terça-feira, 9 de março de 2010

VENEZIANO FICA OU SAI?

Independente de qualquer pesquisa, e qualquer que seja a avaliação, o fato é que, viabilizado o quadro eleitoral sem a presença na disputa do prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, teremos mais uma acirrada disputa para o governo. Não escondo com isso que essa avaliação ajuda, sem dúvida, a reforçar a idéia de que a presença de Veneziano na chapa maranhista ao governo é, com perdão do trocadilho involuntário, vital. Há seis meses da eleição, o dado mais relevante que qualquer observador mais isento da cena política paraibana não deixa de perceber é que, consolidado esse quadro, como já disse, teremos uma disputa acirrada quando outubro chegar. E que Campina Grande será mais uma vez decisiva.

Olhando estritamente para o objetivo de ser candidato a governador em 2014, objetivo que, caso José Maranhão não tivesse assumido o governo é provável que já estivesse em plena realização atualmente, já que Veneziano se tornaria o candidato natural do PMDB, acredito que a pergunta que deve orientar a decisão do jovem prefeito campinense é a seguinte: em 2014, é melhor ser candidato ao governo no cargo de governador ou, do contrário, enfrentar uma disputa eleitoral contra um candidato à reeleição em pleno exercício do cargo?

A primeira hipótese considera o fato mais do que previsível de que, caso eleito na condição de vice na chapa do atual governador agora em 2010, Veneziano assumiria o cargo com a renúncia de José Maranhão para se candidatar ao Senado e encerrar como um vitorioso sua carreira política; a segunda hipótese considera o fato de, vitorioso Ricardo Coutinho em 2010, o objetivo de Veneziano de se eleger governador em 2014 estaria pesadamente comprometido, seja porque, no momento, o prefeito continua ainda sem perspectivas de ter um candidato com viabilidade suficiente para permitir-lhe almejar fazer o seu sucessor, problema que seria agravado, considerando a hipótese da derrota maranhista em 2010, pela ausência da máquina estadual pára ajudá-lo nessa empreitada, o que o fragilizaria ainda mais.

É bom lembrar que a vitória de Ricardo Coutinho abriria o caminho de volta para ele refazer os laços políticos com o PT, já que, visto pelo olhar de hoje, Coutinho ainda mantém firme a idéia de apoiar Dilma Roussef para presidente. Essa será a senha que muitos petistas utilizarão para desembarcar da nau peemedebista em caso de derrota, inclusive os petistas mais adorados hoje pelo irmão do prefeito de Campina Grande.

Ao argumentar isso não estou sendo simplista a ponto de afirmar que a decisão de Veneziano Vital de anunciar sua saída ou sua permanência da prefeitura de Campina Grande, decidirá as eleições de 2010 na Paraíba. Mas, ela trará importantes conseqüências para a montagem dos palanques num momento decisivo da disputa. Em termos práticos, não se pode omitir o fato de que foi criada uma expectativa tal por conta da decisão do prefeito que, qualquer que seja ela, a leitura necessariamente passará seja pelo fortalecimento – em caso do anúncio de afastamento da prefeitura - ou enfraquecimento da candidatura de José Maranhão – em caso da permanência no cargo.


Por um motivo simples: José Maranhão continuará sem solução eleitoral para a região que foi o principal motivo das duas últimas derrotas do PMDB: a região da Borborema, especialmente Campina Grande, problema que, inquestionavelmente, seria resolvido caso Veneziano Vital aceitasse participar da chapa na condição de vice, o que criaria imensa expectativa de poder em torno de mais um campinense com possibilidades de assumir mais uma vez o Governo do Estado.
E não imagino que esse problema pode ser contornado com outro nome de Campina na chapa, a exemplo do deputado federal Vital do Rego Filho, que tem tido uma atuação brilhante como deputado federal.

Apesar de irmãos, os dois tem reconhecidamente modos distintos de fazer política – isso visto exclusivamente no âmbito do manuseio das palavras, pois conheço muito pouco os dois para afirmar algo diferente, - o que implica em algo que torna Veneziano, em termos políticos, tão sedutor e agregador, enquanto “Vitalzinho” passa a idéia de querer, a todo custo, projetar-se além do espaço que ele já ocupou - no vácuo do crescimento do irmão, é verdade, - para assegurar para si o que todos tem como espaço que pertence a Veneziano, espaço conquistado a duras penas - ao lado do irmão, também é verdade.

Resumindo de maneira simples: Veneziano Vital é Veneziano Vital, Vital do Rego Filho é Vital do Rego Filho. Mesmo irmãos, eles não são nem de longe, eleitoralmente falando, a mesma pessoal. Acompanhe abaixo o desempenho do atuante deputado federal do PMDB, Vital do Rego Filho, antes do irmão Veneziano assumir a Prefeitura de Campina Grande:

Nos quadros acima, privilegiou-se o desempenho dos candidatos antes da ascensão de Veneziano à condição de Prefeito, ou seja, em disputas sem o apoio da administração municipal, que é onde o potencial dos candidatos melhor se revela. Pois bem. Em três eleições seguidas, Vital do Rego Filho alcançou e estacionou em pouco mais de 7% dos votos válidos, incluindo uma disputa para prefeito na qual obteve 7,3%, o que indica que Vitalzinho na sua trajetória conseguiu conquistar e manter apenas um nincho eleitoral, o que, se foi o suficiente para compor uma base importante para sucessivas eleições de deputado estadual, o impediu de alçar vôos mais ousados.

Por outro lado, o desempenho de Veneziano foi ascendente a cada eleição da qual participou. Na primeira eleição, em 1996, conseguiu uma votação pouco expressiva que o deu apenas a ante-penúltima colocação entre os eleitos. Quatro anos depois, Veneziano, beneficiado pelo acordo de Cozete Barbosa e do PT com os Cunha Lima na eleição para prefeito, o que o tornou o principal nome da oposição, consegue figurar entre os 5 mais votados, tendo menos votos apenas que os candidatos mais próximos ao grupo Cunha Lima, mesmo fazendo parte de uma coligação esvaziada eleitoralmente.

Dois anos depois, Veneziano se lança candidato a deputado federal e abocanha quase 13% dos votos dos campinenses, numa disputa acirrada e sem a estrutura necessária, resultado que certamente deu a projeção necessária para disputar com chances a Prefeitura de Campina Grande e que o solidificou definitivamente como a liderança que faltava para colocar em xeque a hegemonia da família Cunha Lima, o que viria a se confirmar 2 anos depois, numa campanha para prefeito cuja simbologia remete à conhecida passagem bíblica da luta entre Davi e Golias, pois Vené, como carinhosamente passou a ser chamado pelo povo campinense, enfrentou uma furiosa máquina estadual montada na própria cidade para derrotá-lo, o que só deu ares de epopéia àquela vitória que foi comemorada em toda a Paraíba.

Se em Campina Grande, metade do eleitorado ainda o vê com os olhos embebidos pela paixão política como uma liderança de carne e osso, no restante do estado uma parte considerável do eleitorado enxerga Veneziano ainda como uma espécie de mito. O mito que reuniu exércitos e derrubou a mais importante cidadela da família Cunha Lima que, por 20 anos, manteve-a intocada.

É esse mito intocado ainda pela derrota que pode se colocado por terra caso Veneziano se aferre à opção mais cômoda - mas também a mais perigosa para o seu futuro - que seria a de permanecer na prefeitura de Campina Grande para concluir o seu mandato. Mais perigosa porque ele estaria ajudando, diante de uma possível derrota maranhista, ao projeto daquele que deverá ser seu adversário mais poderoso no futuro, um adversário capaz de ocupar, com sua ascensão, um espaço que Veneziano lutou muito para conquistar interior afora.

Anunciando sua saída, por outro lado, Veneziano promoverá uma irresistível expectativa de vitória de José Maranhão que, somadas às vantagens que o atual governador dispõe, tornará isso quase um fato consumado, o que também o tornará, em consequencia, um nome quase imbatível para 2014.


A derrota, especialmente na política, pode vir de várias maneiras, mas a mais dolorosa delas é quando perdemos por falta de ousadia.

4 comentários:

  1. Veneziano ainda é jovem. Precisa ousar, enfrentar o futuro. Ele é bom nisso. Será, com certeza, o futuro governador. Deve por as barbas de molho quanto ao Major Fábio que, indubitavelmente (pelo menos para mim), será o candidato a Governador em 2014. Mas o futuro o dirá. No momento, é ser candidato a vice-governador para que Maranhão se mantenha no Poder.

    Marcelo
    João Pessoa-PB

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  2. É uma vergonha minha paraiba expressar uma porcentagem tão alta para esse tal de Cássio. um homem que nada deixa para os Paraibanos, corrupto, como posso sonhar com um mundo melhor para meus filhos??,se dentro de meu estado acontece isso. que vergonha!

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  3. VENE DEVE OUSAR, DIZ O BLOG DE LUIS TORRES (CASSISTA/RICARDISTA DECLARADO) QUE ELE TA COM GRANDES DIVIDAS COM OS QUE AJUDARAM ELE NA CAMPANHA, COM OS EMPRESTIMOS, MAS CONCORDO QUE ESSE HOMEM DEVE SER REALMENTE O VICE, E QUE O PT DEVE LANÇAR RODRIGO PRO SENADO, OU ALGUEM DE PESO PRA DERRUBAR EFRARUIN E A CORJA. A ANALISE QUE VC SEMPRE FAZ, FLAVIO É LUCIDA E COERENTE, E QUE É DIFERENTE DOS OUTROS BLOGS, SO ESSE E O DO DERCIO ANDAM EM PE DE IGUALDADE COM TANTA LUCIDEZ. PARABENS A VC.

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  4. Flávio, bom dia
    Eu estou visitando os blogs do nosso Estado e encontrei no blog SÓ PLÍTICA (wwwnapolitica.blogspot.com) uma informação segundo a qual o prefeito Veneziano vai, sim, permanecer na Prefeitura. Então, pela notícia, Vené vai dizer "EU FICO" ao governador José Maranhão.
    Se é verdade, não sei. Sei que está publicado

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