segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Candidatura de Luciano Agra sucumbiu às suas próprias limitações eleitorais


No início de setembro do ano passado, escrevi um artigo para uma coluna que mantinha no extinto e pouco longevo site pontocríticopb intitulado Candidatura de Luciano Agra no fio da navalha, ocasião em que analisei as dificuldades da candidatura do prefeito pessoense. Entre outras coisa, escrevi:

“Nesse momento, os esforços atuais do prefeito tem em vista não a campanha em si, que só estará na rua daqui a uns nove meses, mas a disputa interna dentro do partido do governador, cujo controle que este exerce sobre o PSB é inquestionável”

Entre os problemas que enfrentava Agra, identifiquei, além da relação pouco amistosa com a retórica, a ausência de um estilo próprio de governar. O resultado era um desempenho frágil nas pesquisas do atual prefeito, associado a índices expressivos dos principais adversários e peso pesados da política paraibana, Cícero Lucena e José Maranhão.

Diante de um quadro não muito alvissareiro para o projeto político do governador Ricardo Coutinho, cuja derrota no principal reduto político e maior colégio eleitoral do estado seria um sério golpe para suas pretensões de reeleição, colocava em risco a candidatura de Agra.

Em setembro do ano passado, Agra começava a colocar a campanha na rua

Sobre essa questão, escrevi ainda no mesmo artigo:


“(...) Caso esse quadro persista e na medida em que o ano avance para o seu fim, a possibilidade de Luciano Agra ser substituído não pode ser desprezada.”

“Porque essa disputa será encarada pelo governador Ricardo Coutinho como de vida ou morte para o seu projeto de reeleição em 2014. Sendo assim, Coutinho precisará de um candidato que se mostre capaz não apenas de encarar o pleito, mas de vencê-lo.”

(...)Por isso, o desafio de Luciano Agra é mostrar-se viável primeiro para o PSB, o que significa dizer, Ricardo Coutinho. Ou seja, ele precisa desesperadamente ganhar fôlego eleitoral para que a contestação ao seu nome dentro do PSB não chegue ao ponto de se tornar irreversível.”

Enfim, apesar de considerar a hipótese da renúncia à candidatura pouco provável de acontecer, já que em qualquer outra situação que envolvesse um outro prefeito no cargo desejoso de postular sua reeleição tornaria isso um fato quase que consumado, não me surpreendi com o anúncio da desistência. Talvez porque eu tenha subestimado o senso de resignação de Agra.

Seu argumento para justificar a desistência (dedicar-se à administração) não encontra guarida nos esforços recentes do prefeito para ter maior visibilidade. No início de janeiro, portanto, há apenas poucos dias atrás, o prefeito brindou seus concidadãos com uma série de entrevistas concedidas a diversas rádios em que falou da administração, polarizou com Cícero Lucena, colocando em andamento uma estratégia eleitoral que deve ter continuidade, e reafirmou sua candidatura. O prefeito era e desejava ser candidato, não tenho dúvidas.

E talvez tenham sido exatamente essas entrevistas a pá de cal na candidatura do prefeito. Apesar de uma melhora patente na retórica, Agra precisaria avançar muito ainda para não comprometer sua candidatura durante a campanha, especialmente nos debates. E foram eles que ajudaram a definir a eleição em 2010, pelo menos no primeiro turno.

E o prazo para que os esforços do prefeito pessoense impulsionar a candidatura tivessem efeito deve ter se encerrado depois que resultados de pesquisas qualitativas e quantitativas pousaram nas mãos do governador. E os resultados não devem ter agradado em nada a RC. E isso certamente definiu o futuro de Agra como candidato e desaguou no anúncio feito no último sábado.

Aposto em Estelisabel

Como soldado fiel e disciplinado, Luciano Agra abandonou seu projeto para que o projeto mais geral do PSB não fosse comprometido. A questão mais relevante agora é saber quem vai sucedê-lo como candidato. Apostaria todas as minhas fichas em Estelaisabel Bezerra, atual Secretária de Planejamento da Prefeitura.

Estlizabel: a escolhida?

Primeiro, por ser mulher, aspecto que começa a ganhar relevo nesse tipo de escolha depois da eleição da primeira mulher presidente; segundo, porque tem um discurso articulado; terceiro, porque, depois do vereador Bira, parece ser ela o quadro mais agregador do coletivo; e por último, mas não menos importante, é da estrita confiança tanto de RC quanto de Luciano Agra - acredito que Agra vai exercer pelo menos o poder de veto nessa escolha.

Essa definição deve ser anunciada com a maior brevidade possível, pois o tempo urge. E não será uma tarefa fácil construir do zero uma candidatura já no ano da eleição.

Mas que ninguém se engane: seja quem for, estará no segundo turno.

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