frágil.
A mudança definitiva no plano de voo aconteceu quando, em um surpreendente movimento, Aguinaldo Ribeiro exigiu a indicação do candidato a vice na chapa de João Azevedo, e fez isso com a faca no pescoço da candidatura de Daniella Ribeiro ao governo.
João Azevedo, Cícero Lucena e o Republicanos tiveram de ceder a Aguinaldo, e Lucas Ribeiro assumiu a vaga de candidato a vice. Eleito, se os planos de Aguinaldo derem certos, Lucas Ribeiro será o futuro governador da Paraíba e, obviamente, candidato à reeleição, plano que só não se concretizará se João Azevedo repetir o mesmo erro cometido por Ricardo Coutinho, em 2018.
Eis as razões para a mudança de humor do atual prefeito de João Pessoa, que podem de novo atrapalhar seus planos de se tornar governador da Paraíba. O fim da lua-de-mel entre Aguinaldo Ribeiro e Cícero Lucena produzirá consequências para o atual bloco governista, dividindo-o até 2026?
Caso reeleito em João Pessoa, Cícero Lucena vai aceitar ser novamente uma posição periférica ou vai enfrentar a provável candidatura de Lucas Ribeiro ao governo, ao lado do Republicanos? E João Azevedo vai trabalhar por Cícero ou por Lucas Ribeiro, que significa lutar pela manutenção do bloco de aliança que o elegeu governador?
Depois eu volto para tratar mais sobre as alternativas de Cícero Lucena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário