segunda-feira, 27 de abril de 2015

RC CERCA O PMDB*

O anúncio de que o deputado estadual Trócolli Jr. (PMDB) passa a compor a base parlamentar governista na Assembleia Legislativa é mais um indício de que o partido liderado na Paraíba por José Maranhão caminha celeremente para a unificação em torno do apoio ao projeto político do governado Ricardo Coutinho. 

Trocolli foi um dos mais enfáticos deputados oposicionistas no governo passado, chegando mesmo defender publicamente que o PMDB apoiasse a candidatura ao governo de Cássio Cunha Lima. 

Segundo ele próprio declarou, pediu voto para o tucano no segundo turno. Resta apenas o deputado estadual Raniery Paulino mudar de posição, o que deve acontecer em breve porque os projetos locais, ou seja, a disputa em Guarabira, o empurrarão para o bloco de partidos que apoiam o governador Ricardo Coutinho. 

Isolado, Manoel Jr. tende a permanecer na oposição, o que tende a leva-lo mais cedo ou mais tarde a sair do PMDB por absoluta incapacidade de conviver com a política que hoje se desenha.

É nítido o esforço e a pressa do governador em conquistar o apoio em bloco do PMDB. Ao fechar o apoio de Trócolli Jr., RC não apenas aumenta sua bancada na Assembleia, mas consegue outro apoio estratégico para viabilizar uma aliança formal com o PMDB em João Pessoa já em 2016. 

Para tanto, Coutinho já contava com o apoio de Gervásio Maia, que deve assumir a Presidência do PMDB logo após encerrado o mandato de Manoel Jr. 

RC conseguiu o apoio de Maia ao colocar em andamento uma operação que envolveu a Presidência da Assembleia, que será ocupada pelo peemedebista no segundo biênio do atual governo, o que significa aumentar e valorizar o peso do PMDB na configuração de uma aliança que deve se efetivar em 2016 e se consolidar em 2018. 

O passo seguinte deve ser a ocupação de mais espaços no governo, quando chegará a hora de acomodar o senador José Maranhão, outra peça-chave do PMDB pessoense. A presença de Maranhão no primeiro escalão do governo é inexistente.

O espaço vazio deixado pelo PMDB

Quando isso finalmente acontecer, RC completará o cerco ao PMDB, iniciado ainda nos primeiros meses de 2014, quando a candidatura de Cássio Cunha Lima já se configurava como um fato consumado. 

O esforço de aproximação com o maior e mais organizado partido da Paraíba promovido por RC tinha por objetivo ocupar o imenso espaço vazio que reinava, e ainda reina, nas áreas de influência peemedebistas. 

Sem lideranças capazes de unificar o partido, dando-lhe expectativa de poder, o PMDB paraibano experimentou na última eleição e pela primeira vez na Paraíba um divisionismo bastante comum aos partidos que vivem na periferia do poder. 

Nem o lançamento da candidatura de Veneziano Vital foi capaz de promover a unidade interna peemedebista para as disputas de 2014. 

Muito pelo contrário. A tendência pró-Cássio do PMDB, liderada pelo deputado federal Manoel Jr., associada ao PT de Luciano Cartaxo, que fez um surpreendente movimento em direção à candidatura do até então adversário, Ricardo Coutinho, às vésperas das convenções partidárias de 2014, enterraram de vez o projeto de Veneziano Vital.

Foi a candidatura de José Maranhão ao Senado que salvou o PMDB paraibano do esfacelamento, mas não impediu que o partido antecipasse o seu destino de se tornar força secundária na política paraibana, papel que Cássio Cunha Lima já assumira em 2010. 

Incapaz de enxergar o papel que lhe estava reservado, Cássio, seduzido pelo oba-oba do oposicionismo paraibano, ao lançar-se candidato em 2014, permitiu que fosse revelado por inteiro seu tamanho – grande ainda, mas em franca decadência – e o de suas fragilidades. 

É provável que, em 2018, Cunha Lima volte a assumir o papel de linha auxiliar para viabilizar sua reeleição para o Senado. Mas, Cássio Cunha Lima é um capítulo à parte que será tratado em breve. Finalizemos com o PMDB.

É nesse espólio que o governador Ricardo Coutinho está de olho. RC sabe que, sem ninguém hoje capaz de liderar um projeto de poder que reunifique o partido e lhe dê perspectivas, o PMDB, ainda uma das importantes forças da política paraibana, tende a se vincular nas próximas duas eleições a um dos campos em disputa. 

A decadência do cassismo pode empurrar o PT para o campo da oposição em caso de nova vitória em João Pessoa e torna-lo um polo aglutinador e alternativo ao ricardismo. Esse é o motivo pelo qual PMDB, que adora esse papel em qualquer lugar do país, é hoje tratado como noiva por Ricardo Coutinho. Para inquietação e apreensão dos petistas.

Cartaxo tem de aprender a jogar xadrez urgentemente.

Anísio X Charliton

Coube ao presidente do PT, Charliton Machado a tarefa de desautorizar o deputado estadual Anísio Maia, em nome da direção estadual do partido. Em nota e em entrevistas, Charliton disse que a atitude de Anísio não expressa a posição do PT na Paraíba. “Somos aliados ao PSB e participamos do governo”, enfatizou ele. 

Anísio Maia, por sua vez, estranhou a posição da direção do PT. Segundo Maia, Charliton cobrar dos parlamentares petistas que estes sejam “incoerentes e alheios aos questionamentos da sociedade.” Anísio disse ainda que “votaria a favor de qualquer CPI ou cobrança de transparência.” Vamos anotar essa para conferir no futuro.


O deputado petista só esquece dois detalhes que, em política, não podem ser desprezados: 1) existe uma investigação em andamento realizada pelo Ministério Público e pelo TRE para apurar o uso eleitoral do programa Empreender nas últimas eleições, investigações que tem se mostrado muito mais efetivas e eficazes que as de qualquer CPI; 2) CPI é em geral instrumento político da oposição para desgastar o governo. 3) quando um deputado governista assina uma CPI, ou está dando um recado ou quer ir para a oposição.

* Publicado no Jornal da Paraíba de 23/04/2015

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