quarta-feira, 4 de abril de 2012

Decisão do TRE sobre Maranhão beneficia estratégia ricardista


O TRE decidiu reprovar ontem as contas de campanha do ex-governador José Maranhão. Em razão da decisão tomada pelo TSE ainda este ano de considerar reprovação de contas de campanha fato impeditivo para registros de candidatura, José Maranhão está hoje inelegível.

Desconsiderando a possibilidade de aceitação do recurso que o candidato do PMDB diz que vai impetrar junto ao TSE, vamos nos concentrar aqui numa breve análise das repercussões eleitorais do afastamento do ex-governador da disputa.

O primeiro fato que merece reflexão é se, na ausência de Maranhão, a disputa tenderá a acentuar a polarização entre as candidaturas de Cícero Lucena, do PSDB, e de Estelizabel Bezerra, do PSB.

O segundo é se Luciano Cartaxo terá força suficiente para evitar essa polarização que pode levar sua candidatura a pique por conta do antagonismo crescente entre oposição e ricardismo.

Voltemo-nos para essas duas questões. Do lado do eleitorado oposicionista, qual candidatura de oposição melhor expressa o espírito desse eleitorado: Cícero Lucena ou Luciano Cartaxo? Não tenho dúvida que Cícero Lucena tem muito mais condições de ocupar esse espaço.

Primeiro, pela trajetória de confronto com Ricardo Coutinho, seja como prefeito seja como oposicionista. Segundo, pelas amabilidades que Lucena vem trocando com o próprio José Maranhão desde 2011, demonstrando a existência de uma afinidade tática entre ambos.

E terceiro, pela condição de líder nas pesquisas que Lucena ostenta hoje, o que lhe dará inevitavelmente a condição de desaguadouro natural daqueles que tendem a se agarrar à candidatura do atual senador tucano como melhor alternativa para derrotar o esquema ricardista: lideranças de partidos oposicionistas (vejam o que já disse hoje o vereador Tavinho Santos, do PTB) e candidatos a vereador do PMDB.

Enfim, ou por razões eleitorais, por proximidades políticas anteriores e, em menor grau, por razões ideológicas, Cícero Lucena tende ocupar o vácuo deixado pelo afastamento de José Maranhão da disputa.

A chance de Luciano Cartaxo não ser engolido pela polarização entre tucanos e socialistas é convencer parte do eleitorado que antipatiza com o PSDB e toda tradição política que ele representa. A questão é saber se ele disputa sozinho esse espaço, ou se Estelizabel Bezerra, de um partido da base lulista-dilmista também é capaz de atrair esse eleitorado.

Ou seja, Cartaxo terá dificuldades tanto do lado do eleitorado oposicionista, por conta do peso que Cícero Lucena, que tem grandes possibilidades de contar com o apoio de José Maranhão, quanto do lado do eleitorado de esquerda, que pode “nacionalizar” a disputa em João Pessoa e optar por um voto útil para derrotar o tucano.

Enfim, a saída de Maranhão da disputa, caso ele se confirme, acaba jogando água no moinho de Cícero Lucena e de Ricardo Coutinho, que desejaram sempre criar uma disputa maniqueísta em 2012. 

Vamos ver no que isso vai dar.

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