domingo, 5 de março de 2023

Diretório Regional do PT ratifica posição antecipada por Jackson Macedo e formaliza entrada na base de João Azevedo: Cícero Lucena comemora

Não foi exatamente uma novidade o resultado da reunião do Diretório Regional do PT, realizada ontem. A resolução foi resumida em nota assinada pela instância partidária. Afora as formalidades mal alinhadas sobre a conjuntura, a decisão principal foi essa:

A reeleição de João Azevedo representa a “perspectiva de construção de um projeto político renovador para a Paraíba” e sua reeleição “uma trincheira de resistência ao ambiente conservador” do país “desde o Golpe de 2016”, razão pela qual o Partido dos Trabalhadores da Paraíba é “partícipe do Governo João Azevedo” tanto quanto apóia, participa e contribui com ele.

Enfim, nada de novo no front, porque a dita reunião apenas formalizou a posição do presidente estadual do PT, Jackson Macedo, antecipada para imprensa antes do carnaval, o que foi feito depois de uma reunião com o governador. 

Obviamente, o que também faz parte do script, haverá questionamentos à decisão.

Tanto da banda governista do partido que apoiou o governo durante os quatro anos e, na eleição de 2022, fez campanha para os candidatos do PSB ao governo e ao senado, mesmo com o apoio público de Lula às candidaturas de Veneziano Vital (MDB) ao governo e de Ricardo Coutinho, para o Senado, este último candidato pelo PT. Essa banda, claro, não discordaria da resolução caso tivesse participado dela para manter os espaços já conquistados no governo. Concordam na política, discordam no método. Pelo visto, vão ter mesmo de pedir a bênção a Jackson Macedo, o que não deixa de ser uma ironia. 

Já a banda ricardista, que representa o setor do partido que tem voto, base e inserção social, vai, claro, também reclamar. Aliás, como antes faziam os que negociaram o apoio do PT a João Azevedo, mas não entregaram a fatura. Hoje, o deputado federal Luiz Couto e a deputada estadual Cida Ramos informaram ao blog do jornalista Tião Lucena que não pretendem aderir à base do governador e que, portanto, discordam da decisão.

Ricardo Coutinho mantém-se à distância, em Brasília, cuidando da vida. RC sabe que não há muito o que fazer e que, pelo mesmo método, contou com o apoio de Lula e Gleisi Hoffmann para seus projetos eleitorais na Paraíba. Caso tivesse vencido a eleição para o Senado, a situação seria totalmente diferente. Depois de duas derrotas, de uma correlação de forças nacional que virou, da reeleição de João Azevedo, e de Lula na Presidência precisando construir uma base parlamentarz que, na Paraíba, é completamente hostil a Ricardo Coutinho no Congresso. Mais do que ninguém, Ricardo Coutinho sabe do jogo que sempre foi jogado com o PT da Paraíba. Ele só não pode dizer que Lula e o PT lhe faltaram nas nas últimas eleições.

É estranho que um partido como o PT funcione assim, ou seja, na base de resoluções que não são debatidas amplamente e, portanto, não levam em conta o que pensa a maioria dos filiados e militantes. Esse, porém, como já disse mais de uma vez por aqui, tem sido o modus operandi da tomada das grandes decisões do PT na Paraíba. Em 2020 e 2022, essas decisões tomadas por cima beneficiaram Ricardo Coutinho e seu grupo; em 2024, a ser mantido o mesmo modus operandi, o beneficiário será João Azevedo e, por extensão, Cicero Lucena, em João Pessoa. Alguém duvida?

Isso porque Jackson Macedo tem sido apenas o operador das decisões tomadas pela cúpula da direção nacional do PT, o que inclui o próprio Lula. E o jogo que está sendo jogado no Brasil é bruto.

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