A entrevista concedida por Jackson Macedo à rádio Arapuan sobre as eleições do próximo ano tem preocupações que devem ser levadas a sério. Jackson avalia que o bolsonarismo saiu fortalecido em João Pessoa na eleição de 2022, vencendo no primeiro turno para governador (Nilvan Ferreira, 31% dos votos), para senador (Sergio Queiroz, 28%), para deputado federal (Cabo Gilberto, 14%) e deputado estadual (Wallber Virgolino 7,6%).
Embora não acredite na união desses nomes em 2024, Jackson
considera que, caso ocorra, a vitória de um candidato bolsonarista em João
Pessoa passa a ser uma hipótese bastante factível, o que vai exigir de uma candidatura
do PT, segundo ele, capacidade de se viabilizar eleitoralmente para unir o
campo progressista, nesse momento dividido.
O alerta de Jackson Macedo, mais uma vez, deve ser levado a
sério. Já analisei por aqui o potencial eleitoral da candidatura de Sérgio
Queiroz, que deve merecer a devida atenção dos democratas paraibanos, portanto,
não pode ser subestimada. O perfil de Sérgio Queiroz difere muito de perfis
como os de Nilvan Ferreira, Cabo Gilberto e Wallber Virgolino, bolsonaristas-padrão,
ou seja, acostumados a falar para a bolha de 20% de ultradireitistas.
O problema é saber quais dos possíveis candidatos não
petistas já lançados têm capacidade de aglutinar essas forças. Ruy Carneiro? Pelo
que o deputado federal já disse, sua estratégia não comporta alianças com a
esquerda no primeiro turno.
Como eu não acho que o PSB vá romper a aliança em João
Pessoa e lançar candidato/a, resta Cícero Lucena como alternativa. Se a
disposição do atual prefeito pessoense for mesmo fazer aliança com a esquerda, o
que significa uma aposta para resolver a parada já no primeiro turno, Lucena
precisa enfrentar pelo menos dois problemas até o fim do ano.
O primeiro deles é o partido, como Jackson Macedo já
antecipou semanas atrás. O Progressistas se identificou muito com a
administração de Jair Bolsonaro e foi um dos partidos que compuseram a
coligação em apoio à reeleição do ex-presidente. Não se trata de uma equação fácil
para Cícero Lucena, porque uma mudança de partido praticamente anteciparia o rompimento
com os Ribeiro e seria uma sinalização muito clara de sua pretensão de se
candidatar a governador em 2026. Contra Lucas Ribeiro. Ficar no PP, entretanto,
ajudaria a alimentar o discurso dos que defendem lançamento de candidatura
própria dentro do PT.
Um segundo problema para Cícero Lucena será oferecer ao seu
governo uma cara para que o PT possa chamar minimamente de sua, o que
significa, por exemplo e antes de qualquer coisa, engavetar definitivamente o
projeto de engorda das praias. Ir à frente com esse projeto é bater de frente
não só com a resistência dos movimentos ambientalistas dentro e fora do PT, mas
contra um traço da identidade e da alta-estima da cidade. Seria uma loucura sem
tamanho com riscos políticos incalculáveis.
Não é uma equação fácil, como se vê, mas também não é de
solução impossível.
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