O anúncio de que o deputado estadual Trócolli Jr. (PMDB) passa a
compor a base parlamentar governista na Assembleia Legislativa é mais um
indício de que o partido liderado na Paraíba por José Maranhão caminha
celeremente para a unificação em torno do apoio ao projeto político do
governado Ricardo Coutinho.
Trocolli foi um dos mais enfáticos deputados
oposicionistas no governo passado, chegando mesmo defender publicamente que o
PMDB apoiasse a candidatura ao governo de Cássio Cunha Lima.
Segundo ele
próprio declarou, pediu voto para o tucano no segundo turno. Resta apenas o
deputado estadual Raniery Paulino mudar de posição, o que deve acontecer em
breve porque os projetos locais, ou seja, a disputa em Guarabira, o empurrarão
para o bloco de partidos que apoiam o governador Ricardo Coutinho.
Isolado,
Manoel Jr. tende a permanecer na oposição, o que tende a leva-lo mais cedo ou
mais tarde a sair do PMDB por absoluta incapacidade de conviver com a política
que hoje se desenha.
É nítido o esforço e a pressa do governador em conquistar o apoio
em bloco do PMDB. Ao fechar o apoio de Trócolli Jr., RC não apenas aumenta sua
bancada na Assembleia, mas consegue outro apoio estratégico para viabilizar uma
aliança formal com o PMDB em João Pessoa já em 2016.
Para tanto, Coutinho já
contava com o apoio de Gervásio Maia, que deve assumir a Presidência do PMDB
logo após encerrado o mandato de Manoel Jr.
RC conseguiu o apoio de Maia ao
colocar em andamento uma operação que envolveu a Presidência da Assembleia, que
será ocupada pelo peemedebista no segundo biênio do atual governo, o que
significa aumentar e valorizar o peso do PMDB na configuração de uma aliança
que deve se efetivar em 2016 e se consolidar em 2018.
O passo seguinte deve ser
a ocupação de mais espaços no governo, quando chegará a hora de acomodar o
senador José Maranhão, outra peça-chave do PMDB pessoense. A presença de
Maranhão no primeiro escalão do governo é inexistente.
O espaço vazio
deixado pelo PMDB
Quando isso finalmente acontecer, RC completará o cerco ao PMDB, iniciado
ainda nos primeiros meses de 2014, quando a candidatura de Cássio Cunha Lima já
se configurava como um fato consumado.
O esforço de aproximação com o maior e
mais organizado partido da Paraíba promovido por RC tinha por objetivo ocupar o
imenso espaço vazio que reinava, e ainda reina, nas áreas de influência
peemedebistas.
Sem lideranças capazes de unificar o partido, dando-lhe
expectativa de poder, o PMDB paraibano experimentou na última eleição e pela
primeira vez na Paraíba um divisionismo bastante comum aos partidos que vivem
na periferia do poder.
Nem o lançamento da candidatura de Veneziano Vital foi
capaz de promover a unidade interna peemedebista para as disputas de 2014.
Muito pelo contrário. A tendência pró-Cássio do PMDB, liderada pelo deputado
federal Manoel Jr., associada ao PT de Luciano Cartaxo, que fez um
surpreendente movimento em direção à candidatura do até então adversário,
Ricardo Coutinho, às vésperas das convenções partidárias de 2014, enterraram de
vez o projeto de Veneziano Vital.
Foi a candidatura de José Maranhão ao Senado que salvou o PMDB
paraibano do esfacelamento, mas não impediu que o partido antecipasse o seu
destino de se tornar força secundária na política paraibana, papel que Cássio
Cunha Lima já assumira em 2010.
Incapaz de enxergar o papel que lhe estava
reservado, Cássio, seduzido pelo oba-oba do oposicionismo paraibano, ao
lançar-se candidato em 2014, permitiu que fosse revelado por inteiro seu
tamanho – grande ainda, mas em franca decadência – e o de suas fragilidades.
É
provável que, em 2018, Cunha Lima volte a assumir o papel de linha auxiliar
para viabilizar sua reeleição para o Senado. Mas, Cássio Cunha Lima é um
capítulo à parte que será tratado em breve. Finalizemos com o PMDB.
É nesse espólio que o governador Ricardo Coutinho está de olho. RC
sabe que, sem ninguém hoje capaz de liderar um projeto de poder que reunifique
o partido e lhe dê perspectivas, o PMDB, ainda uma das importantes forças da
política paraibana, tende a se vincular nas próximas duas eleições a um dos
campos em disputa.
A decadência do cassismo pode empurrar o PT para o campo da
oposição em caso de nova vitória em João Pessoa e torna-lo um polo aglutinador
e alternativo ao ricardismo. Esse é o motivo pelo qual PMDB, que adora esse
papel em qualquer lugar do país, é hoje tratado como noiva por Ricardo
Coutinho. Para inquietação e apreensão dos petistas.
Cartaxo tem de aprender a jogar xadrez urgentemente.
Anísio X
Charliton
Coube ao presidente do PT, Charliton Machado a tarefa de
desautorizar o deputado estadual Anísio Maia, em nome da direção estadual do
partido. Em nota e em entrevistas, Charliton disse que a atitude de Anísio não
expressa a posição do PT na Paraíba. “Somos aliados ao PSB e participamos do
governo”, enfatizou ele.
Anísio Maia, por sua vez, estranhou a posição da
direção do PT. Segundo Maia, Charliton cobrar dos parlamentares petistas que estes
sejam “incoerentes e alheios aos questionamentos da sociedade.” Anísio disse
ainda que “votaria a favor de qualquer CPI ou cobrança de transparência.” Vamos
anotar essa para conferir no futuro.
O deputado petista só esquece dois detalhes que, em política, não
podem ser desprezados: 1) existe uma investigação em andamento realizada pelo
Ministério Público e pelo TRE para apurar o uso eleitoral do programa
Empreender nas últimas eleições, investigações que tem se mostrado muito mais
efetivas e eficazes que as de qualquer CPI; 2) CPI é em geral instrumento político
da oposição para desgastar o governo. 3) quando um deputado governista assina
uma CPI, ou está dando um recado ou quer ir para a oposição.
* Publicado no Jornal da Paraíba de 23/04/2015
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