Luís Couto precisa de Ricardo. E vice-versa. |
Não acredito na plausibilidade dessa tese porque ela é conspiratória demais para o meu o gosto. Tudo bem que RC parece tomado uma espécie de megalomania política depois de sua heróica vitória em 2010, mas, convenhamos, o governador ainda não perdeu o senso da realidade.
Primeiro, RC deve reconhecer hoje que não está com essa bola toda para fechar uma chapa com dois membros de seu agrupamento político.
A mudança do candidato em pleno ano de eleição mostra bem o reconhecimento das grandes dificuldades que ele terá para manter o controle da prefeitura de João Pessoa, dificuldade em parte gerada pelo início cheio de conflitos e mudanças de rumos que seu governo provocou no plano estadual.
Além disso, RC precisa manter o máximo possível a unidade de sua base de apoio, especialmente porque deve enfrentar dois candidatos que, por enquanto, mantém boas expectativas de vitória e de poder.
Se essas expectativas forem mantidas, RC vai ter que “adular” mais seus aliados. Não é por outro motivo, a não ser vender mais caro o apoio mais à frente, que partidos dessa base encenam hoje o lançamento de candidaturas próprias.
Damião Feliciano, por exemplo, “libera” o PDT para debater essa possibilidade; Armando Abílio (epa!) aproveita o lançamento da candidatura de Nonato Bandeira para estabelecer mais do que laços, uma sólida ponte por onde pretende fazer o caminho de volta para o território ricardista e deixar na mão o vereador oposicionista Tavinho Santos.
Até o PPB, do indefectível governista Durval Ferreira, ensaia uma aliança com o PT, para certamente abandoná-la depois que o partido de Lula rejeitar o apoio a Daniela Ribeiro em Campina.
Enfim, as dificuldade atuais de RC encorajam os aliados a desembainharem a faca e aponta-la para o pescoço do governador. Nada que uma boa conversa não resolva – Sargento Dênis, do PV, que assinou manifesto de apoio ao defenestrado Luciano Agra, que o diga.
Enfim, todos buscam mais espaços, coisa que RC tem de sobra para oferecer tendo o governo do estado e a Prefeitura nas mãos. E é essa a linguagem que a maioria dos partidos na Paraíba quer finalmente ouvir sair da boca do governador. 2112 vai ser uma festa!
E que ninguém subestime o poder de atração dos cargos que podem estar à disposição de potenciais aliados. Como dizia ACM, o poder é “afrodisíaco”.
É só lembrar, por exemplo, a coligação de 14 partidos que a frágil candidatura do hoje deputado federal, Ruy Carneiro, a prefeito de João Pessoa em 2004, candidatura que contava com o apoio, como conta hoje Estelizabel Bezerra, do então governador (Cássio Cunha Lima) e do então prefeito (Cícero Lucena). Carneiro montou uma aliança em seu apoio, que incluía PSDB, PFL (hoje Dem), PDT, PTB, PL (hoje PR), PP, PV, PSL, PRP, PTN, PTdoB, PRTB, PRONA, e PTC.
Não é surpresa, mas vale o registro quase folclórico, que na lista acima, à exceção do PSDB, todos os outros devem apoiar a candidata de RC em 2012 e, em caso de eleição de um candidato de oposição, seja quem for, em menos de três meses estarão todos eles nos braços do eleito. É esse o jogo que todos dominam perfeitamente, especialmente Maranhão, Lucena e Coutinho.
O PT de RC
Entretanto, o único partido que não será seduzido apenas com a oferta de cargos será o PT – partido que, aliás, já conta com uma infinidade deles na Prefeitura, em posição periférica, é verdade.
Envolvido numa disputa interna para lançar candidato ou apoiar Estelizabel Bezerra, Luís Couto e seus aliados dentro do PT precisam mais do que um discurso de apoio à continuidade da administração do PSB, aliado nacional histórico.
Não dá para Luís Couto confrontar a proposta de candidatura própria, que tem a simpatia da ampla maioria dos filiados petistas, com uma simples definição de apoio. O PT precisa de mais, para neutralizar o discurso da volta do"protagonismo petista" na Paraíba.
Não é só por isso. A favor da candidatura própria existe um poderoso grupo que pode confrontar de igual para igual a influência de Luís Couto e das máquinas estadual e municipal, especialmente porque conta com a simpatia da direção nacional do PT.
Eduardo Campos, governador de Pernambuco: aliança com PT ou PSDB em 2014? |
É esse fato que oferece, por enquanto, força interna ao grupo liderado pelo ex-deputado estadual e atual presidente do PT na Paraíba, Rodrigo Soares. E isso só será definitivamente resolvido até o fim de 2013. Mas, isso é assunto para depois. Por enquanto, mantenhamos o foco na eleição para Prefeitura de João Pessoa.
Como RC precisa do apoio do PT ainda no primeiro turno – primeiro para eliminar a candidatura do seu ex-líder na Câmara de Vereadores, Luciano Cartaxo, e, segundo, para obter o apoio simbólico do PT e contar com o tempo de TV do partido ,– o governador precisa ajudar Luís Couto nessa disputa interna, e não atrapalhar, como aconteceu em 2009, quando, desesperado pelo apoio de Cassio, colocou em segundo plano a disputa interna no PT.
Para tanto, se quiser mesmo contar de maneira séria com o apoio do partido de Lula, RC vai ter que abrir mais espaço para o PT na chapa, na atual e na futura administração. Diante dessa realidade, Luís Couto terá um discurso para fazer vencer a tese de apoio à aliança como PSB, além do apoio da máquina administrativa da prefeitura e do governo do estado.
Sem isso, dificilmente RC contará com o apoio do PT. Pelo contrário, terá um candidato do partido ávido por derrota-lo em João Pessoa.
Mais ainda. Acredito que a intenção atual de RC é estreitar os laços com o PT já de olho em 2014, quando espera ter o partido também em sua chapa, provavelmente com Luiz Couto candidato ao Senado, e em apoio à reeleição de Dilma Rousseff. E, anotem aí, terá se Eduardo Campos figurar na vice na chapa de reeleição da presidente.
Essa travessia começa agora. Por isso, RC deve oferecer a vaga de vice ao PT. E tem que ser logo. Março, quando o PT decide sua posição, já está aí.
Blog do Professor Tim
ResponderExcluirCapital cujo nome relembra principal protagonista da Revolução de 30, João Pessoa pode unir dois importantes partidos da esquerda tradicional (PSB e PT), em torno da chapa Ricardo Coutinho e deputado federal Luiz Couto -ativista dos direitos humanos e da Igreja Católica popular e libertadora.
Saudações,
Blog do Professor Tim ou timraimundo.blogspot.com