sábado, 28 de novembro de 2009

Razões para a vitória de Rodrigo Soares no PT

A dúvida gerada pela disputa interna no PT sobre com quem o partido se aliaria nas eleições para governador da Paraíba, em 2010, foi resolvida depois da contundente vitória da chapa liderada pelo deputado estadual Rodrigo Soares, que obteve 54% dos votos e emplacou uma diferença superior a 1200 votos sobre o deputado federal Luiz Couto. José Maranhão, se o bloco que deu suporte à candidatura de Soares para a presidência do PT continuar unido, já pode contar com o apoio do partido para 2010.

Em termos de composições internas, essa disputa subverteu toda a lógica anterior das alianças no PT paraibano. Até 2007, o que marcou a conformação dos ajuntamentos entre os diversos grupos políticos no PT foi a divisão entre a chamada esquerda petista e os diversos grupos alinhados às posições hegemônicas da Articulação, grupo de Lula e José Dirceu.

O governo Lula promoveu uma inusitada coesão nacional interna do PT, por conta das acomodações internas que Lula soube, com habilidade, conduzir, mas principalmente pela necessária unidade interna para enfrentar os inimigos localizados numa oposição cada vez mais direitista ao governo liderado pelo PT. A compreensão de que o fracasso do governo Lula representaria o fracasso da própria esquerda no Brasil, fez também amadurecer e consolidar as bases de uma ampla aliança, tanto no interior do PT, mas também deste com os outros partidos desse campo.

As críticas mais contundentes que se ouviam ao governo dentro e fora do PT, incluindo este que lhes escreve, foi dando lugar, na medida que Lula foi transpondo todos os obstáculos criados ao seu governo pela grande imprensa e pela oposição consevadoras, a um nítido realinhamento político em torno da expectativa de que a esquerda possa liderar um novo projeto de desenvolvimento, agora com objetivos, digamos, distributivistas.

Lula soube compreender muito bem a natureza histórica do nosso desenvolvimento, ao se negar a embarcar no que seria a aventura de uma ruptura com o modelo neoliberal no início do seu governo, como desejava e torcia que ele fizesse o PSDB, e pressionava grande parte da esquerda. Lula também compreendeu especialmente a maneira como foram feitas no Brasil as grandes transformações nacionais sob o comando, até então, de alianças e pactos conservadores – qualquer dia eu arranjo tempo para produzir uma análise mais detida desse processo histórico moldado pelo que Maria da Conceição Tavares chamou de “modernização autoritária e excludente”.

Em sete anos de governo, Lula liderou uma lenta transição para esse novo modelo, e aglutinando forças em torno dele. Construiu uma unidade a partir de sua incontestável liderança, solidificada por uma amplo apoio popular e por um suporte econômico que seu governo, com ousadia, soube construir e é a base imprescindível para dar início a essa transição.

Pois bem. Foi a construção dessa unidade que deu lógica à aliança entre grupos de diversos matizes, antes em campos opostos, em torno da candidatura de Rodrigo Soares no PT paraibano. E isso foi feito da maneira menos traumática possível. Antigos adversários se uniram em torno desse projeto, que levou ao isolamento do grupo do deputado federal Luiz Couto, preso a uma visão que aparentemente não logrou compreender o que estará em jogo no Brasil em 2010. O que poucos acreditavam – por exemplo, uma aliança de Gilcélia Figueiredo e Frei Anastácio com Rodrigo Soares e Luciano Cartaxo – aconteceu. E foi isso o que deu solidez política e capacidade aglutinadora para enfrentar o até então considerado imbatível grupo de Luiz Couto.

Quem raciocinou em termos dos enfrentamentos do passado surpreendeu-se com a desenvoltura argumentativa dos protagonistas dessa aliança, que pouco se incomodaram quando eram apontadas as possíveis incongruências de uma aliança tão ampla. A aproximação nacional do PT com o PMDB reforçou mais ainda o posicionamento político desse agrupamento, que acabou conquistando uma vitória eleitoral cujo resultado representa uma nítida desautorização a qualquer tipo de aproximação, na Paraíba, com aliados dos adversários nacionais do PT.

Essa força política avançou, inclusive, no território político onde aparentemente a candidatura de Luiz Couto teria o seu melhor desempenho, que seria João Pessoa, por conta da aliança e do apoio do prefeito Ricardo Coutinho. Hoje, como tudo indica, vencerão os apoiadores da aliança com o PMDB no segundo turno da disputa para o Diretório Municipal do PT. da capital Se isso realmente acontecer, terá sido, como diz um conhecido ditado popular, uma vitória com "barba, cabelo e bigode".

A derrota do agrupamento liderado por Luiz Couto também aconteceu no campo do embate da argumentação política. O simplismo das críticas durante a campanha do PED feitas pelo deputado federal Luiz Couto, que atribuía o interesse pela ocupação de cargos o elemento a definir essa aliança – o que não deixava de ser paradoxal, pois era como se ele argumentasse ser o PT importante para dar apoio eleitoral, mas não para governar – expressam em grande medida um alto grau de desorientação política do grupo que o apoiava, incapaz de se opor à política proposta pelo agrupamento liderado por Rodrigo Soares, que defendia a unidade da base do governo Lula na Paraíba, política que contava com a chancela da própria Direção Nacional do PT.

Além disso, tendo não só apoiado José Maranhão como participado da chapa majoritária indicando o vice-governador, era e é legítimo, além de uma exigência política, que o PT reivindicasse não apenas a participação no governo, mas trabalhasse para ampliar cada vez mais os seus espaços. O argumento referente ao interesse na ocupação de cargos, mote da campanha de Luiz Couto, soou despolitizado e preconceituoso, o que demarcou um importante limite entre um discurso orientado para o debate a respeito do papel das alianças e da participação nos governos do PT e outro que explorava uma visão rasteira da política, incentivando um preconceito inútil tanto nos filiados como na sociedade.

Por outro lado, aquele que seria em tese o grande aliado a ajudar Luiz Couto na defesa de uma aliança mais à esquerda para o PT, em 2010, Ricardo Coutinho, passou todo o tempo em que durou a campanha do PED quase a mendigar o apoio do grupo Cunha Lima e do PSDB, o que acabou tornando-o, na prática, o maior adversário de Luiz Couto, pois a cada declaração de Coutinho nessa direção obrigava Couto a um verdadeiro contorcionismo retórico, ao negar apoio ao que o seu candidato escancaradamente defendia, através de palavras e atos.

A impaciência do prefeito de João Pessoa deixou claro sua prioridade política em relação a futuros aliados: ao invés do silêncio para ajudar Luiz Couto, preferiu a pirotecnia dos festejos no interior, com fotos sorridentes ao lado dos que, em 2010, farão campanha para a oposição a Lula. O que salvou Luiz Couto de uma derrota humilhante foi sua grande liderança interna, que ficou fortemente arranhada após esse embate.

Na próxima postagem, tentarei analisar as conseqüências da vitória de Rodrigo Soares para o PT e para a aliança com o PMDB do governador José Maranhão.

2 comentários:

  1. Mais uma vez o PT vai perder o bonde da história negando apoio a RICARDO, primeiro fizeram com que este mudasse de partido e agora, uma boa parte está dando as costas, quando quiserem chorar não terão ombro para tal fim.
    Registro que Ricardo vai ser o grande mito da eleição 2010, quando definitivamente mudará este cenário de brigas e que está levando a Paraíba ao caos, as famílias CL e MA, não teem qualquer compromisso com a Paraíba, e tão somente pessoais.
    Sigamos em frente e todos verão.

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  2. Mais uma vez o PT vai perder o bonde da história negando apoio a RICARDO, primeiro fizeram com que este mudasse de partido e agora, uma boa parte está dando as costas, quando quiserem chorar não terão ombro para tal fim.
    Registro que Ricardo vai ser o grande mito da eleição 2010, quando definitivamente mudará este cenário de brigas e que está levando a Paraíba ao caos, as famílias CL e MA, não teem qualquer compromisso com a Paraíba, e tão somente pessoais.
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