quarta-feira, 8 de abril de 2015

João Azevedo e Veneziano Vital serão a chave para o entendimento entre PSB e PMDB em 2016

Desde que José Maranhão, em 2010, e Veneziano Vital, em 2012, ambos do PMDB, foram derrotados para o Governo do Estado e para a Prefeitura de Campina Grande, respectivamente, que se abriu um imenso espaço vazio cuja luta pela sua ocupação está em pleno desenvolvimento.
Sem lideranças capazes de reivindicar o espólio que pertence ao partido, o PMDB se vê na contingência de ter de assumir posições secundárias na política paraibana e dividir-se nas eleições, como já é próprio do partido no plano nacional desde o fim do governo de José Sarney, em 1990.
Em 2014, por exemplo, boa parte dos peemedebistas apoiou a candidatura do antigo arquirrival, o tucano Cássio Cunha Lima, deixando no abandono Vital do Rego Filho – mesmo antes, quando Veneziano Vital era o candidato a governador, o divisionismo peemedebista era visível.
O PT foi incapaz de enxergar esse fato, o que RC aparentemente já havia entendido quando acenou, sem a devida reciprocidade, para José Maranhão durante meses antes de fechar o acordo com Luciano Cartaxo.
Cartaxo teve nas mãos o PMDB e deixou-o escapar deliberadamente ao romper a aliança, depois de meses a fio de tentativas de enfraquecê-la – lançando primeiro o “blocão”, depois Nadja Palitot, tudo com o objetivo de ganhar tempo e fragilizar Veneziano Vital, o que, inquestionavelmente, deu enormes resultados.
Caso tivesse cultivado a aliança, ao invés de desmerecê-la, Cartaxo teria praticamente assegurado uma aliança de maior longevidade com aquele que ainda é o maior partido da Paraíba, especialmente para a sua reeleição em João Pessoa.
E de quebra teria imensas chances de eleger o irmão, Lucélio, para o Senado, como ficou demonstrado durante a campanha, já que não apenas José Maranhão não seria candidato como iria apoiá-lo. Fora do segundo turno para o governo, o inevitável acordo com RC aconteceria, só que em novas bases.
Se tivesse privilegiado a aliança com o PMDB, o PT pavimentaria o caminho para manter-se na Prefeitura da Capital e, em seguida, para o Governo do Estado. Mas, não foi isso que aconteceu.
PMDB ficará com Ricardo
Isso já são águas passadas e o que Cartaxo manteve do PMDB foram ressentimentos. De todas as alas. Por outro lado, Ricardo Coutinho e o PMDB dão claras demonstrações de que constroem uma aliança que tende a ter desdobramentos na política paraibana.
Diferentemente do início do primeiro mandato, quando RC tinha um governo a fazer e um estilo a consolidar, e a sombra de Cássio Cunha Lima a atanazar seus projetos de longo prazo, hoje o governador tem pela frente o desafio de consolidar sua liderança na Paraíba.
E a ocupar o que um dia foi – por mais de 20 anos – o lugar do PMDB e de José Maranhão no embate com o já decadente cassismo. Sem lideranças capazes de agregar o PMDB no curto e médio prazos, a tendência é que os peemedebistas majoritariamente consolidem a aliança com RC.
E o primeiro passo será dado em 2016. O segundo em 2018.
Em 2016, projetos comuns podem unir RC ao PMDB. Tanto em João Pessoa quanto em Campina Grande. Não pensem que há acordos prévios. RC joga duro e, como já ficou demonstrado, ele sabe jogar.
Por enquanto, ele cultiva a aliança o PMDB, que já tem assegurada a Presidência da Assembleia a partir de 2017, nos dois anos em que será definida a aliança para 2018.
Quando chegar a hora de discutir as alianças, o apoio que o PSB/Governo do Estado pode oferecer ao PMDB em Campina Grande terá de ter reciprocidade em João Pessoa. Aí chegará a hora do PMDB finalmente ocupar os espaços que reivindica no governo estadual, especialmente José Maranhão.
Com a aliança PSB-PMDB confirmada, restará pouco espaço ao PT e uma aliança, mesmo que branca, com PSDB talvez seja mesmo a única alternativa.
Até nisso, Cartaxo pensa em repetir o que fez Ricardo Coutinho. A questão é que a história se repete duas vezes, e a segunda é como tragédia.
João Azevedo será o nome de RC para Prefeito ou Vice
Notem que a grande aliança celebrada no segundo turno de 2014 para ter continuidade terá de deixar o PSB de fora das chapas majoritárias nas disputas pelas duas principais prefeituras da Paraíba.
O PT já tem um candidato natural em João Pessoa e o PMDB em Campina, restando ao PSB apenas o espaço de vice nas duas chapas majoritárias.
Alguém ligado à Prefeitura de João Pessoa, que não é petista, certa vez me manifestou em off a estranheza do Prefeito Luciano Cartaxo não ter incluído no acordo realizado em 2014 com Ricardo Coutinho o apoio à sua reeleição.
A única explicação plausível que na ocasião eu esbocei foi essa: Cartaxo não queria abrir a discussão sobre composições porque isso implicaria em outro compromisso, agora de sua parte: quem indicaria o vice? Toda essa pendenga atual do PSB com o PT talvez tenha nessa questão a raiz do conflito entre os dois partidos?
Mais uma vez, Cartaxo deseja repetir o que RC fez na sua sucessão: indicar um vice de sua estrita confiança para que ele possa ter tranquilidade e segurança para dar seguimento ao projeto de eleger-se governador em 2018.
Nesse caso, sobraria um único nome, já que Lucélio Cartaxo não poderia: o do atual Secretário de Planejamento da PMJP, Zênnedy Bezerra.
O resultado é esse. Sem acordo prévio RC pode reivindicar o direito de lançar – ou não – um candidato a Prefeito, decisão que só deve ser tomada, como eu afirmei na última postagem, mais próximo do fim do ano.
Mas, o governador já prepara um nome. E a receita é por demais conhecida: um técnico, com fama de bom administrador, com alguma capacidade de se comunicar e que seja capaz de agregar.
Essa receita já foi utilizada com sucesso nas últimas eleições aqui no Nordeste pelo próprio PSB.
Em 2012, por exemplo, o partido lançou o Ex-secretário estadual de Planejamento e Gestão, Geraldo Júlio, que se elegeu no primeiro turno prefeito de Recife. Contra Humberto Costa, candidato do PT, que administrava até a Capital pernambucana.
E um nome com esse perfil o PSB pessoense dispõe. Trata-se do engenheiro e professor João Azevedo, atual Secretário de Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia da Paraíba.
Num ambiente marcado ostensivamente pela desconfiança com a politica e com os políticos, Azevedo cumpriria bem o papel de representar o “técnico”, cujo nome não emergiu de uma carreira política, mas do trabalho de quem planeja e propõe soluções.
Discurso que casaria bem com a imagem que RC constrói sobre si e sobre o seu governo. 
Caso Cartaxo não aguente a pressão e abra mão para o PSB indicar o candidato a Vice-Prefeito ele praticamente asseguraria a sua reeleição. Mas o deixaria sem iniciativa e nas mãos de RC nas disputas para o governo em 2018, praticamente obrigando-o a desistir desse projeto.
Por isso, RC deve jogar nessas duas frentes, sempre olhando para 2018. Mas pode ser que as chances de romper a aliança com o PT e lançar candidato acabe se impondo, tanto interna (no PSB) quanto externamente, especialmente por conta das dificuldades políticas e administrativas que Luciano Cartaxo vive, hoje, sem muita margem de manobra.
Com o agravante de que 2015 será um ano de dificuldades financeiras, sem muita margem para ampliar a ação política e administrativa da PMJP.

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